Capítulo 16

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Pov Jennie

Se arrependimento matasse eu já estaria na minha milésima reencarnação. O que era pra ser apenas um pensamento, saiu pela a minha boca sem ao menos uma tentativa minha de controlar. Não era bem aquilo que eu deveria ter dito.

Agora ela me encarava com os olhos repletos de esperança, e isso era a última coisa que eu queria dar para ela. Esperança.

- Está tarde, tenha uma boa noite.

Eu me levantei quase desesperadamente e corri até o meu quarto, não sabendo me controlar direito, não sabendo como agir a partir daquele momento. Toby havia me chamado para sair na noite passada. Acabei ficando com um garoto qualquer e depois o conheci Toby, ele me parecia um cara muito legal, e eu disse que ligaria depois. Eu tinha um final de semana inteiro, era sexta-feira, e não tinha nada de errado em sair com ele. E foi isso que eu fiz, aceitando o seu convite.

Fui dormir naquela noite com uma sensação estranha, mas deixei passar. Poderia apenas ser coisa da minha cabeça.

Eu acordei com uma movimentação estranha no corredor, passos apressados e um choro que eu bem conhecia. Era Ariana. Saí do quarto rapidamente para me certificar e me localizar no que realmente estava acontecendo.

- Ela está ardendo em febre.- Lalisa falou enquanto tentava achar a chave do carro.

- Está em cima da geladeira.- eu peguei Ari colocando o meu casaco que por algum motivo estava ali na sala. A ergui em meu colo, sentindo uma dor no coração ao vê-la tão mole.- Não dorme, Ari. Você não pode dormir. O que você quer ganhar de nagal?

- Uma boneca...- a sua voz era fraca, quase inaudível.

- Uma boneca? Uau, como seria essa boneca?

- Achei.

Eu não perguntei se podia ir com ela simplesmente entrei no carro conversando com Ariana, não a deixando dormir enquanto Lalisa dirigia igual uma louca. Falava sobre qualquer coisa com ela, querendo a sua atenção entrando em desespero quando ela demorava muito para responder, ou quando um sinal vermelho demorava demais para abrir.

Ariana foi encaminhada para a sala de emergência e não podemos ir junto a ela. Mau percebi que havia saído de pijama e nem escovar os dentes tive tempo, Lalisa não estava muito atrás, mas estava linda de qualquer jeito. Fiz um coque de qualquer jeito e finalmente me sentei na cadeira. Quando olhei para Lalisa me partiu o coração, sua cabeça apoiada na parede enquanto lágrimas em grandes quantidades caíam de seus olhos.

- Hey, ela vai ficar bem.- sussurrei tocando o seu ombro, não sendo o suficiente a puxei para uma abraço apertado querendo passar conforto pra ela. Nem eu mesmo sabia se tudo ficaria bem.

- Eu deveria ter trazido ela ontem, ela já não estava bem.- ela falava entre soluços agarrada a minha cintura. Aquela situação era mais difícil do que eu imaginei.

Ficamos por volta de quase uma hora esperando alguma notícia dela, Lalisa de cinco em cinco minutos ia até a recepção para tentar alguma informação. Até que finalmente o médico geral apareceu procurando pelos os responsáveis de Ariana.

- A filha de vocês teve um quadro de inchaço nos pulmões. Ariana tem um grau de bronquite bem avançada, e será preciso um tratamento reforçado para que isso não aconteça de novo.

- Tudo o que for necessário, doutor.

- Demos um antibiótico para o controle de temperatura, em pouco tempo ela estará acordada, e ficará em observação.

- Podemos vê-la?

Ao ouvir "a filha de vocês" me deu um gelo na espinha, mas não era ruim. Nós o seguimos até uma sala colorida e animada, fiquei animada pois Ari gostava muito de amarelo e havia algumas borboletas na parede ao lado. Ela ficaria bem. Me sentei na poltrona, vendo o olhar preocupado de Lalisa enquanto acariciava a bochecha vermelha de Ari. Ela olhou pra mim e me chamou. Me aproximei com cuidado não queria acordar a pequena, senti um dos braços de Lalisa passar por minha cintura e me senti segura por aquilo.

- Obrigada por estar aqui, Jennie.

- Não te deixaria sozinha em um momento desses.- ela sorriu, raspando o nariz levemente por minha bochecha, me arrepiei inteiramente pelo o ato, e mesmo não querrendo acabei gostando  e sorrindo. Logo o par de olhinhos verdes se abriram, estudando o lugar nos fitando imediatamente.

- Oi, Ari. Como você está?

- Com sede, Lili.

Tivemos que esperar no lado de fora enquanto Ari fazia mais exames. Eu estava com sono e cansada o ombro de Lalisa havia virado o meu travesseiro, e os seus carinhos em meu couro cabeludo me deixava mais relaxada. Acariciei o seu braço sem motivo sentindo falta daquilo.

- Você é uma ótima irmã, Lisa. De verdade.

- As vezes acho que não vou ser a melhor irmã pra ela sempre. Me vejo em uma batalha a cada dia. É estranho.

- Não podemos ser perfeitos o tempo inteiro, e mesmo se quiséssemos, não conseguiríamos, porque a perfeição não existe.

- Vou ter que discordar. Você é perfeita.

- As suas cantadas são engraçadas. Mas fofas.

- Podemos recomeçar então? Como duas pessoas normais?

- Como seria isso?

- Aceita jantar comigo essa noite? Eu até te levaria em um restaurante caro para te impressionar, mas vamos ter que fazer algo mais caseiro, como... na varanda de casa, o que acha?

- Eu aceito.

Sentir (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora