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𝗤𝗨𝗜𝗡𝗧𝗔-𝗙𝗘𝗜𝗥𝗔, 𝟮𝟮 𝗱𝗲 𝗔𝗕𝗥𝗜𝗟

Bem, o que eu posso dizer é que Michael Provost e eu não nos casamos. Não chegamos nem perto.

Estava tudo bem, até que Duke começou a rondá-lo e acabar causando-lhe uma crise alérgica. Senti vontade de chorar, de me jogar no chão do estacionamento de cimento queimado e espernear, como uma criança birrenta, mas não poderia escolher entre um deles, então apenas recolhi minha frustração e fomos embora.

Quase uma semana mais tarde, quando eu entrei em uma rodovia de Louisiana rumo a New Orleans, imaginei como diria a Keiko sobre a visita que faria a Booboo Stewart. Era suficiente dizer que os meus encontros com Chance, Algee e Will não tiveram resultados muito bons.

O primeiro desastre aconteceu quando eu visitei o meu número três, Will Poulter.

Namoramos há seis anos atrás, quando eu estava empolgada com meu primeiro ano da faculdade. Will não foi meu namorado mais bonito, mas era o mais expontâneo e engraçado, e isso me atraia muito.

O que fez com que eu me distanciasse dele tinha a ver com o fato de que, certa vez, nós estávamos transando no meu dormitório, e enquanto ele dizia algo como "vai, vagabunda, eu sei que você gosta assim", eu percebi que Will estava olhando para o retrato da minha mãe que estava sobre a mesinha de cabeceira. Para mim, foi o bastante. Terminamos pouco tempo depois.

Na Florida, com meu carro barato e empoeirado, consegui encontrá-lo e descobri que ele se tornou professor de ginástica aeróbica. O nome da academia que ele trabalhava era Fit 50, mas a possibilidade de que aquele lugar fosse específico pela faixa etária nem chegou a passar pela minha cabeça.

Qualquer idiota já teria notado, mas não eu, não Shiori Adhika Brosnan, a inteligente. Eu nunca parei para somar dois mais dois, nunca parei para pensar que Will trabalhasse na Fit 50 porque ele estava... digamos... se envolvendo com uma das idosas da aeróbica.

Depois de sair da Florida, Duke e eu fomos para o número quinze: Chance Perdomo, que vivia em Houston, no Texas. Embora Chance e eu tivéssemos estudado na mesma escola durante o ensino médio, só fui realmente conhecê-lo quase um ano depois da nossa formatura na faculdade. Ele havia se formado em Harvard e estava esperando fazer um estágio no MIT - Massachusetts Institute of Technology. Foi um dos relacionamentos mais saudáveis que eu tive, e o mais longo deles – chegamos até a morar juntos em um apartamento no centro –, eu gostava dos filmes de ficção-científica dele e ele gostava de maratonar minhas animações japonesas. Mas com o tempo eu acabei perdendo o interesse, e me sinto péssima por isso.

Eu sempre me perguntei o que aconteceu com ele, e quando soube que Chance estava morando em Houston, comecei a imaginar o que ele estava fazendo lá. Depois de esperar dois dias em frente à sua casa sem conseguir vê-lo, comecei a pensar que nunca descobriria. Porém, lendo as notas que Calum me enviou com mais atenção, eu vi que também havia o número do telefone da empresa onde ele trabalhava, e liguei para lá. E então, para o meu choque, fui notificada que Chance não estava fazendo mais nada em Houston – ou na Terra, por assim dizer. Chance Perdomo, o homem que costumava esfregar minhas meias encardidas, agora trabalhava na NASA.

Eu faltei arrancar meus próprios cabelos.

Mas Duke e eu não desistimos. Nada disso. Nós entramos no carro e dirigimos até um fim de mundo perdido no meio do Estado do Kansas para visitar o número cinco da minha lista, Algee Smith.

Eu estava em Washburn, em uma festa nas dependências do campus para os estudantes que não foram para casa no fim do ano, e acabei esbarrando em Algee. Depois de alguns minutos de conversa, nós dois estávamos trancados no banheiro, transando.

Sim, eu sou uma mulher bem fácil.

E é claro que eu fiquei perdidamente apaixonada pouco tempo depois, mas nosso relacionamento não durou muito. Se um terapeuta viesse bater à minha porta, pedindo para que eu indicasse alguém que fosse o estereótipo perfeito de um homem neurótico para um estudo, eu o mandaria direto para a casa de Algee Smith.

Não percebi o quanto as coisas ainda estavam erradas até estacionar em frente ao lugar onde ele morava. Eu não gosto de criticar pessoas que moram em trailers porque ainda não tenho a minha casa própria e nem sequer um dólar no banco, mas as caixas térmicas e espreguiçadeiras reviradas que entulhavam o jardim mal cuidado e o cheiro de esgoto, me preocuparam.

Eu engatei a primeira marcha e saí dali, entretanto, qualquer esperança de uma fuga rápida e fácil se desfez quando eu atropelei um dos filhos dele.

Ele estava pedalando no meio da rua!

Como sou uma adulta, pedi desculpas e ofereci toda ajuda necessária, embora tivesse sido ele o errado em questão, mas Algee me tranquilizou, disse que eu não deveria me preocupar, pois acidentes aconteciam com as crianças o tempo todo – ainda penso bastante sobre isso. Aliás, com toda aquela comoção, ele nem sequer se lembrou de mim e eu consegui ir embora o mais rápido que pude.

◞ hᥲᥕhᥱ  !Onde histórias criam vida. Descubra agora