Capítulo 56

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   O ônibus estava lento , e notei que uma simples corrida até meu bairro estava durando o tempo de uma viagem. Foi até bom, podia pensar melhor. Analisei a situação na qual Pedro me chamou de infantil e mesmo que tentasse me convencer de que não era, começava a pensar que sim. Talvez tenha sido sim. A forma na qual a patricinha baixou a bola, como sua postura mudou quando citei o nome de Travis. Algo aparentemente mais grave de ter acontecido e eu posso ter agido de forma nada responsável.  Mas não podia me julgar de forma cruel. Certo que eu falei sem pensar sobre algo que pode ser grave, mas ela me provocou e eu só consegui me defender daquela forma. Nada justifica a garota ter me tratado de forma arrogante, assim como nada justifica a minha falta de paciência. Pensando bem, deixar ela falando sozinha seria algo bom. Mas a gente nunca pensa bem nessas situações.

Meus pensamentos voam até a garota que agora deve estar falando qualquer mentira ou fazendo um drama  para Pedro. Do jeito que ela me olhou com raiva, não faríamos as pazes tão cedo. E não era algo no qual eu gostaria muito de fazer. Porém me lembro de que Pedro importava. Eu queria saber se, mesmo brigando com o mesmo, ele iria continuar normalmente comigo. Me pegar pensando nisso, me fazia lembrar de que não esperava de Pedro um sorriso sequer, e agora, não gostava de pensar que ele não mais iria fazer. O que é patético analisando o fato de que, eu e ele nada temos. Nada com um rótulo mas...

  Bufo irritada. Não era o melhor momento pra mim pensar não, estava chateada demais por Pedro não ter ficado de meu lado. Sequer se preocupou em ouvir o que eu tinha a dizer. Me sentia uma criança, emburrada com um bico enorme.

  
  Assim que o ônibus parou eu desci. O caminho até em casa era um pouco longo, mas não iria dar a volta com o ônibus até ele parar em um ponto mais próximo. A bolsa em minhas costas estava pesada e eu estava com fome. As sacolas em minha mão quase me deixava arrependida de dizer para Sammy que iria guardar isso em casa. Pior do que andar com fome, é passar em frente de um lugar que tem um cheiro maravilhoso de comida. O carrinho de pipoca passava pelo parque, estava rodeado de crianças e eu queria que uma delas fosse eu. Mas não ter dinheiro é horrível.

   O peso em minha bolsa puxando levemente me deu um susto gigante. Me afastei rapidamente querendo entender o que estava acontecendo. A minha cara de interrogação estava óbvia, e do rapaz parado atrás de mim com um sorriso no rosto mais ainda. Agarrei firme as sacolas de Sammy atrás de mim, tentando disfarçar o meu óbvio medo de ser roubada. Observei bem o abusado desconhecido, tentando entender o motivo pelo qual ele puxou minha bolsa. Seu rosto não me era estranho. Tentei assimilar com o parente de algum conhecido, ou alguém no qual eu tenha feito amizade em um ponto de ônibus qualquer. Forcei minha memória, mas acho que notando meus dois pares de olhos desconfiados, ele resolver falar

— Oi Solara, não se lembra de mim? - ele sorri mostrando os dentes. Minha nossa, ele era lindo.

  Dizem que o medo cega a gente. A minha pessoa estava com medo a um minuto atrás, pois só agora que me caiu a fixa de que ser assaltada ou até sequestrada nesse momento não seria de todo mal.

— Desculpa, você não está me confundindo com outra pessoa?-  sorri sem graça.

— Não. Passei no colégio mais cedo, tive que voltar a cidade pra buscar uns documentos. Mas assim que conversei com o professor de matemática, ele me disse que algumas coisas não mudaram muito - o sorriso dele ela largo e as bolsas em baixo de seus olhos me eram conhecidas - Você continua péssima em matemática!

   Faço uma careta completamente sem entender nada. Mas em segundos depois, quando o rapaz mostrou o seu sorriso, quase caí para trás. Abri os olhos pondo as mãos na boca.

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