Parte 10 (Revolta Do Guilherme)

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Amar contra o destino – Capítulo 10 (Revolta do Guilherme)

... Voltamos a nos beijar, ele me prensou contra a mesa, fazendo cair as minhas coisas no chão, um beijo selvagem. Até que decidi parar, alias estávamos em uma sala de aula e alguém poderia ver.

- O que ta acontecendo aqui?

Tarde demais, alguém viu. Era o João Paulo.

- Vocês dois são gays?

- Ei espera, não conte pra ninguém. – Disse o Ricardo me soltando assustado.

- Relaxa Ricardo, não vou contar, eu já suspeitava de você Bernardo, mas de você Ricardo, fiquei surpreso.

Eu e Ricardo ficamos calados, apenas olhando para o João Paulo. Ele ficou incomodado:

- Eu vou indo, desculpa atrapalhar aí, não sei se vocês são namorados ou o quê, mas tomem mais cuidado aonde se beijam em público, não são todos que levam numa boa uma cena dessas.

Me surpreendi com a reação do João Paulo, na hora me veio à lembrança o dia em que joguei futebol com a turma no intervalo pela primeira vez, e dei um passe pro João Paulo marcar o gol, e me veio à cabeça o “Valeu gatinho” que me disse. Até hoje não sei realmente se foi isso que ele falou, mas foi o que eu entendi. Não tinha mais clima e resolvemos sair da sala para o intervalo. Fomos para a cantina, comemos um pão de queijo e depois fomos para a quadra. Pela primeira vez não vi Guilherme lá jogando bola, o Ricardo logo se juntou com o restante para jogar e eu fiquei ali sentado e pensativo, onde está Guilherme? Saí de lá e resolvi ir procurá-lo, passei pelo banheiro, pela cantina novamente, pelo pátio e nada do Guilherme, subi para as salas quem sabe encontrava-o na sua sala. A porta estava fechada, no colégio as portas das salas possui vidro, foi por onde consegui vê-lo debruçado sobre a mesa, abri a porta e entrei, ele não olhou, sequer se mexeu, me aproximei mais e me sentei na cadeira à frente dele, por um momento fiquei em silêncio, apenas o observando, cutuquei seu ombro e o chamei:

- Guilherme, ta tudo bem?

Silêncio... Não obtive resposta e reação alguma, voltei a cutucá-lo e chamar.

- Guilherme fala comigo cara, por favor.

Ele levantou a cabeça, seus olhos estavam vermelhos e lagrimejados.

- Você está chorando?

Ele apenas me olhava, não soltava uma palavra se quer.

- Fala comigo, poxa. – Falei já com raiva pra ele.

- Por que está tão preocupado assim comigo Bernardo? – Disse ele, acabando com aquele silêncio.

- Você ainda pergunta? Quero saber como você está? Porque fugiu de mim hoje mais cedo?

- Não é nada. – Disse ele voltando a debruçar sobre a mesa.

- Nada? Você não é assim cara, imagino que a barra não deve está sendo fácil para você, mas cabeça pra cima, não vai adiantar ficar assim. – Disse tentando levantar sua cabeça.

- Não me encosta. – Disse ele tirando minha mão dele.

- Vai adiantar você ficar assim, eu quero apenas te ajudar, ânimo cara, não fique cabeça baixa por aí... – Não consegui terminar de falar ele levantou de sua cadeira e me segurou o braço com força e me prensou contra um armário que tinha no fundo da sala, com tanta força que estava me machucando.

- Tá me machucando Guilherme – Disse tentando me soltar em vão, ele é muito mais forte do que eu.

- Cala a boca Bernardo. Escuta aqui, não precisa ser o bonzinho aqui, me deixa em paz.

Amar contra o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora