Capítulo 2

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Eram seis em ponto quando Daniel, motorista de Lalisa estacionou na frente do grande edifício e já me ajudava a subir com as malas e algumas caixas. Preparada ou não, teria que enfrentar todo aquele apartamento.

Respirei fundo, ainda tando tempo de desistir. Balancei a cabeça tentando esquecer esses pensamentos por fim tocando a campanhia. Não sei, mas acho que ela pressentia que alguém iria chegar, pois não demorou nem dois minutos para a porta se abrir.

- Pontual.- ela falou de uma forma simplista se abaixando para pegar as minhas duas malas.- Eu trabalho das seis a cinco, não costumo tomar café mas estou tentando mudar isso. Seu quarto é esse aqui.

Com tanta informação acabei pegando a sua última frase, era uma quarto simples, mas perfeito para mim. Meio sem graça, mas estava dd ótimo tamanho.

- Fique à vontade para pintá-lo, decorá-lo ao seu gosto, posso te ajudar com isso se quiser. Deixei o número do meu celular em cima da mesa, não se preocupe com os gastos sobre a comida, água ou qualquer banalidade.

Quando ela finalmente saiu, respirei um pouco, pois o ar perto dela parecia nao existir, sempre autoritária e mandona, um ar de poderosa, mas tão desorganizada.

- Hey, Louis, a sua dona é sempre tão fria e chata assim? Ou será que ela acordou de mau humor?

O apartamento de Lalisa era lindo, apesar da bagunça, era uma cobertura muito bem elaborada, e bem distribuída. Adorei ver duas caixas de sons ali na sala, me daria ânimo para arrumar tudo.

Céus, aquela mulher nao tinha guarda-roupas?

Ao terminar de separar todas as suas roupas que se encontravam na sala, meio constrangida em algumas partes, fui seguindo e arrumando tudo como podia.

Tive desavenças com uma barata, quase deixando ela tomar conta do apartamento, o seu tamanho me aterrorizava. Mas com a ajuda dos latidos de Louis, consegui matá-la, correndo para trás do sofá ao jogar o inseticida.

Lalisa precisava muito de ajuda aquilo era bem nítido.

Ao entrar em seu quarto para guardar algumas roupas limpas, me perguntei mais uma vez se dava tempo de desistir. Vi alguns brinquedos ali, como blocos de montar e alguns ursinhos de pelúcia. Fiquei meio confusa, até ver um porta retrato de uma garotinha absolutamente linda, cachos loiros e olhos verdes bem claros, eu não sabia quem era, mas se eu a visse com certeza a encheria de carinhos e mimos.

Não me senti tão solitária, pois Louis me seguia por toda a casa e eu conversava com ele. A música também me ajudava a ter energia, e acabei não percebendo quando já eram quase cinco. Estava terminando de lavar a louça - uma coisa que Lalisa provavelmente não sabia fazer - quando ela entra no local. Me senti orgulhosa em ver o seu olhar surpreso, estava realmente tudo muito bem organizado e limpo, isso era o mais importante.

- Uau, você fez um ótimo trabalho.

- Muito obrigada, senhora Manoban.

- Levou quanto tempo para terminar?

- Pra falar a verdade ainda não terminei, falta algumas coisas.

- Não parou até agora?- neguei.- Comeu algo?

- Um sanduíche. Preciso voltar para a cozinha. Gostaria de algo especifico para o jantar?

- Da sua preferência. Vem, Louis.- quis rir quando a bolinha de pelos brancos se deitou ao meu lado, acho que entediado de ficar com a dona.- Tudo bem. Me chame quando tudo ficar pronto.

- Como quiser.

Ainda descobriria o motivo pelo o qual todas as vezes que ela falava comigo eu tremia. Para não incomodá-la, coloquei os meus fones de ouvido ainda curtindo a música enquanto preparava algo rápido para ela comer.

Não demorou até a mesa ser servida e logo ela se fazer presente. Meio nervosa pois a mulher me encarava de um modo estranho, a servi sabendo que estava corada, o seu olhar começava a ser incômodo. Tinha que me concentrar.

- Bom apetite, senhora Manoban.

- Espere.- ainda de costas, pois iria me retirar, parei. Só faltava ela não gostar de estrogonofe.- Não irá jantar?

- Na cozinha.

- Porque na cozinha sendo que tem uma mesa bem aqui ao seu lado?

- Não quero te atrapalhar.

- A sua presença não me atrapalha, sente-se e se sirva, por favor.

Mordendo a parede da minha bochecha e sem esboçar nenhuma reação me sentei ali, concentrada em meu prato e no que eu comia. Sentindo aqueles olhos me queimarem. Porque ela olhava tanto pra mim?

Graças a Deus ela decidiu não iniciar nenhuma conversa provavelmente constrangedora para mim e desconfortável para ela no mínimo. Sem se manifestar ela foi para o seu quarto e mais uma vez naquele dia, pude respirar aliviada em não tê-la por perto.

- A sua dona é assustadora, Louis.

Sentir (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora