POV Liana Romano
Sempre há um momento na vida em que nos vemos entre a cruz e a espada. No meu caso, eu sempre escolho a espada, pois apesar de não entender muito bem "eu carrego minha cruz todos os dias" segundo Hard. Mas não sei o que me levou à pegar um avião e embarcar diretamente para Florença.
E mesmo agora, diante do enorme portão de ferro, com uma mochila pequena, ainda não sei quais são as minha motivações. As cartas serviram apenas de incentivo, mas não me fizeram mudar minha opinião. Não sou crédula, na verdade, sou bem cética, mais do que eu gostaria. Então porque minha mente me forçou à entrar na cova dos leões mais uma vez?
Qual seria a reação da família Ricci? Repulsa? Surpresa? Indignação? Balanço a cabeça tentando dissipar as dúvidas e aperto o botão do interfone.
- Residência dos Ricci, bom dia. - James o chefe da guarda atendeu.
- Oi James... sou eu, Lia. - digo com receio.
- Ah meu Deus! Só um momento. - diz e a linha fica muda.
De duas uma. Ou James ficou muito feliz em me ver, ou ficou muito desesperado. Penso demais e acabo por concluir que nenhuma das duas opções seriam conclusivas para mim.
- Lia, sua entrada foi liberada. - o portão social destrava - Bem vinda! - diz e eu ergo a sombrancelhas em espanto.
Então quer dizer que a minha entrada estava proibida? Ou será que as coisas estão tão feias assim que estão tendo que monitorar à todos? Pois não me lembro de permissões para entrar nessa fortaleza, o que pra mim era uma piada nos dias em que morei aqui.
Empurro o portão e faço força para fechá-lo atrás de mim. Este ângulo é novo para mim, tendo em vista que sempre entrei e sai pela garagem e a única vez que vi esses portões foram no meu primeiro dia aqui. De onde estou é possível ver uma guarita da Guarda, um enorme caminho de pedras brancas e lisas e um gramado verde até demais e a julgar pelo cheiro, recém-aparados.
Começo à caminhar segurando firme a alça de uma das bolsas. Não estava me importando muito com o fato de que da mesma forma que fui embora sem me despedir, cheguei sem avisar. Subo as escadas acompanhadas pela enorme porta de madeira de madeira de carvalho ornamentada pelos vasos de gesso branco com os mesmos lírios e as mesmas peônias. Incrivelmente e estranhamente, tudo parece igual, só que um pouco mais... silencioso.
Ergo a mão para girar a maçaneta e sou impedida por alguém que o faz antes de mim, do lado de dentro. E então meu peito se explode em saudade e uma euforia arrebatadora.
Paola Ricci, parada me encarando e analisando dos pés a cabeça, não a julgo, eu estava fazendo o mesmo e parece que nós duas estávamos travando uma batalha para saber quem iria dar o próximo passo, eu queria muito tirar aquela sensação ruim de dentro de mim, mas eu estava irredutível.
- Lia... É você mesmo? - perguntou quase sussurrando e se aproximando devagar.
- É, acho que sim. - digo tentando não parecer animada demais.
- Paola, quem está aí? - era a voz inesquecível de Pietro. - James me disse que uma mulher tinha chegado e...
Pietro para de caminhar assim que me vê. Assim como Paola ele parece não acreditar no que está vendo, ou como se eu fosse um carro caro. Pisca varias vezes tentando assimilar a situação, olha para Paola, depois para mim, como se esperasse uma confirmação.
- Eu liberei a entrada dela... - Paola diz mexendo as pernas desconfortável - Achei que tinha ouvido errado... - abaixou a cabeça como se esperasse uma bronca.
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Gatilho
Roman d'amourCriada e treinada especialmente para matar, Liana Romano é contratada para auxiliar Pietro Ricci, chefe da Cosa Nostra que precisa de alguém para fazer o serviço sujo por ele. Apesar da máfia Italiana ser conhecida por sua crueldade, Pietro queria m...