Prisioneiro do Rei 👑 Jikook [ABO]

08 - Recôndito

Recôndito.

Trata-se de uma informação que fora escondida, ocultada, da qual se conhece pouco ou nada.

Também pode fazer alusão ao que existe no âmago de uma pessoa, que seja profundo e íntimo.

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JEON JUNGKOOK

Monstro.

É o que o rei do qual tenho a vergonha de chamar de pai é. É o que ele deseja que eu me torne. É o que eu venho me tornando desde o momento que nasci. 

É o que eu sou. 

Não é o que eu quero ser.

É difícil mudar minha própria personalidade e desviar de toda crueldade que possuo em meu âmago. Parece impossível esquecer as centenas de vidas ceifadas pela lâmina da minha espada. 

Sonho com elas quase todas as noites. Posso ouvir seus gritos de pavor. Se eu fechar os olhos por muito tempo, seus rostos aparecem diante de mim como aparições me assombrando por ter sido responsável pelo fim de suas miseráveis vidas. 

Todo o sangue em minhas mãos, todos os pedidos de misericórdia ignorados, todas as ordens militares cumpridas sem ressentimentos. O que eu me tornei? Quem é Jeon Jungkook? Um alfa lúpus poderoso e inescrupuloso assassino ou o garoto com "sorriso de coelhinho"? 

Park Jimin fora a primeira pessoa a elogiar meu sorriso, além de um dos poucos a vê-lo verdadeiramente. 

Humor ácido, ironia, desconfiança, jogo de poder, mentira, manipulação. Essas são as relações interpessoais às quais estou acostumado e das quais não posso me dar ao prazer de incinerar no fogo do inferno uma vez que serei coroado em breve. 

Se eu pudesse traçar meu destino antes de ter nascido, não sei o que eu escolheria. Um nobre comum? Um plebeu? Um príncipe caçula? Começo a perceber que nenhuma das opções é boa o suficiente devido à sociedade na qual vivemos nos tempos vigentes. 

Talvez o destino esteja me agradando de alguma forma. Quando eu for rei, terei poder suficiente para mudar a realidade na qual estamos todos inseridos e pela qual possuo tanto desprezo, certo? 

Matarei, se for necessário. Jamais conseguirei limpar minhas mãos do sangue inocente. Então, não me importo nem um pouco em ceifar a vida de monstros como eu. 

Abro os olhos depressa. Por quanto tempo estive dormindo? 

Estou em meus aposentos, aquecido pelo macio cobertor. Vejo Jin ajustando as gotas do soro — percebo que está inserido em minha veia. Agarro seu pulso, desesperado. 

— Onde está o Jimin? 

— Olhe para o lado — ele diz, com os olhos arregalados. 

Solto seu pulso vermelho, antes esmagado pelo meu aperto violento. 

Jimin está adormecido na minha cama, próximo de mim. Deitado sobre as mãos, suas costas torturadas estão cheirando à pomada cicatrizante, embora cobertas pelo tecido fino de um casaco branco que ele não estava vestido antes. A julgar pelo tamanho largo, deve ser uma das minhas roupas.

Apesar de ter sido chicoteado, seu rosto é sereno enquanto descansa. Sua respiração é lenta e beira o silêncio absoluto, seus lábios formam um pequeno bico devido ao amasso em sua bochecha gorda. 

Parece tão inocente, imperturbável, calmo. Gostaria que tivesse motivos para tal.