Capítulo 43

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— Cuidado, guarda-costas!

Vincent rolou para o lado a tempo de evitar ser massacrado pelo Venom que caía pesadamente, atingido em um dos olhos pelo disparo de Davi.

— De nada — gritou ele sorrindo, o que irritou Vincent.

Ambos haviam se apresentado para ajudarem com a disposição dos explosivos, porém com a baixa significativa no número de soldados capazes de lutar, haviam recebido armas, munição, facas, serras e um colete cada um, em uma tentativa de conterem as criaturas enquanto o plano não fosse realizado.

Vincent atacava Venom atrás de Venoms, com uma arma em uma mão e um facão em outra, despedaçando-os o máximo possível antes de matá-los.

Davi mantinha-se por perto, tirando proveito de sua mira certeira, decorrente de treinamentos intensivos que fizera por puro prazer, para atingir os Venoms nos olhos.

Vincent aproximou-se, berrando:

— Não preciso da sua ajuda, seu filhinho de papai! Ninguém aqui precisa! Por que não volta para seu palácio encantando de onde não deveria ter saído?

Davi chegou bem perto e respondeu com a voz grave:

— Não gosto de você, guarda-costas e bem... O problema é você, não eu — o sorriso sarcástico enfeitava o rosto forte. — Só que gostaria que você se mantivesse vivo pela Anabele.

Davi percebeu a mudança na expressão de Vincent. Ele parecia prestes a chorar somente com a menção ao nome.

— Olha, não é o melhor momento ou lugar para termos essa conversa, mas por algum motivo que foge à minha capacidade de compreensão, ela o ama — o olhar de Vincent endureceu. — Não, não se empolgue. Ela ama nós dois de maneiras diferentes e acho que você sabe.

Vincent deu um passo a frente como se fosse bater em Davi, que não recuou.

— Ela nunca deu qualquer indício contrário a isso, Vincent — o sorriso desaparecera do rosto de Davi. — E eu posso imaginar como deve doer para você.

Vincent sustentou o olhar. O outro continuou:

— Passei as últimas horas pensando que a havia perdido. E a dor não era somente a de quem perde uma namorada, alguém de quem gosta... não. A dor era como se eu tivesse perdido todo o ar, como se eu respirasse, mas não encontrasse alívio para o que estava aqui dentro — Davi bateu no próprio peito. — Ter meus braços e pernas arrancados por um Venom não doeria tanto. Perder Anabele foi como perder meu coração — Davi respirou, controlando a própria voz que começava a dar sinais da emoção que sentia. — E eu sinto muito que você tenha que passar por isso. Sinto realmente. Mas se você puder aceitar que ela nunca fez nada para machucá-lo, e você bem sabe que ela não faz nada para machucar ninguém e aceitar a amizade que ela pode oferecer...

Os olhos de Vincent estavam vermelhos.

— E se você puder não chorar, guarda-costas, não sei consolar marmanjos do meu tamanho.

Vincent deu as costas a Davi e começou a caminhar em direção a um Venom que gritava, atacando um pequeno grupo de homens magros.

Davi preparava-se para xingá-lo pela má educação, quando o ouviu chamar:

— Davi, venha ver uma coisa!

Ele correu até onde Vincent estava parado.

— Vamos ficar assistindo a eles serem atacados? — perguntou secamente.

— Olhe onde estão acertando os tiros.

Davi estudou a cena por um momento. Enxugou o suor do rosto com as costas da mão.

Sombras do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora