Capítulo 41

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Peço perdão pela demora, muita coisa aconteceu nesses últimos tempos e eu estava completamente desmotivada. Mas voltei. Essa semana ainda tem mais um capítulo novo.
Agradeço a todos que comentam, aa vezes não respondem, mas leio td, é tanta correria, mas agradeço de coração, sem vocês não teria continuado.
Boa leitura e até mais ❤
***

Brie me levou até sua casa. Já que eu não poderia voltar para a minha. Não até resolver as coisas com o banco e se tivesse muita sorte, resolveria antes dela ser leiloada.
— Sabe que pode ficar quanto tempo precisar, não sabe? – Disse Brie Entrando em sua casa.
— Não pretendo ficar por mais de alguns dias. Vou gravar minhas participações naqueles programas matinais patéticos e depois eu quero passar em tempo com meus pais.
— Eu entendo está tudo bem. Pode dormir na cama comigo você quiser.
— E o cara que tinha se mudado pra cá?— Olhei ao redor procurando algum sinal dele.
— Ah, Não estamos mais juntos, e eu percebi aqui tudo bem não ter alguém por algum tempo...
— De quanto tempo tá falando?
— Eu não durmo com ninguém há uma semana e meia. Eu disse que consigo.
Segurei uma risada.
— Claro você pode fazer isso.
—Minha vida não se resume a sexo. Eu tentei mesmo fazer algo sobre sua casa, mas você realmente deve muito ao banco Lisa. Precisava mesmo morar num palácio daqueles? Olha pra mim, eu vivo nesse lugar minúsculo que é tamanho do seu antigo banheiro e eu gosto disso...
— Sinceramente Brie? Não Eu não preciso de nada daquilo. É apenas ostentação fútil. E talvez eu deva só comprar um pequeno apartamento e ter uma vida tranquila .
— É o que você quer?  Uma vida tranquila?
—Eu... Não sei.
— E sua carreira? Pretende fazer o que sobre isso? Você foi cogitada para participar de um festival de música. Pode ser seu grande retorno, ou pode cancelar e pensar melhor no que fazer.
— E se eu apenas voltasse a escrever? A compor? Eu consegui escrever algumas coisas quando... – Me lembrei de nossa breve estadia na casa secreta de Min Jun, da noite que passei em claro com a inspiração à flor da pele – Quando eu estava na casa de praia de Min Jun – Suspirei e Brie se acomodou no sofá me observando com certa pena – Eu estava tão... Tão apaixonada, tão feliz que apenas fluiu e eu adorei aquilo Brie, eu adorei escrever minhas músicas e  eu queria mais disso e quem sabe isso me faça feliz, não os holofotes ou a fama, nada disso me fez bem no final de contas, mas se eu pudesse ser eu mesma e cantar algo realmente sincero e significativo... Eu acho que é isso, é isso que eu quero.
— Caramba, teus olhos tão até brilhando, nunca te vi assim... Se essa coisa de escrever e nada de holofotes te deixar feliz, é isso que importa, e eu vou estar feliz por você, mesmo que meu salário venha ainda menor – Brincou – Você ainda é minha melhor amiga, afinal.
— Você é uma boa amiga Brie. O que seria de mim sem você?
— Uma tremenda bagunça – Riu e me abraçou – Então o que planeja fazer hoje?
— Eu não tenho ideia, adoro não fazer nada, talvez eu durma o dia todo, ou assista uma daquelas novelas coreanas que eu me viciei...
— Vejam só, Lisa Scott sendo Lisa Scott, quem diria?
— Eu só preciso descansar, tanta coisa aconteceu nesses meses, como se eu tivesse vivido anos em dias... Ou talvez eu deva dar uma volta por aí, pra pensar, seria bom.
— Olha, eu acho que seria uma boa, precisa disso, pode pegar meu carro se quiser. As chaves estão ao lado da porta.
***
E lá estava eu dirigindo até Santa Mônica.
Tentei passar despercebida pela areia até encontrar aquele lugar sob o píer. O lugar onde eu e Min Jun observamos o mar juntos pela primeira vez, não éramos sequer um casal, apenas companheiros de casa que haviam se beijado e gostado muito disso.
Me sentei naquele mesmo lugar, sobre a areia molhada. Observando a maré se aproximando, molhando meus pés e se afastando. Senti a brisa em meu rosto, assisti as gaivotas sobrevoando o mar em busca de alimento e ouvi as palavras de Min Jun ecoando em minha mente.
“Eu não vou desistir de nós”
Para mim aquelas palavras não faziam o menor sentido. Não em nosso contexto. No contexto onde ele já havia desistido de nós por um casamento arranjado.
Por que eu continuava pensando nisso? Estava tudo acabado. “Recém Casados”havia oficialmente chegado ao fim e tudo deveria ficar no passado.
“Pense no futuro Lisa, olhe somente para frente Lisa, para frente – Repeti mentalmente, me deitando na areia – “Pense na sua carreira, mas eu não tenho uma pra pensar... E bom amanhã vou ter que encará-lo na televisão”
Talvez aquele não fosse o melhor lugar do mundo pra refletir sobre a vida.
O problema do fim de um relacionamento é que seus lugares favoritos se tornam em malditas lembranças de quem você gostaria de esquecer.
Decidi sair dali. Não estava funcionando, eu não conseguia relaxar. Apenas elevar meus níveis de ansiedade.
Caminhar poderia ser uma melhor opção. As pessoas caminham para pensar, não é o que dizem?
Caminhei alguns metros já arrependida de minha decisão estúpida. Andar cansa. Eu deveria apenas fazer como todo mundo e encher a cara sem pensar no amanhã ou nas responsabilidades.
Me amaldiçoei por ter ido caminhar na praia e não ter ido a um bar. Até avistar uma pequena aglomeração e som de música. Curiosa me aproximei e junto aquela pequena multidão que se formava assisti o homem que tocava seu violão e cantava algumas músicas próprias. Era revigorante, confesso. Tão simples e natural, saído diretamente de sua alma, tão verdadeiro, fora dos padrões que as gravadoras adoravam impor aos seus artistas. Fora do que todas as rádios tocavam diariamente. O homem vestido semelhante à um hippie terminou sua música e pousou seus olhos em mim, me fitando por alguns segundos.
O suficiente para chamar atenção para mim, me deixando desconfortável.
— Hei, você – Todos olharam para mim e então uma bagunça de vozes.
— Você não é a Lisa? – Uma mulher ao meu lado indagou?
— É ela não é? Lisa Scott, a daquele programa de TV?
— Onde  está seu marido?
— Ele veio com você?
— Vocês se casaram de verdade?
— Pode autografar minha bermuda?
— Minha filha adora seu programa!
— Tira uma foto comigo Lisa? Pra eu postar nos stories...
Sufocante...
Sufocante...
Sufocante....
Eu sentia as pernas bambas. O ar se esvaindo.
Então aquele hippie abriu caminho e me entregou seu violão, e se você parar pra imaginar essa cena não fará o menor sentido. Me indaguei se eu estava realmente sóbria.
Recusei seu violão por não saber tocar uma nota sequer, então o homem barbudo com uma voz calma se ofereceu para me acompanhar se eu quisesse cantar algo.
E por alguma razão eu aceitei, mesmo sem muita certeza do que faria ali.
Atravessei a multidão e me coloquei no centro, ao lado do homem misterioso, como ele sabia quem eu era? Seria algum tipo de ser elevado espiritualmente? Ele havia me salvado de ser esmagada por fãs e curiosos.
— O que vai cantar adorável Elisabeth? – Inquiriu com a voz macia e doce.
— Hei como você sabe meu no... Ah esquece... Eu vou cantar algo que escrevi há algum tempo, sobre alguém... Alguém que já foi muito especial – Soltei um pigarro.
“Eu nunca achei que sentiria isso outra vez
Nunca pensei que em meu coração caberia outro alguém
E cada pedaço despedaçado
Você juntou, cicatrizou
Meu coração você curou
Você curou

