⋄ O17 っ

269 34 95
                                    

— Venha, minha querida... - disse mamãe, estendendo os braços. — Venha com a sua mãe! - quando me apertou, segurou meus ombros de maneira tão intensa entre o corpo gorducho, esfregando seu cabelo tingido com perfeição em meu rosto, que mal consegui respirar. Deu certo tempo até que eu pudesse me desvencilhar.

Calum observava a cena, com as mãos no bolso do jeans, sorrindo enquanto me olhava diretamente nos olhos. Mordi o lábio, sentindo manchas vermelhas queimando em minhas maçãs do rosto.

Ele precisava aparecer justo naquele momento?

Depois de cumprimentar todos os presentes – a sala estava mais cheia, com a chegada de alguns convidados de Kedar –, Calum se dirigiu a Duke, que estava sentado no chão, próximos aos meus pés.

— Ei, Duke! - disse ele, agachando-se. — Duke... vem cá, amigão! - Calum deu batidinhas no piso e meu cachorro correu até ele.

Apesar de ser apenas um filhote, duvido muito que Duke não tenha reconhecido-o. Ele parecia muito contente, abanando o rabo enquanto Calum afagava seu pêlo.

— Vamos lá, precisamos tomar decisões! - o assessor disse, e se virou para mim. — Vamos esperá-la no segundo andar, na última porta a direita.

Aparentemente estávamos a espera de um buffet para oferecer a degustação do cardápio, e também para escolher a decoração para o dia da cerimônia.

Quando todos se afastaram, Calum e eu ficamos a sós.

— Subornou a minha mãe? - perguntei, ainda um pouco constrangida. — Pensei que ela fosse me comer viva, depois de tudo.

— Suborno? Meu pai é um agente da lei, assim você me ofende! - ele riu. — Mas eu falei com ela, sabe... antes, assim que recebeu os relatórios da clínica.

— E o que foi que você disse? - cruzei os braços, curiosa.

— Que a culpa era toda do Erwin.

— Erwin!? Meu namorado imaginário!?

— Seu ex-namorado imaginário - ele se levantou, com Duke nos braços. — Vocês já terminaram.

— O quê!? Quando? - fiquei confusa.

— Bem, quando eu tive que dizer que foi ele quem te ofereceu aquelas drogas - ele levou uma das mãos a boca, tentando disfarçar a risada.

— Ah, não... não podia ter inventado outra coisa? - cobri o rosto com as mãos, choramingando.

— Talvez... mas as chances de tudo dar errado seriam ainda maiores - respondeu ele. — Acha que foi fácil fazer você sair completamente impune depois dessa!? E sua mãe achou o máximo quando eu comentei sobre a surra que dei no cara, depois de descobrir todas as merdas que ele fez com você - ele deu de ombros. — Ao invés de ficar aí reclamando, você devia me agradecer!

— Você deu uma surra em Erwin Smith? - ergui uma sobrancelha.

— É, eu dei... - ele disse, debochando. — E daria outra se fosse pra te defender.

Não consegui conter o sorriso bobo que surgiu em meus lábios após sua declaração, mas embora meu coração tenha reagido mais do que o necessário com seu discurso teatral; também me senti irritada, pois teria que voltar a lidar com a implicância de minha mãe.

— Você também vai subir?

— Ah, não vai dar - se desculpou ele. — Na real, estou na cidade porque tenho reunião com a gravadora, então só aproveitei pra cumprimentar a sua irmã e... bem, pra finalmente conseguir ver você.

— Hm, então 'tá! - forcei um sorriso, tentando esconder meu desapontamento.

— Posso levar ele comigo? - Calum ajeitou Duke nos braços, acariciando suas orelhas.

◞ hᥲᥕhᥱ  !Onde histórias criam vida. Descubra agora