Prisioneiro do Rei 👑 Jikook [ABO]

15 - Estupefação

Estupefação. 

Trata-se de um termo utilizado na medicina para designar dormência ou paralisia temporária em uma parte do corpo provocada por automedicação. 

No sentido figurado, entretanto, relaciona-se à surpresa, admiração e até espanto diante de alguma situação inesperada; estupefato é sinônimo do termo "pasmo."

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JEON JUNGKOOK

— Quantas tatuagens pretende fazer, Jimin? — pergunto ao garoto mais velho sentado na cadeira do Estúdio.

— Todas — ele responde, simplista, enquanto continua analisando o livro de opções disponíveis, sem verdadeiramente especificar os modelos que deseja tatuar temporariamente em sua pele. 

Cerca de 4 horas atrás, após o comentário de Kai acerca do sorriso do Jimin impedir que ele veja meu olhar intenso sobre si, me sinto um tanto quanto acuado e tenso. Sou naturalmente hiperativo e ansioso, e observações como esta nunca foram feitas a meu respeito em relação a ninguém. Tal situação me desnorteia de uma forma que a estupefação torna-se um elo entre o espanto e o nervosismo crescente.

O clima pesou naquele momento ao ponto do próprio adolescente ter de me puxar para fora de meu transe, forçando-me a ir em direção ao caixa para pedir os sorvetes de abacaxi. Acabei por lhe comprar também um hambúrguer e uma Coca-Cola como um pedido velado de que ele não fizesse muitos comentários como aquele. Conhecendo-o como conheço, no entanto, sei que é inevitável. 

Depois de saborear o sorvete em silêncio, finalmente entramos no Pineapple Garden Maze. Iniciamos então uma competição. Cada um começaria de um local diferente — Jimin pela direita, Hueningkai pela esquerda e eu pelo meio. Quem chegasse primeiro, poderia pedir qualquer coisa ao último a chegar enquanto o segundo não enfrentaria nenhuma punição apesar de também não receber um prêmio. 

Todo o caminho durou uma grande eternidade de idas e voltas até a saída. De fato, extremamente cansativo e enlouquecedor. Todavia, a competição em si foi o suficiente para me animar a ser mais rápido. Meu corpo ainda não se recuperou cem por cento da semana de cio da qual abusei severamente de Neutralizantes combinados com Hormônios. Então, fiz um esforço ainda maior para que minhas pernas não perdessem a velocidade e minha mente permanecesse lúcida e decorando os caminhos pelos quais já tentei. 

Odeio perder. 

Como o esperado, Kai chegou primeiro. Sendo nativo do Reino Hawaii, ele já havia vindo ao labirinto diversas vezes e, com a ajuda de sua memória, embora fraca, pôde se lembrar alguns dos muitos caminhos que não levariam a lugar algum. Sua noção espacial foi mais elevada do que a nossa. 

Cheguei em segundo, apenas alguns minutos depois dele, arfando por ter corrido grande parte do caminho e agoniado por me sentir encurralado e perdido. A sensação de não ter uma situação sob controle é angustiante. Não nego que me diverti ao desafiar a mim mesmo, embora esteja levemente — bastante — indignado com o sorriso vitorioso do adolescente.

Decidindo seu próprio prêmio, isto é, a punição de Jimin, Kai aproveitou-se da situação para benefício próprio, pedindo — exigindo — que Jimin fizesse sua lição de casa de matemática. Como se não bastasse, alegou que este não era seu plano inicial por achar que eu chegaria em último e, sendo péssimo em matemática como sou, havia pensado em me fazer lamber a grama caso eu fosse o perdedor. 

Quando Jimin finalmente chegou ao fim, pude contemplar sua insatisfação explícita de uma maneira inesperadamente fofa. O menino costuma rir quando está nervoso também e agir como um bebê, pisando forte no chão e murmurando com um enorme bico formado em seus lábios rosados, além de espalmar suas mãos pequenas em meu tórax, indignado. Não pude fazer nada além de rir e tentar convencê-lo de que algum dia ele ganharia.