Acabei caindo no sono com a sua respiração leve e quente em minha nuca, seu braço não abandonou a minua cintura em nenhum momento, e mesmo as vezes eu me mexendo de um modo meio brusco, ela me apertava ainda mais contra o seu corpo, e no momento eu só pude aceitar.
Ao acordar no entanto, Lalisa não estava ao meu lado, mas havia um papel dobrado em seu travesseiro. Sentei na cama odiando o sol que entrava pela persiana da grande janela. Olhei para Ariel que ainda dormia tranquilamente.
Fui a uma reunião, não devo demorar. Se for da sua vontade, podemos sair para comer algo.
Lalisa.
Sorri con poucas palavras, saber que ela se preocupou em me avisar sobre a sua ausência me deixou... estranhamente feliz. Tomei um banho gelado para tirar os restos de preguiça e indisposição que eu tinha naquela manhã. Aproveitei para ir na varanda, a vista para as montanhas era linda, um vento gelado passou por mim, me fazendo sair do transe. Ouvi uma voz manhosa e rouca chamando pelo o nome de Lalisa e logo em seguida o meu. Ariana sorriu em me ver, ainda embrulhada em várias cobertas, seu cabelo completamente bagunçado mas que não deixava de ser fofo.
- Bom dia, Jennie... cadê a Lili?
- Ela foi a uma reunião mas não deve demorar.
Praticamente puxei Ariana para fora da cama, a ajudando no banho realizando um sonho besta de um dia poder cuidar daquele cabelo tão lindo. Depois de colocar o seu tênis, me sentei atrás dela com a escova na mão, ansiosa para colocar em prática vários penteados que vi na internet aleatoriamente.
- Se eu puxar muito você me fala, tudo bem?
- Huhum. Como será que Louis está agora, Jennie?
- Eu tenho certeza que aquele hotel vai cuidar muito bem dele. Se lembra de como ele ficou animado em ver tantos cachorros?
- Acho que as vezes o Louis se sente muito triste por não ter um amigo, a minha irmã a maioria do tempo ou está fora de casa, ou está no escritório. Tem medo da Lili, Jennie?
- De verdade? Um pouco.
- Mas ela é legal.
- É, pode ser.
Lassamos mais um tempo ali, e quando eu estava quase terminando aquele penteado percebi a presença de Lalisa, parada na porta a nos encarar. Ela sorria por algum motivo, o motivo que me deixou sem jeito por breves segundos.
- Lili! Olha o penteado que a Jennie fez no meu cabelo, você gostou?
- Você está parecendo uma princesa, Ari. Está linda.
- Posso ir lá no parquinho, unnie?
- Não saía de lá, ok?
Então ficamos ali a sós, Lalisa me encarando como se eu fosse um quadro que custou muito caro. Ela se direcionou até o banheiro sem dar um palavra, me encontrei sem saber o que fazer naquele momento.
Quando saiu, se sentou ao meu lado batendo os dedos impacientes nas pernas, depois se levantou trancando o maxilar. Eu não estava entendendo mais nada.
- Podemos... podemos... você...
- Eu quero, senhora Manoban.- torcia para ela estar falando do almoço, pois talvez tenha aceitado algo que não era da minha consciência.- É sobre o almoço, certo?
- C-calro. O que mais seria? Espero você lá embaixo.
Será que ela era bipolar?
Não demorei para me arrumar, brigando com o meu cabelo que não ficava do jeito que eu queria. Já sem paciência alguma o prendi em um rabo de cavalo alto, mesmo assim não ficando satisfeita.
- O que eu te fiz? Nem passei chapinha em você essa semana, não sei porque está tão rebelde. Quando voltarmos, nós conversamos.
Depois do pequeno sermão que dei ao meu cabelo, encontrei Lalisa e Ariana correndo uma atrás da outra, mesmo achando errado, me permiti olhá-las de longe e apreciar um pouco aquela imagem tão aconchegante. Até que a pequena me viu e correu em minha direção, sem muito esforço a peguei no colo caminhando em direção a Lalisa. Vi a sua pele meio avermelhada, e os seus olhos percorrendo cada canto do meu corpo.
Vi que ela queria falar algo, mas apenas se virou e caminhou até um dos carros abrindo a porta para que Ariana entrasse.
- Ela te achou bonita, Jennie.- a menina sussurrou antes de entrar ali. Acho que acabei corando.
Pronta para entrar no banco de trás junto a Ariana, Lalisa me impede abrindo a porta do passageiro pra mim, fiquei surpresa, ela não me encarava mas podia notar o seu sorriso tímido. Porque ela estava sorrindo? E porque eu estava sentindo tantas borboletas no estômago?
Ela sintonizou o rádio quando entramos na avenida, Ari distraída com o seu ursinho de pelúcia - que eu costurei quando Louis decidiu arrancar o braço do pobre coitado - e depois de colocar em uma estação qualquer, sua mão mais uma vez pousou em minha coxa.
Olhei aquilo e sem entender, sorri e aceitei.
- Gosta de músicas?
- Quem não gosta?
- Não gosto tanto.- a olhei meio surpresa, querendo rir, mas me limitando.- Pode rir, eu sou uma pessoa diferente.
- Bem diferente. Acho que apenas não ouviu as músicas certas.
- Como?
- Sim, senhora Manoban, a pessoa perde o gosto musical se não entrar em sintonia com a batida ou com a letra.
Nem precisei pedir, Lalisa já logo falava para mim conectar meu celular com o rádio do carro. Eu tremia quando a sua mão apertava a minha coxa em algumas vezes. Ousada foi quando a subiu um pouco mais, quase chegando perto da minha virilha. Aquilo me fez prender a respiração algumas vezes.
- Acho que irá gostar dessa música.
Ela me olhou rapidamente provavelmente viu que eu estava meio vermelha por conta da sua mão quase tocando a minha calcinha. Se eu soubesse não teria colocado uma saía.
Eu te ligo demais
Você nunca atende
Só quando quer transar
E eu não me canso
Você é o homem dos meus sonhos
Pois você sabe como partir
Mas ainda acredito que você mudaria por mim
Você está sempre indisponível
E eu sou insaciável
Sorte sua
Eu ter todo esse complexo paterno
O que posso fazer?
Eu fico louca quando estou com você
Esqueço de toda a terapia que já fiz
Sorte sua
- Muito... tocante essa música. Poderia me passá-la depois, Jennie?
- Claro, senhora Manoban.
- Olha, porque tantas formalidades? Pode me chamar apenas de Lisa que já está muito bom.
- Mas te chamo assim dês do primeiro dia...
- E dês do primeiro dia eu não gosto.- olhei intacta pra frente quando ela se aproximou, muito perto do meu ouvido.- Pode ser que eu queria te escutar me chamando de senhora em momentos mais quentes... apenas isso.
Como se a sua voz rouca não fosse suficiente, seus dedos tocaram de leve o tecido da minha calcinh, me fazendo engolir seco e queimar por dentro. E antes dela se afastar pois as buzinas dos outros carros já se faziam presentes, em minha bochecha foi depositado o mais demorado e molhado beijo que eu já recebi em toda a minha vida. Ela sorriu e voltou a dirigir, sem nunca tirar a mão da minha coxa.
Eu estava enlouquecendo.
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Sentir (Jenlisa)
FanfictionDepois de perder a sua namorada em um trágico acidente, Lalisa começa seguir a sua vida, mesmo achando que aquilo seria difícil. Em meio a tudo isso, Lalisa contrada uma diarista para ajudar com as tarefas domésticas. O diferente, é que Jennie Kim é...