Série ACD 2x06 - Paixão, Prazer e Pecado.
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Narração Bernardo.
Era muito bom está com o Guto ali, do meu lado, me sentia mais confortado. Não me sentia bem. Sentia-me confortado, acompanhado, até protegido. Mas eu sangrava, me faltava um pedaço, respirar era doído. E a todo momento eu me lembrava de Ricardo. De sua alegria, de seu otimismo. Como eu viveria sem ele Deus? Como?
Depois de chorar um tempo abraçado a Guto, sentindo da maneira mais fraternal que um irmão pode sentir outro, eu adormeci em meio às lágrimas.
Estava em um jardim, mas não sabia nem onde era nem como havia chegado ali, mas me sentia bem. Sentia uma luz cálida tocar minha pele, uma brisa doce e agradável tocava meu corpo até que viro e vejo... Rick?
− Rick, que lugar é esse? E o que você está fazendo aqui? - Falei meio surpreso por encontrá-lo naquele lugar, feliz por vê-lo, claro, como sempre fico quando estou com ele, mas com a impressão de que algo estava errado, de que ele não deveria está ali. Contudo sem saber explicar o porquê.
Rick não disse nada, apenas sorriu para mim, aproximou-se e abraçou-me de forma terna, carinhosa, como se não quisesse mais me soltar.
− Ei, vai ficar aí só se aproveitando de mim, ou vai me explicar alguma coisa?
− Por quê? Não está gostando de está comigo aqui não, é? Se quiser posso ir embora moleque. - Falou com um semblante triste.
− Claro que não, seu idiota! Adoro sua companhia. Mas só estou meio confuso e gostaria... - Então Ricardo me interrompe.
− Não confia em mim?
− Claro, mas não lembro como cheguei aqui? Pra falar a verdade, nem sei onde é aqui.
− Eu te trouxe aqui, queria falar com você. Não lembra que lugar é este?
− Não! Deveria? - Falei curioso.
− Talvez, ainda não. - Falou como se avaliando alguma coisa.
− Então, o que você queria me dizer? - Falei aproximando-me de seu corpo e enlaçando-o em um abraço.
Ele sorriu. Não foi um simples sorriso. Ele sorriu, estendendo o sorriso aos olhos.
− Sempre tivemos tão pouco tempo. Sempre alguma coisa nos afastava. A morte de seus pais, seu acidente, a morte de sua avó, a minha doença. - Falou pesaroso.
− Discordo. Acho que esses acontecimentos nos uniram mais, nos fizeram enxergar melhor um ao outro, nos amar mais. - Falei analisando o que ele dizia e estranhando o rumo daquela conversa.
− Você me ama?
− Passo. Vou pensar na resposta depois te aviso palhaço! - Disse fazendo graça. - Claro né? Que pergunta mais besta.
− Eu te fiz feliz? - Perguntou de maneira curiosa, como se minha resposta fosse algo muito importante. Decisivo até.
− Que tipo de perguntas são essas? Claro que sim! Você me salvou nestes últimos anos. Você e o Guto, mas você de um modo especial. Nunca me coloquei no lugar de vítima de minha própria história. Sei que todos enfrentam problemas e sofrem. Odeio assumir o papel de vítima, de coitadinho. Mas você! Você me salvou de diversas maneiras e formas que nem eu sabia que precisava ser salvo. - Falei encarando-o e dando leves selinhos ao final destas afirmações.
− Você está enganado. Eu não te salvei, você que me salvou. Primeiro de mim mesmo. Mostrou-me como as pessoas podem ser bondosas, gentis, amáveis. Mostrou-me o que é ser forte, mesmo quando tudo nos leva a não ser. Salvou-me de uma vida egocêntrica, fútil e sem sentido. E salvou-me da solidão de minha doença. Me fez feliz quando eu pensei não ser mais possível. Me deu um motivo para viver.
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Amar contra o destino
RomanceConta história de um garoto gay que perde os pais em um acidente e passa a morar com os avós, junto com seu irmão mais novo. E o mesmo tem um amigo, que o ajudou em tudo. E através dessa amizade nasce um amor incontrolável. Porém ao descobrir que o...