Gatilho

Sou viciado em você.

POV Luca Ricci

Todas as vezes que imaginava Lia voltando, sempre visualizava uma mulher irada, armada até os dentes e cravando uma bala na minha cabeça. Mas nada me preparou para essa situação: Lia desolada em meus braços chorando compulsivamente.

- Tudo bem, tudo bem... - eu repetia mais para mim do que para ela.

Observei quando seu corpo começou à se aliviar e suas mãos descerem de minha cintura me afastando. Não permiti muito, fiquei muito tempo longe dela, não posso deixar que nada nos separe novamente.

- Olhe para mim. - agarrei seu rosto com as mãos e a fiz me encarar.

A visão era destruidora. Seus olhos estavam vermelhos e a maquiagem preta estava borrada, o nariz inchado e vermelho. Não era assim que eu queria, Lia.

- Vem... Vamos subir. - a retirei do banco e peguei sua bolsa e que estava no chão.

Lia me seguia em silêncio em direção ao meu quarto. Eu precisava falar, mas ela precisava descansar e eu não vou deixar que durma sozinha.

Chegamos no cômodo que estava escuro, mas felizmente cheirava bem, após uma boa ajuda de Rosa. Guiei Lia até a cama, a sentei nela e retirei suas botas, ela me olhava atentamente, ainda fungando um pouco.

- Vem, pode deitar. - falei após me acomodar na cama.

Sem pestanejar, Lia deslizou na cama e deitou sobre meu peito. Inalei o perfume de seus cabelos e foi como se toda a agonia dos últimos dias tivesse sido espantada.

- Senti tanto sua falta... - ela sussurrou contra minha pele.

- Eu também senti a sua... - suspiro - Mais do que você possa imaginar.

E então ficamos em um silêncio confortável, até eu sentir sua respiração mais lenta e o seu corpo pesar. Me afastei um pouco e contemplei sua beleza. Lia era incrível, uma mulher encantadora.

Quando Lia foi embora eu entendi um pouco do que ela passou, porque eu sofri igual um condenado, mas ela sofria vendo todos aqui e não podendo falar com ninguém. Deus sabe que eu não queria nada disso.

Acordei com Lia se remexendo ao meu lado. Meu Deus, eu não dormia tão bem há séculos, Lia é omo um calmante para a minha insanidade. Me sento na cama e parece que um peso enorme saiu de meus ombros pois finalmente Lia está em casa e posso contar toda a verdade para ela. 

Me levanto e ouço uma voz feminina e familiar no andar debaixo, e parece animada. Saio do quarto do jeito em que estou, afinal estou em minha casa, não preciso fazer sala pra ninguém, principalmente se for quem eu estou pensando. 

Quando chego á sala de estar, lá está o veneno em pessoa. 

- Luca, querido! - diz e se levanta para me abraçar. 

Observo meu pai que está sentado em um dos sofá om um olhar de interrogação e apreensão, e entendo, afinal, para o plano funcionar, Carolina não pode saber que Lia está viva, muito menos que está por aqui. Dou uma olhada rápida para as escadas e rezo para que Lia não acorde agora. 

- Eu estava conversando com o seu pai! - diz se afastando de mim - Ouvi falar que o Conselho Maior vai cobrar mais responsabilidades de vocês... 

Olho para meu pai e arqueio uma sobrancelha. Responsabilidades?! 

- É filho, parece que eles vão exigir algum tipo de prova de que você será um bom Don. - suspiro aliviado. 

- Ah claro. - me junto á eles na sala - Mas que tipo de prova? - questiono. 

- No caso do meu pai, foi um casamento! - Carolina diz estranhamente animada. - Mas foi arranjado e essas coisas, geralmente o Conselho que faz as recomendações das pretendentes. 

- Casamento? - indago rindo - Que piada! Além do mais, as pretendentes são todas da Famiglia, e não me interesso por ninguém. - era verdade, no momento somente Lia vinha á minha cabeça como uma mulher para construir um matrimônio. 

- Bom, de qualquer forma sou eu quem decido. - meu pai diz finalizando o assunto. 

E ai como um soco, as descobertas dos planos de Carolina e Gusteau me atingem, e vejo que a morena já está colocando o mesmo em prática, só não contávamos com a repentina volta de Liana. Mas como se eu já estivesse esperando esse diálogo, uma ideia me vem na cabeça, só resta saber como Lia irá reagir.