Sentir (Jenlisa)

Capítulo 25

- Ariana teve uma parada cardíaca pela a forte pressão que estava acumulado em seus pulmões, seu coração não aguentou. Seu corpo já está sendo encaminhado para o necrotério preciso dos responsáveis para o reconhecimento e a assinatura.

Meu mundo havia morrido ali.

Acho que não só o meu. A cada lágrima que saía de mim, eu não queria aceitar ficar sem aquele montinho, aqueles cachos, aqueles olhinhos tão doces. Ari era apenas uma criança. Cada vez que sentia a dor, pensava que Lalisa deveria estar pior. Quando os braços de Toby me envolveram, eu lutei contra, saindo dali e corendo até Lalisa, agarrando a sua cintura colocando toda a minha dor ali. Seus braços em volta do meu pescoço enquanto eu escutava os seus soluços. Naquele momento, mais nada eu sentia de verdade.

Ver o seu corpo pequeno doeu demais, não éramos nada, nosso sangue não era o mesmo. Mas ela era a minha filha, um solzinho quando chegava da creche balançando aqueles cachos, pedindo bolo, ou colo quando não se sentia bem. Não me importava com o que estava fazendo, dês do seu primeiro mamãe direcionado a mim, fiz dela a minha prioridade.

Não teve muita gente em seu velório nem no enterro, meus pais, Chaeyoung, Toby, eu e Lalisa. Nem mesmo a mãe adotiva de Ariana estava lá.

- Ari mudou muito a minha vida, dês que o meu pai a trouxe senti a minha vida melhor quando a vi. Dês de então Ariana virou o meu maior tesouro, a maior razão da minha vida...- ela não conseguiu terminar, e eu só pude abraça-la, o mais forte que eu conseguia.

Jogamos algumas rosas brancas enquanto o seu caixão era coberto de terra, muito difícil viver aquele momento.

- Você está bem para dirigir?- ela deu de ombros.

- Pode ir lá com o seu namorado, eu me viro.

- Para de ser egoísta. Estou te perguntando se tem condições para voltar pra casa.

Sabia que ela não conseguiria, agradeci Toby, mas disse que eu levaria Lalisa para casa, era incrível o quão compreensível ele era. Dirigi com calma até o seu apartamento. Em nenhum momento as lágrimas pararam de descer, tanto dos meus quanto dos olhos de Lalisa, ver a pequena caderinha ali no banco de trás, me fazia querer vê-la ali, brincando com o seu ursinho costurado.

Subi com ela até a cobertura, sem dar uma palavra entramos ali, dessa vez o pequeno Louis não nos recebeu pulando, latindo, balançando o rabinho. Ele estava deitado em sua caminha, olhava para mim depois para Lalisa, logo começava a choramingar.

- Está segura agora... eu vou indo...

- Fica... fica aqui por favor... tenho certeza que o seu namorado vai entender...

- Ele não é o meu namorado, Lisa...

- Que seja.

Fiquei ali com ela até ela pegar no sono deitada no sofá. Caminhei até o quartinho de Ari, não querendo controlar as lágrimas, dobrei algumas roupas dela, arruamando os seus brinquedos, aquele ursinho costurado que ela tanto amava. Tirei os seus desenhos e dobrei um à um, pegando o porta retrato por fim, me deixando ser carregada pela dor.

- Ela adorava o meu pai... os dois eram muito unidos... quando ele morreu, ela ficava no jardim olhando para o céu conversando sozinha... quando eu chegava perto dela e perguntava o que estava fazendo, ela me respondia conversando com o papai, Lili, agora ele está brilhando lá em cima...

- Agora eles estão juntos, Lisa...

- E eu...? Jennie, você não entende... eu já perdi todas as pessoas que eu amava, meu pai, a minha irmã, você. Qual é o motivo pra mim continuar com tantas coisas que agora é tão inútil...

- Não diga assim. Você tem-

- Não fala dela. Ainda quero que sinta raiva de mim, Jennie, eu mereço isso, mereço isso e muito mais! Sei que me odeia, eu pedi por isso, não poderia ser diferente. Ela estava morta, e aí surge me chamando de amor, pedindo o meu amor. Eu sou uma imbecil, eu aceitei, me encontrava com ela escondida, ficava com ela. Mas pra que? Pra que sendo que o único sentimento que eu tinha era saudade? Não tinha mais amor, não tem mais amor. Ela sabia, ela sabe que eu segui a minha vida, tentei seguir a minha vida, mas acho que estou destinada a fazer merda atrás de merda. Me odei, Jennie, me bate, não sei, me mande pro inferno, eu aceito tudo isso. Eu mereço tudo isso. Agora que a Ari se foi, nada mais me importa.

- Escuta, nada nunca se baseou em seus sentimentos sobre a Ellen, e sim nas suas escolhas. Saber que eu te perdoei uma vez, para você errar de novo pelo o mesmo ato dói muito, porque confiei em você uma vez, e você me machucou de novo. Porque eu deveria te perdoar? Foda-se, Lisa, droga eu amo você esse é o problema. E mesmo sendo errado, aqui estamos de novo, Ariana nos uniu de novo, como na primeira vez. Mas agora ela se foi, não a temos aqui para nos juntar de novo, eu odeio você, de verdade. Quero sim que você queime no fogo do inferno por tudo isso, mas o que eu posso fazer? Seguir a minha vida pensando em você o tempo inteiro? Não ligo se as pessoas me achem burra, idiota, trouxa ou qualquer outro nome para definir o que estou fazendo agora. Mas mais uma vez, o que posso fazer? Te ignorar, te esquecer, nunca foi a minha primeira opção, Lisa...