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𝗖𝗔𝗟𝗨𝗠 𝗛𝗢𝗢𝗗
𝟬𝟳:𝟯𝟴𝗽𝗺

Aristóteles pregava que o amor era formado de uma só alma habitando entre dois corpos; nada muito distinto do que minha família repassou durante nossas gerações. Meus pais, entretanto, foram casados, unificados pelo sagrado matrimônio, mas se odiavam a ponto de não manterem aos votos por muito tempo. Talvez isso tenha certa contribuição para o meu ceticismo, talvez tenha definido o modo como decidi seguir com a minha vida.

Deixei para trás crenças externas e criei meu próprio caminho, minhas próprias motivações; e com isso, me apaixonar por alguém nunca esteve na lista.

E assim, busquei o que me interessava nas mulheres e dei à elas, o que queriam de mim. Me habituei a não me expor, não me envolver, não me entregar; e se tornou rotineiro ser aquele que é desejado por uma noite ou duas, mas nunca o que é apresentado aos pais. E eu tão pouco me importava com isso, até conhecer Shiori Brosnan.

Eu juro, devia ter umas duzentas pessoas - Mali-Koa se queixa pela chamada de voz.

— Mas isso não é bom?

Sim, mas quando tu 'tá preparado pra se apresentar, ensaiou, não quando é convidado de repente, eu errei umas três notas e...

"O problema não é Ashton... é você, eu não posso ficar com você, Calum."

O que há de errado em mim? Quer dizer, sei que não sou uma das melhores opções para se passar o resto da vida ou uma parte dela, mas não sou digno sequer de uma tentativa?

Calum!? - ouço minha irmã chamar e percebo que a deixei reclamando sozinha.

Eu 'tô aqui, desculpa! - respondo, sacudindo a cabeça, tentando me livrar de certos pensamentos repentinos e contínuos que me assombram.

Você está chorando? - perguntou ela.

— Não, eu...

De repente, fico pasmo, notando a diferença nada sutil em meu tom de voz agora embargado, e sentindo lágrimas quentes correndo por minhas bochechas, sem me lembrar de quando elas se iniciaram.

O que aconteceu? - ela pareceu preocupada.

— Nada.

Como nada!? Você está chorando!

— Mali, por favor... - eu choramingo, sentindo o líquido ardendo em meus olhos. — Não quero falar sobre isso.

Claro, quer falar sobre o quê? Bolsa de valores!?

— Mali-Koa! - eu retruco, limpando os olhos com a manga suja do meu moletom.

Minha irmã sempre foi muito curiosa, constrangendo nossos pais com perguntas invasivas ou pesadas demais para a idade dela, mas dessa vez, eu não tirava sua razão.

Calum Thomas, tu não me faça ir até ai e te arrancar a verdade! - ela aumentou o tom de voz, e eu soltei um palavrão. — Por que está chorando? Desembucha!

— Aah, e-eu... é que tem uma pessoa...

 é que tem uma pessoa

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