18 - Cataclismo

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NOTAS INICIAIS:

Boa noite ARMYs, a música desse cap é importante (e emotiva):

I still Know You - Jacob Lee


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Cataclismo

Trata-se de um termo utilizado pela geologia para designar uma convulsão ou transformação de grande proporção da crosta terrestre; uma catástrofe ou um dilúvio, inundação. 

No sentido figurado, todavia, significa um desastre ou mudança radical na vida de alguém ou de um grupo de pessoas.

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JEON JUNGKOOK

Um pequeno floco de neve aterrissa em minha língua como um cristal, os fios pretos de cabelo liso balançando com a brisa gélida do inverno. Estou no jardim do castelo em frente ao Taetae — a antiga versão de Taehyung. 

Estou sonhando, percebo. Um sonho lúcido — termo criado no início do século XX para aqueles que sabem que estão sonhando em vez de serem pegos de surpresa por essa realidade paralela dentro do próprio subconsciente. E, quando se está consciente de tal fato, é possível controlar de alguma forma minhas ações e a sessão de acontecimentos neste cenário de experiência quase espiritual. 

Uma bola de neve atinge meu rosto, fazendo minhas bochechas queimarem pelo contato súbito. Taetae está gargalhando com seu ataque bem-sucedido. Ele veste um sobretudo azul marinho, cachecol, calças de inverno, luvas de lã e um gorro nos cabelos lisos. Seu corpo é do mesmo tamanho que o meu. Estamos de volta à infância no meu sonho, com aproximadamente 8 ou 9 anos de idade.

Abaixo e formo uma gigante bola de neve com minhas pequenas mãozinhas. Ao menos, aqui e agora, com essa idade, podemos nos divertir juntos. Tae corre, rindo, quando o persigo. Miro em suas costas para, enfim, acertá-lo com precisão, fazendo o grande cubo gelado quebrar em seu sobretudo. Ele esfrega o local atingido, chateado. 

— Isso não é justo. — Forma um bico, cruzando os braços. — Eu joguei uma bola de neve pequenininha em você e você me atacou com uma enoooorme. Tão malvado, Kookie-ah. 

Agíamos dessa forma quando éramos mais novos e eu sinto falta de quando brigávamos por motivos tão bestas, e mamãe nos forçava a pedir desculpas um para o outro depois de um abraço com cara emburrada. Logo, estaríamos brincando de novo como se a briga sequer houvesse existido. 

Melhores irmãos do mundo em um segundo, inimigos no segundo seguinte e de volta à bela amizade logo após. Na adolescência, com todas as minhas atitudes arrogantes para consigo — mesmo que eu tenha motivos maiores para tal —, estagnamos no estágio de inimigos e então o relógio parou. O segundo seguinte em que voltaríamos a ser amigos nunca chegou. 

Hoje, não há mais ninguém para nos forçar a pedir perdão ou aprender a perdoar. Ninguém para nos convencer a dar um abraço contra nossa vontade até que o toque familiar aqueça ambos os corações. 

Então, ao menos aqui e agora, nesse sonho que voltou ao passado, eu o abraço apertado. Ele me abraça de volta — com seus punhos fechados, no entanto. 

Prisioneiro do Rei  👑 Jikook [ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora