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Nos últimos dias, sempre que estamos em ligação, ela acaba chorando - resmungou Keiko. — Será que você pode conversar com a mamãe e ajudar a melhorar essa situação, por favor?

— Sim, eu posso - respondi.

Eles realmente anteciparam a data do casamento, alegando que a única razão pela qual iriam esperar seis meses até a cerimônia, era porque queriam que ela ocorresse no Starlight Roof, uma danceteria, no Waldorf, que foi bem badalada na década de trinta. E era necessário entrar em uma lista de espera para conseguir agendar qualquer coisa ali. Mas acabaram desistindo do luxo tradicional, e então, com o curto prazo, minha mãe estava arrancando os próprios cabelos.

Assim que me contou todos os detalhes dos novos planos de última hora para o matrimônio, Keiko me convidou para ser sua madrinha – obviamente, eu disse sim – e com isso, ela me revelou que já encomendara com um estilista não somente seu vestido de noiva, mas também o meu.

— Calma... o que você disse? - perguntei, completamente horrorizada. — Já encomendou o meu vestido? Por quê?

Digo, como assim!? Ela sabia muito bem como eu era insuportável para escolher minhas roupas, principalmente em eventos importantes, devido aos meus seios muito pequenos. E ela nem me deixou experimentar!

Relaxe, 'tá bem?! - ouvi som de talheres e ela começou a falar de boca cheia. — Eu peguei as medidas daquele vestido caro que você deixou lá em casa e pedi pra fazerem um modelo spaghetti com fenda, igualzinho aquele que vimos na vitrine do shopping. Tenho certeza de que você vai ficar ótima nele.

— E qual cor você escolheu?

Escarlate.

Ah, perfeito! Enquanto Keiko desfilaria com camadas brilhantes de tecido branco, eu seria a vadia de vermelho.

Depois de almoçar uma porção generosa de tacos mexicanos, eu resolvi seguir os conselhos de Calum sobre dizer a minha mãe que estava namorando com alguém, só para que ela me deixasse em paz

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Depois de almoçar uma porção generosa de tacos mexicanos, eu resolvi seguir os conselhos de Calum sobre dizer a minha mãe que estava namorando com alguém, só para que ela me deixasse em paz.

"Você precisa esclarecer as coisas ou fazer algo que possa distraí-la por um tempo. Se não fizer isso, ela nunca vai deixar de se decepcionar com as suas escolhas. Quando você encontrar alguém e decidir se casar, ela vai achar algo errado com a organização do casamento, assim como ela está fazendo com a Keiko. Depois disso, vai começar a se intrometer no seu relacionamento e depois, na maneira com que você cria seus filhos. Você precisa dar um basta enquanto ainda há tempo, Shiori."

Calum estava sendo um ótimo ouvinte e excelente conselheiro naqueles momentos, e nos identificamos muito um com o outro quando se tratava da relação com os pais.

Por que não me disse que suas relações com a Paltrow foram extintas? - mamãe nem me cumprimentou. — Por que está mentindo pra sua mãe, Shiori?

Eu tinha me esquecido disso.

— Oi, mamãe! Não 'tô mentindo, juro que ia te explicar tudinho... - comecei a dizer, lentamente. — Mas estive tão ocupada nos últimos dias que...

Ah, eu fiquei sabendo! - ela me interrompeu, cochichando. — E ele é tão fofo!

Durante os próximos minutos, fiquei ouvindo minha mãe tagarelar sobre Calum e sobre como ele é alto, forte e educado. Quando ela finalmente recuperou o fôlego, contei que não estávamos namorando. Embora pareceu completamente devastada no início, ela me disse que continuaria otimista, porque...

Eu sei que vocês ainda vão ficar juntos, ele é seu vizinho de porta - suspirou. — É perfeito!

— Mãe!? Pelo amor de Deus!

Shiori, preste atenção! Nunca ouviu dizer que a compatibilidade em relação ao local onde moram ajuda no relacionamento? Talvez ajude você e Cálom.

— É Calum, mãe - resmunguei.

Ah, sim, me desculpe! Talvez ajude você e Cálom.

— Mãe, eu já disse, somos só amigos - expliquei mais uma vez, um pouco irritada. — Na verdade, somos menos que isso. Só conversamos umas duas ou três vezes pessoalmente, eu mal o conheço.

Isso não importa, acho que esse é o momento perfeito pra mudar isso, já que você está desempregada.

Antes de responder, parei para pensar nas minhas opções.

Se eu dissesse à minha mãe que ela tinha razão, ela não me deixaria em paz, ligando e querendo saber como estavam as coisas entre mim e "Cálom". Por outro lado, se eu dissesse a ela que não estava nem um pouco interessada nele – o que seria uma mentira bem grande, por assim dizer –, ela ainda teria as mesmas atitudes, me perturbando de qualquer forma, mas para tentar me oferecer para algum dos amigos velhos e ricos do papai. E repentinamente, me lembrei do conselho que o próprio Calum me deu: jogue um osso para ela se distrair.

— Na verdade, mamãe... esse realmente não é o momento porque... bem, porque 'tô namorando outra pessoa.

Outra pessoa? - minha mãe soltou um gemido de emoção. — Não acredito! Está mesmo!?

— Sim, eu estou - mordi a língua. — E não quero atrair algum tipo de azar pra essa relação, você sabe como sou paranóica com essas coisas, por isso, prefiro não falar sobre ele no momento.

Ah, claro! Eu entendo completamente. Mas será que você pode ao menos me dizer o nome dele? Shiori, eu estou tão feliz!

O nome dele? Que merda!

— O nome dele é Erwin, e bem... ele era instrutor acadêmico no Japão - eu exclamei, orgulhosamente falsa.

Erwin? - ela não se conteve. — Parece ser um homem tão elegante, não é!? Que maravilha!

— Sim, mãe, ele é uma maravilha - pobrezinho do comandante. — Sem mais perguntas, por favor.

É claro, eu prometo que não perguntarei mais nada.

Depois de desligar, dei risada comigo mesma, pegando Duke no colo para terminar de tirar os fiapos de lã presos em seus pêlos brancos.

Erwin, um instrutor japonês... eu esperava muito que minha mãe não decidisse que estava na hora de começar a assistir animes.

◞ hᥲᥕhᥱ  !Onde histórias criam vida. Descubra agora