Capítulo 50

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   Enquanto eu escovava meus dentes a frente do espelho, meus pensamentos voavam até às palavras de Pedro. Eu não tinha mais o que pensar, a verdade é que os meus planos de descobrir o que realmente estava acontecendo com Pedro não foram cancelados. Ele me disse, na verdade me certificou de que, seja lá o que está acontecendo, não é perigoso. Mas se não fosse por qual motivo, razão ou circunstância ele não queria me dizer? Ele também disse que isso envolvia a mim, não diretamente, mas envolvia. Como ele podia achar que eu simplesmente iria me contentar com tão pouco? Ele me deixou ainda mais curiosa, não podia simplesmente agir como se não estivesse.  Então, eu iria traçar um plano para descobrir o que realmente estava acontecendo. Eu sabia como? Não, eu não tinha a mínima ideia. Mas iria conseguir. Esse assunto estava consumindo todos os meus pensamentos e me tirou o sono, era por isso que estava aqui penteando meus cabelos e quase ficando careca.

  Me lembrei por fim, de algo que me roubou um breve mas longo sorriso. O beijo que descaradamente roubei de Pedro. Assim que essa cena passou pela minha cabeça, me dei um belo tapa na cara, digno de auto pena. Confessava ser a menina mais patética de todo o mundo, mas tinha que me controlar. Respiro fundo. Todas as vezes na qual eu me lembrava, parecia que meus estômago embrulhava  e sentia algo estranho, e minhas mãos ficavam soando e eu gostaria de dizer algo em voz alta o suficiente para afastar a tensão. Como agora. Ele queria me beijar mais uma vez na casa dele. Era por vontade própria ou para fugir do assunto no qual estávamos? O que mudou agora? Nada? Eu estou pensando demais?  Hoje o meu relacionamento com Pedro foi de Amor a ódio, e de ódio a calma. E de calma a ... Bem, estamos analisando a situação ainda.

Me jogo pra trás encarando o teto. As coisas estavam confusas demais e eu odiava não saber organizar tudo correto em pastas na minha cabeça. Meu leve mas significativo grau de ansiedade me faz querer estar sobre o controle de tudo, mas eu nunca fui muito boa nisso. No que eu era boa? Isso me fazia pensar,  qual faculdade iria me candidatar? Melhor, qual faculdade iria me aceitar? Ahhhh. Socorro.

  Me levando da cama resolvendo ir comer algo. Abrindo a porta e passando com rapidez pelo corredor para não acordar minha mãe que em algumas horas voltaria para o plantão. Assim que chego a sala, agarro a pilha de livros os organizando em cima da mesinha de centro, o tédio tende a nos fazer agir de forma aleatória. Vou até a cozinha e levo um susto assim que me deparo com Pedro fazendo o que seria, um sanduíche.

   Ele ergue seus olhos me notando ali, erguendo levemente as sombrancelha.

— Você não devia estar dormindo?- ele passa uma mão sobre a outra tirando o farelo dos pães.

— Estava com fome.

Digo já pensando em voltar pro quarto. Por quanto tempo mais iria fugir? Não sei. Mas iria. Movo meu corpo com cuidado, apenas balançando a cabeça e dando as costas. Sigo pela sala desarrumando os livros que arrumei, sabendo agora que Pedro provavelmente estava estudando. Volto a seguir caminho, mas levo um pequeno susto quando Pedro segura minha mão.  Ah droga. Me viro com cuidando na maior cara de tapada, podia sentir isso. Pedro me puxa pra sentar e eu mais confusa que Cat valentine, engulo em seco.

  
— Você vai ficar fugindo de mim? - ele questiona pegando um livro, abrindo o mesmo.

— Não estou fugindo.

Eu estava fugindo.

— Você vivia correndo atrás de mim. - diz ele com o foco em seu livro, escondendo um sorriso, da forma forma mais convencida na qual eu já havia visto.

— Eu não corria atrás de você! - sou óbvia.

— Você está com fome não é? - ele me entrega seu prato com o sanduíche e e me olha - Me faz companhia.

— Eu não corria atrás de você e não, não vou te fazer companhia.- sou clara. - Convencido.

— Você que está levando pro lado errado Sol. Você sempre dizia que queria ser minha amiga, você corria atrás de mim sim. - ele se faz de sonso balançando a cabeça - Vai dizer que estou mentindo?

— Patético! - reviro os olhos.

— Vamos, coma. - ele indica o sanduíche- Por favor.

   Me jogo no sofá não olhando pro mesmo, mordendo o sanduíche. Eu estava emburrada, mas não realmente brava. Estava na verdade envergonhada já que na verdade ele estava certo e eu que cai na sua pegadinha. Safado. Me deixar constrangida era algo no qual ele se mostrou bom em fazer. Idiota. Estava encolhida de frente para ele. Terminei o sanduíche em poucos minutos. Ele se manteve focado no livro, anotando coisas sem parar. Nunca vi usar tantos post it , mas ele fazia exatamente o que eu não fazia. Estudar. Isso me lembrava que eu preciso de boas notas, e como sempre, mesmo sabendo disso, não movia um músculo para o fazer acontecer.

  Peguei uma revista qualquer e fiquei sentada ali. Eu realmente fiquei lhe fazendo companhia, já que se ele realmente não quisesse, teria falado. Né? Ou não? Aish! De qualquer forma, eu fiquei ali. Encolhida. Passou longos minutos, e eu até comecei a ficar com sono. Mas lutei muito pra ficar com meus olhos abertos. Muito mesmo. Sentei com as pernas cruzadas em cima do sofá e olhei para Pedro que continuava tranquilo.

— Você não está cansado? Já são...- olho para o relógio e abro os olhos -... Duas da manhã!

— Eu Dormi assim que chegamos.- ele ergue os olhos para mim - você quer ir dormir?

— Não, tô bem. - minto agarrando a revista, segurando um bocejo.

     Ele voltou a estudar e eu voltei a ler a revista. A verdade é que eu a cada vez que piscava, meus olhos ficavam cada vez mais pesados. Até o momento em que eu cochilei e  quase caí,  acordei assustada olhando a minha volta, vendo Pedro com as duas mãos em meus ombros, me encarando com um sorriso no rosto.

— Melhor você ir dormir. - ele diz soltando uma risada.

  Abri meus olhos ignorando a minha aparente vergonha e notando o quão grandioso era aquele sorriso, e aquele som. O motivo era simplesmente eu, mas eu realmente não me importei. Foi a primeira vez que ouvi a risada verdadeira de Pedro. E era algo inédito. 

   Pedro balança os dedos na minha frente e eu logo acordo mais uma vez. Será que ainda estava sonhando?

— Sol?

— Que?- ergo as sombrancelhas. - Ah não, não. Tô bem. Vou ficar acordada.

— Vem cá. - ele pega uma almofada pondo em seu colo, me puxando e me deitando ali.

   Pisquei ainda meio confusa. Pedro balançou a cabeça ainda sorrindo e voltou a ler seu livro. Me ajeito de forma confortável e não demorou muito pra mim dormir.



































 

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