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𝗦𝗔́𝗕𝗔𝗗𝗢, 𝟭𝟴 𝗱𝗲 𝗝𝗨𝗡𝗛𝗢

Eu não sei ao certo por onde devo começar, mas definitivamente, não do começo. De todas as coisas que fiz até então – imprudentes ou nem tanto –, talvez os últimos dias tenham sido os mais difíceis de se explicar.

Enquanto organizava minha bolsa, com os cabelos molhados pingando na roupa de cama, após um banho decente; cogitei me vestir com o primeira camiseta confortável que encontrasse no armário e me entregar ao cansaço. Sentia como se tivesse vivido uns duzentos anos durante as minhas últimas quatro semanas.

O casamento de Keiko era em algumas horas, e eu estava completamente exausta por ter ficado quase toda madrugada em um backstage, acompanhando Ashton.

Ashton Irwin. Sim, eu sei...

Naquela mesma manhã em que reencontrei-o no corredor do prédio, Ashton conseguiu meu número de telefone e me enviou uma mensagem de texto. Depois de conversarmos durante quase toda a semana, ele insistiu para que jantássemos juntos.

Nós nos demos muito bem, a princípio. Foi como nos tempos do colégio, como se os anos nunca tivessem passado, como se as coisas ainda fossem as mesmas.

Ashton morava à apenas um quarteirão do restaurante francês super chique em que me levou, e quando já estávamos satisfeitos com a sobremesa, ele também fez questão de me apresentar seu apartamento. O imóvel era maravilhoso, muito bem centralizado, com janelas enormes e uma decoração de muito bom gosto.

Eu sabia que parte da família materna de Ashton era rica, mas eu nunca presenciei a real proporção disso. Seu pai era ausente, e seus tios sempre tentavam suprir a falta dele com bens materiais. E dessa vez, eles estavam bancando suas despesas no país, assim, Ashton podia arcar com alguns investimentos da banda – algo que realmente valia a pena –, além de viver da maneira que bem entendia.

Tomar uma garrafa de vinho em seu sofá, nos levou a uma sequência de beijos molhados – ele tinha muita pressa, apesar de tentar fazer parecer o contrário.

Mas pela primeira vez, isso foi tudo.

Voltei para casa apenas após o almoço do dia seguinte, foi verdade, mas não passamos dos beijos. O restante da noite me inundou com flashbacks sobre como tudo aconteceu na adolescência, e apesar de me sentir eufórica de novo, não queria apressar as coisas, não queria correr o risco de meter os pés pelas mãos.

Ao acordar, quando abri os olhos e vi que ele estava dormindo tranquilamente ao meu lado, a sensação foi muito esquisita. Eu não conseguia acreditar que estávamos juntos, de certa forma. Afinal, um reencontro com o primeiro amor depois de quase dez anos... parecia até que a minha vida se transformou em um daqueles filmes de romance clichê que eu costumava assistir.

Desde aquela noite, nosso relacionamento progrediu para algo sério rapidamente. Saíamos para jantar em restaurantes caros ou assistir blockbusters no cinema, com frequência. Ao menos um dia na semana fazíamos um programa de casais com outros dois garotos da banda, Luke e Michael.

Eram poucos os momentos em que ficava sozinha, mesmo em dias de show, onde o tempo era todo dedicado a banda, eu estava com Ashton. Parecia que a única coisa que faltava era morarmos juntos – e o sexo.

Normalmente, meu cachorro me acompanhava, mas contra sua vontade. Duke detestava ambientes superlotados e detestava Ashton. Houve dias onde fui obrigada a deixá-lo com Calum, porque o mesmo se recusava a sair comigo.

E por falar no meu vizinho, tudo foi esclarecido e nós estávamos bem àquele ponto, apesar de que sua postura em relação a Ashton chegava a ser pior que a de Duke.

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