Capítulo 47

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   Me encontrava abraçada ao meu travesseiro. Eu não devia estar sequer pensando em Pedro, mas eu estava . A verdade mesmo é que, mesmo que eu me esforçasse o máximo, não conseguia tirar da cabeça que Pedro estava mentindo, que havia algo muito sério acontecendo e que por algum motivo, Sarah estava envolvida. Eu não sabia se o que eu sentia era raiva ou ressentimento. Mas do meu ponto de vista geral, me sentia idiota por ainda me importar com isso já que Pedro deixou claro que não é de minha conta. Ele me jogou de escanteio, simplesmente me deixou de lado sem saber de nada. E eu merecia no mínimo uma explicação. Queria que ele me contasse o que realmente estava acontecendo.

  Minha mãe voltou de um plantão completamente cansada. E antes dela ter chegado, meu coração estava acelerado e eu buscava em minha mente uma forma simples de contar pra ela tudo que estava acontecendo. Podia me abrir com Sammy também. Estava tão ansiosa e pensava tanto na forma na qual as duas perdoariam reagir, que eu desisti antes mesmo de tentar. Conseguia ver minha mãe preocupada e chateada com Pedro, acima de tudo chateada por sido a última a saber.  Sammy decepcionada por não ter te contado antes e ter a enganado. Minha vida para meus pais sempre foi um livro completamente aberto. Nunca escondi nada de minha mãe, e Sammy é minha irmã. Ainda tinha meu pai. Céus eu simplesmente estava ficando louca.

  Pedro era um idiota ele   tinha uma enorme parcela de culpa por essa situação, mas acima de tudo eu. Eu deveria me posicionar contra desde o início. Eu nunca, nunca mais iria me envolver em algo desse nível. Isso destruiu a minha saúde mental. Eu agia como se tudo estivesse bem, sendo paciente com Pedro, enquanto na verdade tudo dentro de mim estava um caos.  Eu sempre usei a frase do pequeno príncipe como mantra, aquela que diz que em todo deserto a um poço. Tentei insistir em Pedro e achar algum resquício de água, acabei me contentando com pouca chuva e me decepcionei. No fim das contas, Pedro me mostrou outro ensinamento do livro. Aquela parte em que diz que não devemos exigir das pessoas mais do que elas podem dar. Isso causa desapontamento, ninguém é obrigado a suprir nossas expectativas.

  —  Solara, tá na hora de ir pra escola. - ouço a voz de minha mãe e logo fecho os olhos.

  Fingir estar cansada pareceu não ser tão difícil hoje. Eu não dormi a noite toda. Estava sentindo um leve enjôo desde ontem. Não tinha febre, não estava doente. Mas fingiria que sim. Sinto  a aproximação da velha e logo tusso de leve, minha tática era sempre péssima. Esqueci que não deveria fazer as mesmas coisas de sempre.

—  Você sabe que é péssima nisso né? - ela deita ao meu lado e eu logo escondo um sorriso, abrindo meus olhos - Pedro te chamou hoje de manhã, posso saber por que não foi com ele?

—  Estava com sono, eu realmente sequer ouvi. - encolhi os ombros não mentindo - Vou de ônibus.

—  Você dormiu bem essa noite? Tá com umas olheiras horríveis. - a senhora passa a mão por meu rosto.

—  Eu resolvi assistir um dorama. - suspiro me sentando, tirando o cobertor já que na verdade eu já estava trocada- Vou pegar minha bolsa.

— Seu pai ligou, queria falar com você mas a ligação caiu. Retorna pra ele. - ela sorri - Ele tava animado, pegou um ótimo caso e ganhou. Disse que tem uma surpresa pra você!

—  Ele ganhou? - abro um sorriso largo, era uma ótima notícia - Que bom mãe!

  
    Assim que descemos ela me acompanhou até a frente de casa e esperou que eu pegasse o ônibus. Isso foi simplesmente ótimo. Havia muito tempo em que ela não fazia isso e eu me senti um tanto mimada. Mas quando o ônibus se afastou de casa e se aproximava cada vez mais da escola, a minha animação ia diminuindo.

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