Parte 5 - 2° Temporada

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Amar contra o destino - 2ª TEMP. Cap. V

Série ACD 2x05 - Paixão, Prazer e Pecado.

- Uma última coisa... Ber, cuidado, toma cuidado com o... - O Ricardo deu um último suspiro e parou, seus olhos fecharam, sua cabeça caiu para o lado, o monitor que estava ligado nele zerou seus batimentos e um som, o último som que eu gostaria de escutar naquela hora, se expandiu pelo quarto.

PIIIIIIIIIIIIIIIIIIII...

- NÃOOOOOOOO! - Gritei de imediato ao entender o que aquele som significava, abraçando Ricardo fortemente contra o meu corpo, procurando assim, mantê-lo vivo, perto de mim.

- Ricardo... - Chamou a mãe de Ricardo, entregando-se a um choro doído, procurando refúgio nos braços do diretor Mauro que estava ao seu lado.

Imediatamente após ouvir o som, a equipe médica ali presente tomou as rédeas da situação. O médico e uma enfermeira dirigiram-se para o corpo de Ricardo, imóvel e desanimado, em cima da cama, tirando-o de meus braços e me afastando dele, enquanto começavam os primeiros procedimentos de reanimação. Enquanto que as outras duas enfermeiras nos retiravam do quarto, ainda vi o médico fazendo uma massagem cardíaca e pedindo a uma enfermeira que trouxesse o desfibrilador.

Ao sair do quarto fomos conduzidos para a sala de espera, o clima era o pior possível. A mãe de Ricardo estava desesperada, parecia que o pior já estava decretado, já era algo certo. O pai de Ricardo, mesmo neste momento, me olhava com cara de poucos amigos, só me parecia humano, por consolar sua esposa, que chorava copiosamente em seus braços. Eu não agüentava mais me fazer de forte naquela situação. Sentia um nó na garganta, que me impedia de respirar, um peso em meu peito que me causava uma dor, uma dor profunda. Uma coisa era não está com Ricardo, mas tê-lo ali, por perto, mesmo brigados, ainda o tinha, mas agora o risco de perdê-lo era grande e esta possibilidade me consumia, me atormentava, me aterrorizava.

Mas eu não podia me entregar, a batalha ainda não estava perdida. Deus não poderia fazer aquilo comigo de novo. Não agora. Não depois de tudo o que eu já sofrera, das pessoas que eu já perdera. Será que todas as pessoas que eu amo estão fadadas a morrer? Será que meu destino é viver sozinho?

O pai de Ricardo estava sentado num sofá, abraçado com sua mulher na sala de espera. O diretor Mauro ficou acomodado em uma poltrona com um ar de preocupação. Foi uma das poucas vezes que vi o Senhor Mauro abandonar seu sempre ar formal, seu rosto transparecia uma sincera preocupação. Todos estávamos cientes dos riscos que Ricardo corria. Eu não conseguia sentar, não conseguia ficar em pé. Estava nervoso demais, apenas andava de um lado para o outro. E o tempo, minha noção de tempo estava louca, ora eu achava que o tempo não passava, sempre que eu olhava para o relógio os ponteiros pareciam está no mesmo lugar, ora eu achava que estávamos naquela angústia há dias, pois parecia que aquele inferno nunca ia acabar.

Não sou uma pessoa religiosa, mas naquele momento me voltei pra Deus. Pedi pela vida do meu amor, tirando o Ricardo, eu só tinha o Guto. Sem eles eu estaria sozinho. Além do mais, Ricardo ainda era praticamente um menino. Nós éramos. Nós somos. Ele ainda tem toda uma vida pela frente.

- Deus, não permita que o Ricardo morra, ele ainda é tão jovem, ele é tão bom, conseguiu ver algo bom em mim, quando nem eu mesmo conseguia. Ajude-o neste momento. Salve sua vida. Salve minha vida, Senhor! - Já estava entregue as lágrimas, tremendo, quando vimos à porta se abrir e o médico adentrar a sala de espera com um semblante abatido. Senti minhas forças abandonarem minhas pernas.

- Eu lamento muito, mas o paciente Ricardo não resistiu, nós tentamos tudo o que estava ao nosso alcance. - O médico falou condescendente com a nossa dor.

Amar contra o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora