Só fique ai enquanto me assiste pegando fogo.

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POV Liana Romano 

Eu acredito que eu estava preparada para tudo o que poderia vir quando chegamos em casa, sexo, conversas banais na sala de estar, um bolo de Rosa, um furacão loiro reclamando do quanto a festa estava chata, um Pietro me repreendendo por ter teoricamente ameaçado Carolina, um Ramon e suas piadas infantis. Mas nada havia me preparado para o inesperado ataque de Luca quando todos foram dormir.

- Não podia ter feito aquilo, Liana. - seu tom era rude e áspero ao repetir sua frase pela décima vez me fazendo revirar os olhos. 

- Eu não fiz absolutamente nada - nada além de devolver as provocações do projeto de matadora - Eu não posso simplesmente abaixar a minha cabeça e me fazer a santa porque eu não sou assim! - meu tom aumenta. 

- Você Liana, não pode ir fazendo o que bem quiser, com quem bem entender. Você é uma Ricci agora, merda! Deve agir como tal! 

- Agir como tal é me fingir de louca á cada insulto que eu escuto? Á cada insinuação maliciosa dos amigos de seu pai? É ser submissa? - Luca me olha - ME DIGA! 

- Entenda de uma vez por todas, Liana - se aproxima á passos lentos me empurrando e dou passos para trás - Aqui, no meu mundo, você - mais um passo - NÃO É - mais um passo - NINGUÉM! - me sinto encurralada na parede - VOCÊ É APENAS MAIS UMA QUE POR PURA SORTE CONSEGUIU A PORRA DO MEU SOBRENOME NO SEU DOCUMENTO! - vocífera com o rosto extremamente perto ao meu e eu engulo suas palavras juntamente uma bola de fogo na minha garganta. Mas ele não parou por aí. - Além do mais, meu pai só te registrou por caridade, só está aqui para obedecer ordens, então aja como tal. - diz e se afasta me dando as costas e eu finalmente solto a respiração que estava torturando meus pulmões. 

E pela primeira vez na vida, meu rosto queimou e meus olhos arderam, minha visão embaçou e uma lágrima fina desceu que eu rapidamente limpei. Meu peito doía, um calafrio passava pelos meus pulsos que tremiam violentamente. Minhas pernas bambeavam e eu não conseguia sair do lugar. Após não sei quanto tempo parada no mesmo lugar, forcei meus pés em direção ao meu quarto. E a cada respiração que eu dava me apertava o peito cada vez mais. Então se apaixonar era assim? Doloroso e pontiagudo? 

No primeiro dia após a total brutalidade de Luca, tomei café em silêncio e permaneci ali até que todos saíram

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No primeiro dia após a total brutalidade de Luca, tomei café em silêncio e permaneci ali até que todos saíram. Não olhei na direção de Luca em nenhum momento, eu estava erguendo meus muros quase derrubados por completo. A paixão não era bonita e ardente como nas palavras de Paola, a paixão magoava e maltratava. Eu estava totalmente inerte ás conversas durante o dia e passei metade da tarde treinando minha mira (perfeita) no bunker. Até fuzis viraram vítima. 

Foram apenas palavras, Lia. Apenas palavras. 

Sim, mas eu preferia ter tomado um tiro ou uma surra somente de pontapés sem me defender de nada. Minha mente me torturava reproduzindo todo o seu discurso em minha cabeça, as palavras claras como cristal em meus ouvidos e os punhos cerrados. 

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