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𝗦𝗔́𝗕𝗔𝗗𝗢, 𝟭𝟬 𝗱𝗲 𝗔𝗕𝗥𝗜𝗟

Após colocar um cheque por baixo da porta de Calum, sai ainda de manhã com o carro que aluguei – um sedan prata quatro portas, 2001.

Atlanta era uma boa cidade para começar minhas buscas, porque tinha uma distância razoável de Jacksonville e eu era uma péssima motorista. Não tenho tantos problemas para dirigir na cidade, mas eu realmente não gosto de pegar longas estradas.

Não sei dizer se namorar foi a palavra certa para descrever o relacionamento que tive com Nathaniel; eu tinha vinte e três anos na época, nos conhecemos em um bar bem frequentado na cidade e a química foi instantânea. Mas uma coisa importante sobre ele e que me incomodava bastante, era o fato de que era obcecado por seu cão, um bolder collie preto chamado Hawks. Nath falava sobre o cachorro o tempo todo e levava-o por toda parte, mas o pior, era que ele deixava que Hawks ficasse sentado na cama enquanto transávamos.

Era muito constrangedor. Muito.

Mas ele era muito querido e tenho boas lembranças do tempo que passamos juntos. Eu sentia falta dele e estava animada para vê-lo. E também queria ver Nathaniel.

Minha viagem ocorreu sem qualquer problema, mas assim que estacionei o carro em uma das vagas do hotel, percebi que fazer reservas ali, antes de deixar a cidade, pode não ter sido uma boa ideia. O hotel se parecia com o lugar imundo onde Billy Hope passou a viver depois de ter sua carreira quase arruinada. Mas eu acreditava ser capaz de lidar com o fedor de cigarro, afinal, não estava de férias.

Depois de deixar minhas coisas ali, decidi passar em frente a casa de Nath antes de procurar um restaurante.

Ele obviamente estava bem de vida, morando em um prédio alto e moderno, em uma rua com muitas árvores. Quando encontrei uma vaga para estacionar do outro lado da rua, desliguei o carro e esperei.

E esperei.

Já passavam das sete horas da noite e ele ainda não havia aparecido, então voltei para o hotel e pedi um fast-food. Pelo que me lembrava, ele costumava levar Hawks para passear de manhã, então decidi voltar no dia seguinte.

 Pelo que me lembrava, ele costumava levar Hawks para passear de manhã, então decidi voltar no dia seguinte

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𝗗𝗢𝗠𝗜𝗡𝗚𝗢, 𝟭𝟭 𝗱𝗲 𝗔𝗕𝗥𝗜𝗟

Como eu já imaginava, Nath saiu de casa com o cachorro bem cedo. Quando o vi, um sorriso enorme apareceu no meu rosto, não consegui evitar. Enquanto observei-os descendo a rua, afirmei que ambos estavam muito bem.

Nathaniel pareceu estar bem seguro de si mesmo, o que é algo que me excita. E bem, talvez – só talvez –, fosse esse o motivo pelo qual eu estava prestando atenção demais no meu vizinho.

Eu acreditava que nosso relacionamento chegou ao fim porque acabei ficando entre Nath e Hawks, e eu precisava de algo para mostrar a ele que isso não ia mais acontecer.

Precisava do meu próprio cachorro.

Depois de almoçar e fazer algumas breves pesquisas no Google, encontrei um canil próximo a avenida principal onde podia adotar meu novo melhor amigo o mais rápido possível

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Depois de almoçar e fazer algumas breves pesquisas no Google, encontrei um canil próximo a avenida principal onde podia adotar meu novo melhor amigo o mais rápido possível. Eu sei que às vezes sou impulsiva, mas já vinha pensando em arranjar um cachorro há algum tempo.

Passando pelos corredores do canil, pude ver dezenas de animais domésticos, esperando por alguém que finalmente os levasse para casa. E quando eu me ajoelhei para olhar alguns mais de perto, um dos cães se aproximou da grade, balançando o rabo peludo e depois se deitando, mostrando a barriga gordinha para mim.

— Adoção ou doação? - perguntou um garoto alto atrás de mim. Pelo o uniforme, só podia ser um funcionário.

— Eu quero adotar um filhote - e como se fosse capaz de entender o que eu disse, o cachorrinho estava piscando, esforçando-se para me mostrar o quanto era adorável.

— Parece que alguém gostou de você - brincou o garoto, abrindo um sorriso com aparelho ortodôntico.

— Bem, parece que sim... - eu estendi minha mão até a grade e passei os dedos pelo seu focinho, onde os pêlos eram escuros. — Oi, meu amor!

Foi fácil e difícil ao mesmo tempo, mesmo não levando a tarde toda pra encontrar meu companheiro canino, eu me senti mal por deixar os outros bichinhos naquele lugar.

Depois de aguardar pelo processo fiscal e assinar toda a papelada, sai as pressas com o meu filhote antes que começasse a chorar pelos que deixei para trás.

𝗦𝗘𝗚𝗨𝗡𝗗𝗔-𝗙𝗘𝗜𝗥𝗔, 𝟭𝟮 𝗱𝗲 𝗔𝗕𝗥𝗜𝗟

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𝗦𝗘𝗚𝗨𝗡𝗗𝗔-𝗙𝗘𝗜𝗥𝗔, 𝟭𝟮 𝗱𝗲 𝗔𝗕𝗥𝗜𝗟

Na manhã seguinte, após elogiar Duke por não ter urinado na cama do hotel, tomei o banho mais quente que o chuveiro me permitiu e me troquei para passear no parque próximo à casa de Nath – um jeans wide de cós alto, uma camisa branca e um all-star da mesma cor.

Assim que estacionei do outro lado do quarteirão, prendi uma correia ao redor da coleira de Duke e tentei passear com ele, mas suas patas eram curtas e rapidamente me dei conta de que preferia carregá-lo nos braços.

Nath e Hawks já estavam no parque quando chegamos, assim como alguns outros cachorros e seus donos. Como eu não sabia exatamente o que fazer, decidi esperar até que ele me reconhecesse, e coloquei Duke no chão para que pudesse brincar na grama bem aparada. Mas quando fiz isso, todos os cachorros do parque – Hawks era um deles –, correram até onde nós estávamos.

Então disse olá para o bolder collie e ele lambeu a minha mão várias vezes, me dando a certeza de que ele ainda se lembrava de mim. Embora eu sentisse as lágrimas se formando nos meus olhos, me esforcei para contê-las, não podia me envolver com ele, tinha meu próprio cachorro.

Depois de brincarem um pouco, correndo atrás um dos outros, enquanto eu tomava o máximo de cuidado possível para que Duke não fosse pisoteado pelos maiores, as pessoas do parque caminharam até o motim para buscar seus cães, incluindo Nathaniel.

Quanto mais ele se aproximava de onde eu estava, mais nervosa eu ficava, e quando pegou Hawks pela coleira e o puxou para longe de Duke, seus olhos caíram em mim.

Era minha hora.

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