Capítulo 13

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Anabele corria o mais rápido que suas pernas podiam aguentar, adentrando no meio das altas plantações. Não tinha mais fôlego, mas não ousava parar. Não tinha ideia de até onde correria, ou como esperava escapar, mas sabia que não tinha esperanças ali.

Olhou de relance para trás, com medo do que veria. As plantações preenchiam seu campo de visão. Enquanto se esforçava para enxergar algo que não os altos pés de milho, tropeçou nos próprios pés e caiu com o rosto na terra. Virou-se rapidamente e agora, do chão, podia ver pedaços dentre as plantações do que deveria ser o céu. Mas não parecia. Que horas eram? Lembrava que ainda era dia quando vira o estranho fogo consumir sua casa. A mãe e Vincent haviam virado pequenos pedaços de gelo.

Lágrimas escorriam descontroladamente por seu rosto e ela não conseguia se mover. Vira então Henry gargalhando do outro lado das chamas e acenando para ela.

Desesperada, começara então a correr. Fugindo de tudo, para lugar nenhum. Não sabia por quanto tempo correra, mas não podia ser o sufi ciente para estar escuro daquela forma.

Agora sentia seus pés doerem, seus olhos arderem e via o céu escuro. Estava negro, como nunca antes havia visto.

Anabele sentia frio e percebia que tremia cada vez mais. Precisava levantar, correr, fugir para o mais longe que pudesse, mas estava congelada pelo frio e pelo medo. Começou a arrastar-se da forma como estava, com a ajuda das mãos e dos pés, mantendo os olhos de onde se afastava.

Ah, não! Tudo menos isso!

Ouvira o grito.

Estava zonza de terror.

Sentiu a presença do próprio caos se aproximando. Olhou para cima e viu a criatura mergulhando em sua direção.

Gritou.

Anabele acordou tremendo, ensopada de suor, com o coração batendo descompassadamente. Estivera gritando, percebeu, quando a porta de seu quarto foi aberta bruscamente. Vincent entrou correndo e abraçou-a imediatamente.

— Está tudo bem, Ane. Foi só um pesadelo. Só mais um.

Com o alívio imediato proporcionado pelo contato com o amigo, Anabele sentiu lágrimas encherem seus olhos. Não gostava, contudo, que a vissem chorar, e por isso tentou ignorar as lembranças da noite e recompor-se.

Inspirou longamente.

— Obrigada! — forçou-se a sorrir. — Que horas são?

— Quase cinco.

— E o que você está fazendo aqui tão cedo?

Vincent pegou uma das mãos de Anabele entre as suas e a beijou delicadamente.

Sombras do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora