⋄ O1O っ

212 26 45
                                    

"Shiori, aqui é a sua mãe. Hoje de manhã telefonei para a sua empresa para tentar falar com você, e a uma das secretárias me disse que você havia realmente sido dispensada, sem nenhuma pendência ou negociação. Você poderia ter a decência de me ligar e explicar o que está acontecendo? Obrigada."
  
  
A três anos atrás, Keiko e eu estávamos planejando uma breve viagem até a Coreia do Sul. Embora eu não soubesse nem ao menos o básico de coreano, Keiko estudou a língua durante quatro anos, e tinha certeza de que seria capaz de nos guiar pela cidade.

Mas ela estava errada.

No quarto dia em Taejon, nós estávamos irritadas, um pouco perdidas e muito famintas. Então, decidimos pedir ajuda para um rapaz que não conhecíamos – um amigo de um amigo que morava na cidade.

Ji Soo iria se reunir com alguns conhecidos em um restaurante tailandês e nos convidou para experimentar seus pratos favoritos.

Assim, a mesa incluía Keiko, eu e quatro rapazes bem bonitos, todos com a nossa idade, aproximadamente. Nils Allen Stewart Jr era um deles – era estadunidense, mas estava ali visitando uma parte da família.

Quando o jantar terminou, nós já estávamos bem íntimos um do outro, e após visitarmos alguns pontos da cidade e conversarmos a noite toda, Keiko acabou voltando para o hotel com Ji Soo, e eu fui para a casa dos avós dele. Depois de alguns beijos mais quentes e toques provocativos, eu não pude resistir e acabei transando com ele, com seus avós no quarto ao lado.

Nils voltou para a América uma semana depois de mim, como Houston não era tão longe de onde eu morava na época, começamos a namorar.

Era tudo perfeito, sempre... bem, até ele me pedir em casamento no Dia de Ação de Graças. Eu fiquei apavorada,  gostava muito dele mas não o suficiente pra tomar uma decisão dessas em tão pouco tempo.

Na noite anterior, passei em frente à sua renomada escola de culinária, que ficava no French Quarter. Olhando pelas janelas, percebi que havia uma aula em andamento e decidi que a melhor maneira de chegar até ele era me matriculando e dizendo que tudo era uma grande coincidência quando nos víssemos.

Pouco antes do meio-dia, tirei o meu celular de dentro da bolsa para ligar para a escola, quando, repentinamente, ele começou a tocar.

Chamada de vídeo de Sherlock Hood.

Ele estava com o tronco a mostra, jogado no sofá da sala, ajeitando seu boné preto e com um sorriso no rosto ao perguntar se recebi o e-mail que me enviou, dizendo que Jacob e Alfred eram casados.

— Sim, obrigada - eu disse, tentando esconder minha decepção. Era uma pena, Alfred era o homem perfeito que deixei escapar. — Ei, por acaso você sabe algo sobre o Gilinsky? Ou então, Graham ou Ashton?

E de repente, ele estava sério. Seu sorriso sumiu de maneira nada sutil de seu rosto e pude notar sua testa se enrugando levemente, enquanto ele afastava o celular, de modo em que eu podia ver apenas parte de seu rosto.

Hm, não, desculpe - ele pigarreia. — E então, como estão as coisas? - perguntou. — conseguiu falar com algum desses caras?

Ainda analisando sua repentina mudança de humor, respondi sem pensar.

— Sim, mas não tive sucesso com nenhum deles. Você devia ter visto, foi um fiasco... mas agora estou em New Orleans, e espero que... - de repente eu me dei conta do que estava dizendo e parei de falar. — Você me manipulou pra que eu dissesse isso!

O quê!? Não 'tô te manipulando! Foi só uma pergunta, Brosnan! - respondeu Calum, rindo.

— Uma pergunta capciosa pra saber o que eu 'tô fazendo, isso sim! - rebati, descontrolada.

E quando você diz o que está fazendo, você quer dizer que 'tá indo atrás dos seus ex-namorados, né?

Eu larguei o celular sobre a mesa da lanchonete em que estava, tentando não soltar um palavrão. Duke me encarava com seus grandes olhos castanhos, sem entender meu momento de histeria.

Ah, calma, Brosnan! Não precisa ficar brava!

Uma onda de raiva me envolveu – algo mais direcionado a mim mesma do que a ele –, e senti minha testa queimar, enquanto cerrava o punho, optando por não responder.

Shiori? Por que você 'tá perseguindo seus ex-namorados? É algum tipo de penitência!? Olha... não precisa se desesperar, eu ainda posso dormir com você.

— Calum! Não é nada disso, idiota! - respirei fundo e peguei meu celular sobre a mesa. Meu vizinho continuava na mesma posição, mas as tatuagens no peitoral eram mais visíveis. — E o motivo não é da sua conta!

Sim, você tem toda razão - respondeu. — Mas nós somos amigos, e se eu soubesse, eu poderia conseguir algumas informações extras que poderiam te ajudar.

— Que tipo de informações? - fiquei tentada.

Bem, em relação ao cozinheiro, por exemplo, eu descobri que ele é um chefe muito respeitado na cidade, sua aulas de culinária são o maior sucesso e recentemente ele comprou um loft, avaliado em meio milhão de dólares, no Warehouse District - tentei não relaxar minha expressão, mas estava em choque.

Era ele, eu tinha certeza desta vez. Nils Allen Stewart Jr era o homem da minha vida.

— Interessante, devo alguma coisa a mais por isso?

Sim, me deixe ver o Duke - eu revirei os olhos. — E foi um prazer deixá-la tão animada quanto agora, embora você esteja tentando fingir o contrário - nós sorrimos um para o outro. Ele era realmente um ótimo investigador.

Me estiquei para pegar Duke na cadeira ao lado, e o trouxe para a frente do câmera. O sorriso largo marcando as bochechas apareceram no rosto de Calum.

Olá, amigão! Como você 'tá? - sua voz ficava mole ao falar com ele e seu semblante era mais gentil. Calum era um fofo! — Sua mãe tem cuidado bem de você?

— Claro que eu cuido bem dele! - me intrometi. — Gasto mais com sachês de ração do que em gasolina.

Não faz mais que sua obrigação, é muita loucura sair pelo país fazendo uma coisa dessas carregando o pobrezinho com você.

— Não me enche, vizinho. E tenha um bom dia!

Você também, querida! - ele piscou para mim. — E boa sorte com o seu cozinheiro!

Assim que desliguei o telefone não me contive e soltei um grito. Dando uma breve olhada ao redor logo em seguida, me garantindo que nenhuma das pessoas sentadas à minha volta estava me encarando.

New Orleans era tudo de bom!

◞ hᥲᥕhᥱ  !Onde histórias criam vida. Descubra agora