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𝗦𝗔́𝗕𝗔𝗗𝗢, 𝟭𝟲 𝗱𝗲 𝗝𝗨𝗟𝗛𝗢

Naquela manhã, só tive a consciência de que havia pego no sono quando finalmente acordei.

O quarto estava muito escuro, e meio desnorteada, procurei pelo meu celular em meio aos lençóis, mas ao não encontrá-lo, vasculhei ao lado da cama. Segundos depois, sem nenhum vestígio do aparelho, percebi que aquela cama não era minha e aquele quarto não era meu.

Eu não estava em casa.

Com o peito iniciando uma série de batidas frenéticas e a cabeça começando a latejar, eu entrei em pânico.

Da última vez em que fiquei bêbada o bastante para perder a noção do que estava fazendo, acabei dormindo com Mitchy Collins, e a hipótese de que algo minimamente próximo a isso tivesse acontecido, me apavorou.

O clima era úmido, meu cabelo estava embaraçado e a minha pele estava grudenta, fedendo a álcool. Me livrando dos lençóis, respirei aliviada ao me ver inteiramente vestida. Forçando os olhos, me sentei na cama, olhando ao redor e tentando reconhecer onde estava.

Lembranças do início da noite passada invadiram minha mente, lentamente, mas eu não fazia ideia do que poderia ter acontecido depois que me perdi de Payton Selzer.

— Aah! - me engasguei com o susto, percebendo alguém me observando pela fresta da porta.   

— Boa tarde, senhorita! - disse, imitando um sotaque francês. — Como passou a noite? - Crystal abriu a porta, entrando no cômodo e puxando as cortinas, fazendo meus olhos lacrimejarem com a luz repentina.

— Que susto! - levei a mão ao peito, onde meu coração ainda trabalhava acelerado. — Como vim parar aqui?

— Trouxemos você, Dona Bêbada! - ela sorriu para mim, mostrando os dentes. — Sua amiga pediu Michael pra te buscar, porque você estava, digamos, fazendo um fiasco, acho que até perdeu um sapato... achamos que seria melhor fazer a gentileza de não te deixar sozinha, mas você chorou o caminho todo e ainda vomitou na minha sala.

— Me desculpa! - eu respondi, constrangida.

Eu não tinha um vislumbre sequer de tudo isso.

— Ah, não tem problema, essas coisas acontecem, mas vou deixar o tapete de molho pra você lavar.

— Hm, tudo bem - eu fiz careta, virando o rosto para baixo, deixando meus fios de cabelo embolados caírem na bochecha.

Sem qualquer aviso, Crystal saltou na cama, se arrastando até o meu lado e me agarrando pelo braço com suas mãos finas e unhas compridas.    

— Você terminou mesmo com o Ashton?

— Sim - me obriguei a levantar os olhos, mas não sabia exatamente onde focar. Não era meu assunto favorito no momento, mas sentia que não conseguiria escapar.

— E um dos motivos pelos quais você fez isso, foi o Calum, não é!? - ela ergueu uma sobrancelha.

— Bem, mais ou menos isso... - senti o rubor crescendo ainda mais em minhas bochechas.

— Eu sabia! - comemorou ela. — Vocês estavam se comendo com os olhos aquele dia no bar, eu me senti esmagada pela tensão sexual.

Então, quer dizer que as pessoas perceberam?

— Crystal, não diga isso! - a vergonha me fez cobri meu rosto com as duas mãos.

— Foi inevitável - ela riu, se defendendo. — Mas você vai mesmo atrás dele, não é!?

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