Capítulo 22

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Pov Lalisa

- Nunca pensei que te ligaria de volta, Lalisa... como vai?

- Porque me ligou? Estranho me ligar, já que pra você eu fui a culpada de tudo.

- Eu errei. Você não teve culpa...

- Quando ela morreu não foi isso que você falou.

- Ellen não morreu. Ellen está aqui, na minha frente. Ela sobreviveu, Lalisa... ela... ela está viva...

- Eu não acredito nisso. Falaram que não havia chances de sobreviventes, já fazem quase cinco anos, isso não faz nenhum sentido.

- Ela sobreviveu, Lalisa... isso é um milagre de Deus... porque não vem até aqui?

- Você acha mesmo que vou ficar aqui? Estou a caminho.

Me levantei correndo pelo o quarto de Jennie, pegando a minha carteira tentando achar o meu tênis. Sabia que aquilo não era certo, não estava sendo justa com ela. Mas eu precisava ver com os meus próprios olhos, aquilo não deveria ser verdade.

- Eu... eu precisa ir a um lugar agora, Nini...

- As duas da manhã?- senti o armago em sua resposta, e não a culpei.

- Eu sei, não é justificável...

- Pode ir. Estou com sono.

Seria inútil tentar explicar algo naquele grau pra ela. Deixei um beijo em sua bochecha sussurrando um desculpe e corri até o carro. A casa dela era meio distante dali, mas eu acelerei o máximo que podia, minhas mãos tremendo, eu estava tremendo. Aquilo não podia ser real. Toquei a campanhia desesperadamente, tapando a boca em pura surpresa em vê-la. Era ela mesmo.

A olhei de cima abaixo, tentando ter a certeza que era ela, que era a Ellen. Seu cabelo estava muito comprido e mais cacheado, ela ainda transmitia a leveza que sempre teve, seus olhos com lágrimas ainda eram naturais e lindos. Ela estava... incrível...

- Ellen...

- Lisa...- tinha um fraco sorriso em seu rosto, já eu? Eu estava em um choque grande, não conseguia me mover, nem mesmo quando ela me abraçou de um modo envolvedor. Apenas aquele abraço que eu bem conhecia.

- Como...?

- Entre.

- Não... eu... eu não posso demorar... me diz, Ellen, como?

- Não sei ao exato. Quando tudo desmoronou eu pensei que estava morta... mas me tiraram dali, eu fiquei em coma, perdi a memória... e agora eu lembrei... não tive coragem para voltar de imediato... mas aqui estou eu... estou aqui, meu amor...- levantei as sobrancelhas quando Ellen me beijou. O pior de tudo foi que eu correspondi do mesmo modo. Entrelaçando meus braços em sua cintura afundando aquele ato que a cinco anos eu não sentia, aquele gosto suave que a sua boca tinha. Fazia tanto tempo. Comecei a chorar abraçando aquele corpo, sentindo o cheiro dos seus cachos, parecia que nada havia mudado dês do meu último momento com ela. Ellen estava mais linda. Estava maravilhosa.- Não chore... estou aqui, amor, estou aqui... estamos bem agora...

Não. A Jennie. Eu estava com a Jennie agora. Eu amava a Jennie. De verdade.

Como um click, pareci acordar do transe, me afastando dela, olhando aqueles olhos de mel cheio de amor e esperança. Eu... agora eu não sabia o que sentir.

- Está muito tarde, porque não entra? Temos muito o que conversar...

- Não, Ellen, eu... eu não posso...

- Porque não? Lisa, ficamos cinco anos longe uma da outra... passe essa noite comigo...

Eu cedi. Eu fiquei com ela naquela noite, eu a toquei naquela noite, ela me tocou naquela noite. Eu havia traído Jennie. Eu estava confusa. Eu não deveria, ela deveria estar me esperando ainda.

Eu havia gostado de passar aquela noite com Ellen, reviver o nosso relacionamento... eu estava traindo Jennie.

Quando ela pegou no sono, tomei um banho correndo de volta para a casa dos pais dela, eu precisava acabar com algo. Ellen. Jennie. Eu amava as duas. Mas não podia ficar com as duas, seria extremamente estúpido.

Ela dormia tranquilamente quando entrei. Me senti suja. Suja por ter transado com outra pessoa. Era a Ellen... eu amava a Ellen, sempre amei ela... mas agora era Jennie que habitava a minha cabeça o tempo inteiro, morreria pela Jennie. Ela estava comigo agora, e eu a amava. Mas porque sentia tudo igualmente por Ellen?

- Shh... sou eu...- murmurei quando ela se remexeu na cama.

- Resolveu o que tinha para resolver? Era a Ellen mesmo?

- Não... foi apenas uma brincadeira de mau gosto...

- Porque demorou tanto? São quase seis da manhã, Lisa...

- Desculpa, Nini... eu fiquei mau e dei uma passada no cemitério...

- Você está bem?- ela se virou pra mim, tocando a minha bochecha levemente. Mais uma vez estava errada em tudo.

- Estou sim, meu amor... não se preocupe... durma agora.

A observei pegar no sono de novo, vendo o meu celular vibrar. Ver aquele nome no visor me fazia tremer.

"Podemos nos ver amanhã? Ainda sinto muito a sua falta, amor. Pensei que acordaria com você aqui.

Me desculpe... te encontro amanhã, não se preocupe.

Mau acredito que estamos juntas... depois de tanto tempo... até depois, Lisa. Amo você.

Até."

Eu tinha que fazer um escolha.

Sentir (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora