Capítulo 62

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Meus olhos estavam em meu corpo no espelho. Minha mãe me disse quando acordei hoje de manhã, que marcas contam nossas histórias. Problemas são histórias para contar, dores para se aprender e verdades devem ser ditas. Se marcas são histórias, deveria valorizar as minhas, acima de tudo me valorizar. Era isso no qual eu passei tanto tempo pensando, cada minuto antes dormir, e cada segundo de insônia no meio da noite. A febre em meu corpo me fez delirar e ter péssimos pesadelos, mas acordei mais disposta do que pensei que estaria. Não um dos dias mais prediletos de toda minha vida. Na verdade, meu coração estava completamente aflito ao pensar nas coisas em que eu estava prestes a fazer.

Minha mãe me pergunto mil vezes antes de sair, se eu conseguiria ficar mesmo sozinha, mas a verdade era que o desejo da mesma era me manter completamente e absolutamente trancada. Ela ainda estava estranha. Podia ver sua consciência pesada através de seus olhos tristes e murchos. Não conversamos direito sobre o assunto Pedro, não falamos sobre nada que envolvesse a confusão de ontem. E em tese seria bom. Mas eu sabia que haviam coisas que precisavam ser ditas. E mesmo que eu quisesse fugir, a verdade sempre nos alcança. Era o meu medo. Minha mãe me deixou ao olhos da Sra. Goldenberg, uma viúva simpática e tinha vários cachorros. Assim que terminei os degraus da escada, a senhora estava cochilando no sofá e eu sequer dei muita importância, porém ela acordou. Dizer que precisava sair pra comprar absorvente a fez ficar mais calma. Minha mãe colocou medo na senhora.

O caminho até a parque foi lento. Nos encontraríamos no píer, e mesmo que eu já estivesse atrasada, sinceramente lutava contra as forças que me pediam para ir pra casa. Passei a noite toda pensando nas possibilidades de tudo o que Pedro me diria. Cogitando todas as histórias. Pensando em como deveria agir. Tentando me manter firme em minha decisão pois, independente de qualquer coisa, deveria pensar em mim. Apenas em mim. Minha respiração já não era mais normal. Ele estava de pé, com as mãos no bolso da calça enquanto seus olhos estavam fixos no lago. A água parada refletia o céu. O sol que surgia entre as nuvens e as copas das árvores. Estávamos sozinhos ali.

A cada passo no qual eu me aproximava, meu coração palpitava cada vez mais forte. Ele estava bem, uma de minhas preocupação deixou meu coração. Fiquei ao seu lado. Minhas mãos estava no bolso do moletom, olhando para o mesmo ponto que ele.

- Pensei que não viria.- ele diz baixo.

- Acredite, a pouco não vim. - olho para meus pés e logo me viro de frente para ele. - Você disse que iria me contar o que aconteceu.

Pedro me olhou fixamente nos olhos. O que para mim era algo completamente constrangedor, se tornou um ponto de capitação. Onde eu buscava absorver qualquer traço dele. Nunca deixei de dizer o quão Pedro era bonito, mas o seu interior foi algo no qual me machucou de forma tão dura.

Pedro chamou minha atenção estendendo suas mãos, me indicando o objeto. Analisei bem suas mãos para ver se era aquilo mesmo e ri balançando a cabeça.

- Um Pen drive? Você está brincando comigo Pedro?- estava brava - Você não consegue me explicar ?

- Quero que você entenda!

- Então me mostra! - bato em sua mão com força, fazendo o objeto cair no chão um pouco longe de nós - Me dá uma explicação real pela qual você mereça ser compreendido!

Pedro baixou o rosto buscando paciência, parecendo perdido em suas palavras mas eu não queria ouvir desculpas, queria a verdade.

- Você conseguiu mentir pra mim, me enganou duas vezes. Te perguntei se, o que você estava fazendo era perigoso e você me disse... Você me prometeu que não!- digo alto mostrando meu ressentimento - O que você pode me dizer que fará com que tudo isso justifique seus atos?

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