Sentir (Jenlisa)

Capítulo 26

- Esse aqui foi o último...

Dobrei a última peça de roupa que havia no quarto de Ari, Lalisa me ajudava a guarda e a colocar na caixa para doarmos a um orfanato que havia ali próximo. Eu e ela não estávamos juntas, mas eu já percebia a sua tentativa em ganhar a minha confiança cada dia. Eu não conseguia deixar ela tanto tempo sozinha, seus pensamentos a matariam. Fazia duas semanas dês da morte de Ari, e aquele assunto era muito delicado para nós duas. Todos oa sábados nós íamos até o cemitério, já havia virado uma rotina pra nós duas.

- Quer ficar? Sei lá, posso pedir uma pizza.

- Já marquei de sair com o Toby hoje, deixa pra outro dia.

- Toby... certo. Depois organizamos tudo para levar até lá.

- Tudo bem. Até.

Quando eu fechei a porta daquele apartamento, uma estranha sensação de solidão veio. Aquele elevador nunca demorou tanto para descer. E quando desceu, parei ali. Meio que paralisada. Eu realmente queria sair com o Toby?

Lalisa precisava de alguém agora.

Eu tinha alguém, mas não quem realmente eu queria.

Depois da nossa "conversa civilizada" não tocamos no assunto namoro. Ela sabia que ainda não havia ganhado o meu perdão, e tentava a todo modo me recuperar. Eu estava fazendo um jogo dramático, pois se dependesse do meu coração eu já teria me atirado naqueles braços longos e a perdoado por tudo. Foda-se, eu era uma imbecil.

Apertei para subir novamente, uma pizza não era nada demais, Toby me entenderia. Toquei a campanhia, logo ouvi seus passos e os passos de Louis. Ela tinha o rosto vermelho, mas que ficou totalmente surpreso.

- Já pode pedir a pizza agora.- falei lhe oferecendo um sorriso gentil, entrando como se fosse a coisa mais comum me sentei no sofá.

- Legal! Quer dizer, quer escolher o sabor?

Ela escolheu um filme qualquer, e depois de furar mais uma vez com Toby, me acomodei no sofá prestando atenção nas cenas de ação que aquele filme favorecia. Sentia os olhos delas em mim, estava com um pouco de vergonha. A luz estava apagada apenas a iluminação da TV.

- Poderia... parar de me olhar?

- Não tem como, você sabe que é linda.

- Agradeço pelo o elogio.

Nada mais foi falado a partir daquele momento, odiei o fato de começar a chover, eu não conseguiria ir embora, não antes daquela chuva parar. Além disso um frio estanho começou a tomar conta da sala, observei quando Lalisa entrou em seu quarto, logo voltando com uma coberta. Me pegando de surpresa, ela se sentou bem perto de mim, e nos cobriu.

- Poderia pegar uma coberta só pra mim, não?

- Não achei.

- Posso achar-

- Não entendeu que eu quero ficar perto de você?- ela sussurrou tendo os olhos fixos nas suas mãos. Acabei dando de ombro me deixando levar pela a sua voz rouca. O filme acabou um tempo depois, olhei para Lalisa, sempre tentava segurar o riso quando a via envergonhada, era muito fofo.

- Porque está com vergonha?- ela deu de ombros.- Hum, eu já vou indo então...

- Não! Quer dizer, está chovendo agora. Espere um pouco. O que acha de fazermos alguns biscoitos?

Eu concordei a seguindo pela cozinha. Acabamos rindo muito com aquela tarefa tão simples, Lalisa lançava aquelas piadas sem graças, que no fundo tinha graça sim.

- Só toma cuidado pra não... derrubar a farinha no balcão.- olhei para Lalisa cerrando os olhos, ela começou a rir pegando um punhado de farinha e jogando em meu rosto.- LISA! EU LAVEI O MEU CABELO HOJE!

- Que pena.

Como duas crianças, começamos uma guerra de farinha, correndo e sujando toda a casa, até Louis entrou na brincadeira latindo e pulando em cima de nós.

- Preparada para a jogada final?

- Não, Lisa! Você tem mais farinha na mão, isso é golpe sujo.- eu falei rodeando o sofá, cada uma de um lado. Ela ria e tentava me alcançar, seu rosto e parte do seu cabelo sujo me faziam gargalhar. Ela era linda. Eu me perdia a olhando me permitia sentir o seu ar tão... diferente. Gostava que ela fosse diferente.

Quando me dei conta ela já havia me alcançado e uma grande quantidade de farinha foi jogada no meu rosto. Eu esbravejei mesmo rindo quando ela me pegou no colo, deitando os nossos corpos sujos no tapete da sala. Seu rosto estava perto do meu, e ela tinha um simples sorriso no rosto, seus olhos meio cabisbaixos, mas ainda sim brilhantes.

- Você fica linda de qualquer jeito, Jennie, com ou sem maquiagem, com ou sem roupa, com o cabelo solto, cabelo preso, brava, feliz, triste, chorando e até com um monte de farinha em você. Mas acho que isso importa, porque de tudo, de tudo em você o que eu mais amo é o seu coração leve. Que quer apenas outro companheiro para poder viver, queria ser esse seu outro companheiro, ainda querto ser... mas se não rolar, você foi a única pessoa que me prendeu de verdade, me mostrou que mesmo triste podemos ser fortes. Toby é um cara de sorte por te ter hoje, eu perdi o grande amor da minha vida. E sei que ainda terei muitas coisas para fazer até ter o seu perdão e quem sabe a sua amizade. Quero que seja feliz.- ela sussurrou enquanto deixava a lágrima solitária escorrer pelo seu olho esquerdo e molhar o pouco de farinha que tinha ali. Eu a sequei, olhando para Lalisa, querendo chorar também, seu esforço era admirável.

- Vou ser a garota mais feliz do mundo se você me der um beijo agora...