Podia ver as lágrimas brotando em seus olhos enquanto o seu dedão tirava um pouco da farinha que tinha em minha bochecha, ela tombou a cabeça grudando as nossas bocas daquele modo que eu tanto gostava. Sem demora as nossas línguas tiveram contato de um jeito incrível, eu sorri ao me lembrar daquele beijo, poder sentir a nossa sincronização daquela dança quente e do jeito que as nossas cabeças iam para lados diferentes era a melhor coisa do universo.
Quando nos separamos, com aqueles tímidos sorrisos e selinhos, pude arrumar a sua franja. Ela raspou o nariz no meu, rindo baixo do modo que eu corei.
- Se sente feliz...?
- Huhum...
Quando ela tentou me beijar virei o rosto, não podia ser tão liberal com ela, ainda sentia a dor em encontrar ela junto com Ellen. Ela apenas sorriu, se retirando de cima de mim e esticando a mão. Fui puxada para cima me colidindo com ela e facilmente, Lalisa me roubou outro beijo. Eu bati em seu ombro correndo de volta para a cozinha.
- Olha a sujeira que fizemos, Lisa. Você vai limpar tudo.
- Tudo bem, eu limpo.- me perguntei porque ela me encarava daquele jeito tão suave. Havia um sorriso em seus lábios. Aquilo estava me fazendo derreter por completa.
- Para de me olhar assim!
Ela balançou a cabeça começando a varrer a sujeira do chão enquanto eu limpava o restante da cozinha. Corri para o seu banheiro pegando uma blusa dela querendo tirar toda a farinha de mim, logo Lalisa estava cogitando na ideia de passar a noite ali, e como já se passava das onze e ainda chovia não protestei tanto. Depois de fechar a porta do quarto, me joguei na cama literalmente, sem pensar em me cobrir. A blusa que usava tinha o seu cheiro doce, e aquilo me fazia sorrir, na minha cabeça vinha o nosso beijo, como se fosse o primeiro que a gente deu. Ela me fazia bem, mesmo errando, amava ela.
Senti uma massagem muito boa em meus pés, tão bom que me vez murmurar. Aquelas mãos sabiam trabalhar bem, em todos os quesitos.
- Poderia gritar agora por você ter entrado no quarto sem bater...
- Poderia gritar agora por você ter entrado no meu coração sem pedir...
- Mais uma? Só hoje foram dez, Lisa.
- Qual você mais gostou?
- Hum, a da rosa e do regador me deixou com uma grande vergonha alheia.
- Que você é o regador que faz a minha rosa interior florescer?
- Saí daqui, Lisa!- eu ri jogando o travesseiro em sua direção.
- E o da Rapunzel?
- Boa noite, Lisa!
...
Ao chegarmos no orfanato fomos recebidos por muitas crianças, não seria diferente. Era tão bonitinho ver eles nos ajudando a trazer algumas caixas, que não foi surpresa eu me lembrar da Ariana. Ela iria completar seis anos em pouco tempo. Aquilo doía.
- Olá! Você é muito linda, moça!
- Oi, obrigada, pequeno. Você também é muito fofo.
- Você tem sorte em ter uma namorada tão linda.- o menino se direcionava a Lalisa, que sorriu para ele. Eu me senti em um loop constate.
- É verdade. Como se chama?
- Chunghee. Não tenho um sobrenome, quem sabe um dia.
- Bom dia, senhoritas. Podem me seguir por favor.
Nos deixamos as coisas de Ari ali, no começo achei aquilo errado, era as coisas da nossa Ariana, da garota dos cachos, olhinhos verdes... aqueles olhinhos verdes que agora só poderia ser lembrado.
- Chunghee sempre gosta de receber as visitas.
- Ele é uma graça.
- Está aqui dês que nasceu, ele sofre um pouco de rejeição dos demais pelo o problema no olho.
Eu iria perguntar exatamente aquilo. Ele usava um tampão no olho esquerdo acompanhado de um óculos, sua pele era do mesmo tom da minha, até mais claro, e tinha fios escuros até a nuca, ele era lindo.
- O que aconteceu com o olho dele?
- Ele nasceu com um grau ocular menor. Ele começou a ter desfeitos com o seu olho esquerdo e quando completou três anos perdeu cem porcento da visão do olho esquerdo. Mas o mais incrível é que pra ele é tão normal, que parece não fazer falta. São só essas coisas mesmo?
Eu continuei encarando o menino pequeno sentado no banco enquanto via as outras crianças correrem, ele tinha na mão uma canetinha, aquilo me chamou atenção. Caminhei até ele me sentando ao seu lado, sem dizer nada continuei observando cada criança que tinha ali.
- Gosta de desenhar?- perguntei ganhando a sua atenção.
- Gosto! Já fiz um dragão azul, mas o papel acabou molhando.
- Por isso da canetinha?
- É a minha canetinha da sorte, mas acho que ela está com defeito.
- Porque acha isso?
- Sempre a seguro quando algum casal vem adotar um de nós, mas nunca me escolhem. Acho que preciso escolher outra canetinha.
Eu o olhei com um nó na garganta formado, e o meu único conforto no momento foi passar a mão em sua cabeça. Ele se virou pra mim sorrindo enquanto brincava com a canetinha.
- Vamos?
Eu não queria ir, não mesmo. Todas as crianças ali eram adoráveis, e prometi a Chunghee vir mais vezes para desenharmos juntos. Lalisa me encarou o caminho inteiro até a minha casa. Quando chegamos, não saí do carro pois ela havia me pedido.
- Tem algum plano para hoje a noite?
- Não.
- Aceita ir no cinema comigo? Vi um musical que lançou e sei que você gosta... meio que... eu já comprei os ingressos.- eu sorri meio sem jeito. Ela estava me chamando para um encontro?
- Aceito, Lisa.
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Sentir (Jenlisa)
FanfictionDepois de perder a sua namorada em um trágico acidente, Lalisa começa seguir a sua vida, mesmo achando que aquilo seria difícil. Em meio a tudo isso, Lalisa contrada uma diarista para ajudar com as tarefas domésticas. O diferente, é que Jennie Kim é...