Família

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POV Liana Romano 

Saltei do carro assim que chegamos na garagem, eu tentava falhamente conter o sangramento com a mão. 

- Lá no fundo tem umas coisas, acho que dá pra gente costurar - Ramon diz e eu assinto cokm a cabeça. 

Luca caminha em direção ao bunker junto comigo, o tempo todo me olhando como se eu fosse desfalecer e cair durinha no chão. Chegamos no bunker e Lucas me ergueu para sentar uma mesa de inox em uma sala mais no fundo. Ficou de frente para mim enquanto tirava a minha jaqueta. É muito errado, eu sei, afinal eu estava sangrando, mas isso foi a coisa mais sensual que já vi. Ramon pegou uma caixa branca em um armario no canto e voltou para onde estávamos despejando tudo o que tinha dentro da caixa em cima da mesa. 

Pude ver que haviam muita seringas, agulhas, um enrolado de nylon preto, alcool e alguns vidros de medicamentos. 

- Você vai conseguir fazer isso? - pergunto - Só não faço eu mesma porque eu precisaria das duas mãos para isso. - digo querendo rir. 

- Pode rir o quanto quiser, bonequinha mas você depende de mim, Luca vai te dar apoio moral. - diz me fazendo dar risada e olhar para Luca que me olha com uma expressão divertida. 

Ramon se embola ao tentar atrelar á agulha ao fio sem sucesso, eu e Luca rimos de seu pequeno desespero e Luca se ofereceu para fazer o enorme trabalho. 

- Você quer anestesia? - Ramon perguntou e eu vi que era chegado á hora de ser costurada.

- Tem vodka em algum lugar por aqui? - perguntei e Luca foi até o corredor sumindo por ele. 

Ramon puxou meu braço e começou a limpar. Assim que o alcool bateu na ferida eu juro que consegui ver Deus na minha frente, que merda dolorida! Luca voltou com uma garrafa de vodka que fumaçava devido ao seu estado estupidamente gelado, abriu a mesma dando um gole e me oferecendo logo em seguida. Dei um logo gole e assim que senti a substância correr pelo meu sangue acenei para Ramon começar. 

Foram oito pontos muito doloridos que demoraram á ser finalizados, o braço de Luca estava com algumas manchas vermelhas porque ela foi a minha vitima durante a pequena operação. 

- Pelo o que eu li na internet daqui uns dez dias a gente tira isso aí. - Ramon diz olhando a tela do celular e eu começo a rir. 

- Se eu morrer é culpa sua! - digo e todos rimos. 

Luca me ajuda a descer da mesa pois eu não podia forçar o braço. Caminhamos conversando rindo enquanto Ramon dizia o quanto minha atuação tinha sido "foda". 

- É sério, Lia! - riu mais um pouco - Foi sensacional, você sabe que tipo, aquele território o Lorenzo que manda não é? - ele diz e eu o olho negando com a cabeça - Bom, mandava né, porque depois dessa acho difícil ele aparecer por lá. 

- Tenho que admitir que você me assustou. - Luca diz - Só um pouquinho. - faz o gesto com a mão e eu rio. 

- Vocês se cagaram, podem falar a verdade! - subo na varanda e viro para eles - A famosa Mercenária de Nova York! - digo erguendo a garrafa em tom de reverência e Ramon bate palmas rindo enquanto Luca gargalha. 

Entramos dentro de casa e encontramos Pietro na sala assistindo algo na televisão, Paola estava sentada no chão pintando as unhas da mão que me cegaram de tão vermelhas. 

- Apareceram as margaridas! - ela diz - Achei que só voltariam amanhã de manhã. - se levanta e me abraça. Eu realmente estava com saudade daquela vadia. 

- Chegamos há umas duas horas, por aí - Luca diz se sentando ao lado do pai, eles fazem um soquinho com as mãos e se cumprimentam - Estávamos no bunker até agora. 

- No bunker? - Pietro pergunta - Quem morreu dessa vez? 

- Graças á Deus não foi nenhum de nós. - Ramon diz e se senta ao lado de Paola no chão dando um beijo no topo de sua cabeça. 

- Luca quase me mata por pegar o carro dele. - digo e me sento no chão acompanhando o casal. - Por um segundo eu vi todo o meu funeral. - digo e todos riem. 

- Não acredito que Luca deixou você com o xodó dele! - Pietro diz rindo. 

- Ele não deixou não, Pietro - Ramon diz também rindo - Ela simplesmente entrou e dirigiu, até disputou um racha! 

- Um racha, dona Lia? - Paola debocha - Não sabia que era fora da lei á esse nível! - conclui e todos rimos. -

- Sabe que eu também não sabia desse meu lado aventureiro?! - digo me livrando das botas - Você chegou quando?

- Eram quase onze. - diz focando em suas unhas novamente.

Ficamos conversando por horas, Rosa nos trouxe cerveja e uma bandeja com muito queijo que me fez abracá-la fortemente, eu amo queijo! Pietro quase ficou bravo com a história do morto no racha, mas depois de Luca explicar ele entendeu completamente. Mas as perguntas de Ramon, Luca e Paola começaram á surgir e eu não me senti incomodada em responder tudo o que me era perguntado. 

- Mas como você se lembrou assim? - Paola perguntou - Foi tipo um flash? 

- Na verdade foi bem como um flash mesmo. - respondo - Não consigo me lembrar da maioria, mas casos sérios assim sempre me rondam á cabeça. - suspiro - Tive sorte por Hard me achar e cuidar de mim, eu poderia acabar em qualquer cabaré clandestino por aí. - digo finalizando minha cerveja, que já deveria ser a quinta.

- Mas, tipo. - Ramon se levanta e abra os braços me fazendo rir - A Mercenária Fodona de Nova York anda comigo! Vocês têm noção disso? - todos damos risada, incluindo Pietro - Se alguém me bater ela vai lá e mata a pessoa! - minha risada aumenta, efeitos da cerveja. 

- Eu adoraria fazer uma coleção só baseada em seu estilo, Lia! - Paola diz empolgada - Teria um nome bem chamativo, por exemplo - gesticula como se tivesse vislumbrando - Justiceira! 

- Justiceira é legal! Eu gosto - Luca diz gesticulando com a cerveja em sua mão. 

Á esta altura da noite, todos já sabiam o que eu verdadeiramente fazia, mesmo que não seja nada definido e eu já havia contado as histórias das minhas missões mais loucas. Eu me sentia bem com esses seres, verdadeiramente bem e em paz, é como se eu realmente pertencesse á este lugar, tudo estava como deveria estar. 

- Agora é sério seus putos! - digo chamando a atenção de todos - Eu nunca me senti tão feliz na vida. Não sei qual o meu papel nessa família, mas sei que eu deveria estar aqui e agora, vocês vão ter que me aturar por muito tempo - digo com a voz arrastada e Pietro se levanta erguendo sua garrafa para um brinde. 

- Á FAMÍLIA! - diz e nos batemos nossas garrafas. 

- Á FAMÍLIA! - falamos em uníssono. 

É, estou vivendo a vida que Hard não poderia me dar, e eu não poderia estar mais feliz. 

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Notas da autora: o que estão achando dos passos de Lia até aqui? Será que ela e Luca vão se acertar? Paola X Ramon é melhor que Lia X Luca? Votem por favor!!!!!!

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