Recém Casados [Reta Final]

Capítulo 40

Lar doce lar, ou nem tão doce assim. Estávamos enfim em casa, nosso último dia naquela casa. Genna e toda sua equipe de câmeras e produtores ocupavam a casa. Precisavam de nossos últimos depoimentos e repassar incessantemente como deveriam ser nossos momentos finais.

Uma manhã turbulenta que não combinava em nada com meu humor matinal. Eu queria silêncio e não interagir com outros seres humanos. Mas claro, aquela não era uma opção.

— Lisa, eu preciso que esteja pronta! - Eu ainda estava de pijamas jogada no sofá e sem escovar os dentes – É nossa ultima entrevista com os protagonistas da temporada... AGORA! – Berrou e despertei de minha inércia.

Diferente de mim, Min Jun sempre acordava disposto, preparava seu suco verde esquisito e seguia seu dia de forma ativa e saudável, como eu jamais tive coragem. Mas não naquela manhã. Ele parecia abatido e que não havia dormido durante a noite. Meu "marido" não parecia em nada com o de costume.

Preguiçosa fui ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Observei que meu reflexo não estava tão ruim quanto na manhã anterior. Nada de vômito. Ótimo. Então senti um calor atrás de mim. Calor humano.

Min Jun se inclinava contra mim para alcançar suas vitaminas matinais na prateleira sobre o espelho e dei um salto assustada.

— Mas que droga! – Ralhei com a boca cheia de espuma.

— Relaxa, sou só eu!

— Porque acha que reclamei? – Cuspi na pia e fiz uma careta mostrando a língua pelo meu reflexo no espelho redondo.

Min Jun semicerrou os olhos e apertou minha bochecha quando me virei de frente para ele. Irritada bati em seus braços e me soltou rindo.

— Não é engraçado!

— Pra mim é...

— Idiota!

— Eu só vim pegar minhas vitaminas, o que há de errado nisso?

— Felizmente é nosso último dia. Não suportaria mais um dia sequer no mesmo lugar que você! – Apertei os lábios.

— Realmente tá feliz com isso? Com o fim de tudo?

— Por que não estaria? Logo toda essa bagunça acaba e cada um pode seguir sua vida tranquilamente.

Min Jun se aproximou e fiquei encurralada entre ele e o balcão da pia.

Eu podia ouvir minha própria respiração.

— Quer tanto assim se livrar de mim? – Apoiou as mãos na bancada de granito e me fitou.

— É o que eu mais quero! – Tentei sorrir arrogante e o olhei fixamente.

Então senti sua mão acariciando minha bochecha e meu corpo reagiu com um leve arrepio.

— Ainda estremece quando te toco – Sussurrou.

— Ainda faz de tudo pra me tocar.

Ele deu um sorriso de canto e colocou uma pastilha de vitamina em sua língua.

— É melhor você ir, Genna deve estar te procurando – Desviei o olhar procurando por fôlego.

— Claro – Acenou e beijou minha bochecha me deixando sozinha.

Soltei um longo suspiro como se estivesse segurando o ar há muito tempo.

***

— Lisa, pode se sentar aqui? – Pediu Genna apontando para o sofá da sala de estar.