E toda vez que fecho os meus olhos
É em você que meus pensamentos vão
Sentir seu toque, seu abraço
Sentir seus beijos
Tocar seus lábios

Mas você se foi...
E eu fiquei aqui
Com as lembranças
Do que um dia fomos nós”

Ouvi aplausos. Muitos aplausos. Era a primeira vez que eu cantava algo que eu realmente considerava verdadeiro, e as pessoas haviam adorado.
Sorri, fechei os olhos e sorri.
— Obrigada – Agradeci emotiva – Obrigada – Olhei para o homem com o violão e sorri grata.
Era como uma confirmação divina. Um sinal do céu do que eu deveria cantar. Eu deveria cantar minhas músicas e aquilo me faria bem. Independente do desejo de qualquer gravadora para produzir um grande “hit” genérico. Eu cantaria o que me fizesse feliz. A partir de agora seria assim.
Alguns autógrafos e fotos depois procurei pelo homem misterioso, que sabia meu verdadeiro nome e me escolheu entre a multidão. Ele estava atrás de sua Kombi amarela com flores pintadas.
Ele acendia um cigarro e se assustou quando me viu.
— Eu não queria te assustar, sinto muito.
—Tá tudo bem – me ofereceu um trago.
— Esse cigarro provoca algum tipo de elevação espiritual? Algo assim?
Ele levantou as sobrancelhas e me olhou pensativo.
— É só um baseado mesmo... — Deu uma tragada e sorriu estranho.
— Ah, eu não uso, eu não, não obrigada... Eu fiquei muito intrigada em como você me sabia que eu cantava em meio há tantas pessoas? É algum tipo de dom?
— Você não é aquela moça do programa de TV de casamento?
— Sou...
— Mulher eu sou fã daquele show, eu te reconheci na hora, eu não ia deixar uma chance de te ouvir cantar ao vivasso né... Soube que tu não tava mais cantando...
— Mas você sabe meu nome verdadeiro...
— E quem não saberia, tá tudo no Wikipedia, eu sei até a hora que você nasceu. Aliás pode autografar meu poster do seu programa? Eu tenho um na parede e a minha namorada Luz do Sol vai adorar, pode tirar uma foto comigo, só pra ela acreditar que é verdade? – Ele sacou um celular da túnica com estampa étnica e apontou para nós.
***
Pela primeira vez em muito tempo as pessoas queriam me ouvir pelo que eu era de verdade e saber disso era tudo que eu precisava naquele momento.
— Você se tornou viral! – Foram as primeiras palavras de Brie quando entrei em casa.
— Como é? – Indaguei perdida e coloquei as chaves do carro atrás da porta.
— Veja – Quase esfregou o celular em minha cara – Você está entre os assuntos mais comentados do momento na Internet – Notei uma hashtag com meu nome em destaque  #novamusicadaLisaScott, e filmagens de apenas minutos antes quando cantei minha música.
— Uau, isso é louco...
— É o poder da Internet, você é a pessoa mais comentada do mundo nesse momento Lisa.
— Eu acabei de chegar...
— Sim, quem diria que um passeio de dor de cotovelo renderia tanto? De quem é essa música aliás?
— Minha, eu escrevi, na verdade terminei de escrevê-la depois do que aconteceu entre mim e Min Jun.
— Isso é perfeito, é realmente bom Lisa, você é talentosa, já posso ouvir as multidões enlouquecendo com suas composições.
— Quanto a isso ainda não sei... Preciso decidir qual direcionamento tomar na minha carreira.
— E como foi cantar algo verdadeiro pela primeira vez? – Brie se acomodou no sofá e me sentei ao seu lado.
— Honestamente? — Sorri – Me senti incrível, poderosa, entende?
— Estou orgulhosa – Me abraçou – Esse programa até que fez bem pra você afinal de contas – levantei as sobrancelhas.
— Você acha?
— Sim, você amadureceu, de certa forma, e até escreveu músicas novas, reconciliou com seus pais... E se as outras coisas que escreveu forem tão boas quanto essa, o Grammy que te aguarde! – Senti honestidade em suas palavras.
Brie não me achava mais tão lamentável.
Estava orgulhosa.
— Pretende fazer algo hoje a noite?
— Hum, pensei em assistir um filme ruim, comer besteira, pedir uma pizza.
—Legal, eu vou sair pra beber e quem sabe dormir com aquele barman gostoso.
— Pensei que ficaria em casa comigo. Então vou com você!
— Mas não vai mesmo. Já sei bêbada? É sempre desastroso, estamos tentando reerguer sua reputação sem escândalos e não afunda-la mais ainda. Se quiser beber tem cerveja na geladeira.
— Você é muito chata – Protestei.
— Estou protegendo você, é o meu trabalho. A última vez que ficou bêbada num bar, você se envolveu numa briga com um anão, e dormiu na rua.
— Não precisa me lembrar dessas coisas também. Não pode ficar comigo?
— Não trabalho a noite – Saltou do sofá – Agora eu preciso pensar em como lidar com esse seu sucesso instantâneo, não podemos perder tempo, as coisas na Internet esfriam muito rápido. O que acha de gravarmos um vídeo clipe? Primeiro precisamos gravar essa música num estúdio e fazer uma produção caprichado, depois enviá-la para as rádios. Tenho conhecidos que podem ajudar, sabe?
— Como sua prima do brechó? – Indaguei sarcástica.
— Muito engraçada Lisa, muito engraçada. Talvez devêssemos agendar algumas performances nos programas de TV o quanto antes, uma live no YouTube seria uma boa também, precisamos aproveitar o momento – Opinava pensativa roendo a unha do dedão.
— Brie...
— O que acha de aproveitar quando...
—Brie...
— Quando estiver divulgando o seu reality e já performar sua...
— Brie! – Berrei e ela saiu de aeu transe de boa empresária do show business – Eu não quero nada disso, eu disse que queria as coisas simples.
— Mas eu não mencionei turnê mundial, a não ser que você queira...
—Eu não quero mais isso, o glamour as grandes performances, ou o topo das paradas musicais. Eu cansei disso. Toda essa merda acabou comigo e você sabe disso mais que ninguém. Eu só quero ser eu mesma, não me importo se minhas músicas não tocarem nas rádios. Eu só quero uma vida tranquila com as pessoas que eu amo.
— Pra quem entrou numa porcaria de Reality show pra voltar a o topo, é um tanto contraditório não acha?
— Foi ali que eu entendi que não vale a pena fazer tudo por fama ou audiência, existem coisas mais importantes, família, amigos, amor, sentir coisas reais e impagáveis. Coisas que eu não sentia mais.
— Como você quiser. Mas você vai gravar essa música num estúdio, precisamos de um áudio sem um monte de ruído e gente conversando em volta. Depois colocamos no Spotify e vemos o que acontece – Apertou os lábios.
Sorri e a abracei.

Recém Casados [Reta Final]Onde histórias criam vida. Descubra agora