chapter nine

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    O melhor de acordar no friozinho, de sair debaixo das cobertas é a parte que você volta pra elas. Era exatamente o que Eva desejava no momento, poderia dar todos os seus bens materiais só para ficar mais dez minutos na cama, mas quando se tem um trabalho, uma pessoa para sustentar (no caso, ela mesma) não pode se dar ao luxo de fazer isso. E é com um enorme esforço que Eva retira de cima de si a enorme coberta cinza e grossa, que estava quentinha e ergue o corpo lentamente sob a cama, os fios ruivos caíram sob seu rosto e ela pôs os pés no chão sentindo aquele frio do piso não-aquecido, afinal, pisos aquecidos são caros demais para se manter. Ela se contenta com suas meias longas 100% algodão.

Parecendo um zumbi, a ruiva se arrastou até o banheiro e sentou na privada extremamente gelada que fez sua pele arrepiar e quando seus olhos encontraram com a calcinha, a surpresa de todo mês. A ruiva bufou irritada, sim, ela entende que seu corpo necessita expelir sangue todo mês, mas tinha que ser justamente hoje?

— Que inferno! — Eva apoiou a cabeça no braço que estava apoiado na pia ao lado e ficou longos minutos olhando para seu quarto organizado do outro lado da porta.

    Por fim, quando finalmente se recordou de tomar banho, foi às pressas. Para combinar com o dia cinza e chuvoso, pôs seu grande casaco preto quase como um enorme blazer, suas botas de couro, uma calça preta bem justa e uma camisa de manga comprida na cor amarela bebê, seu look estava pronto para mais um dia de trabalho. Sem ânimo algum, Eva resolveu sair com um rimel à prova d'água por questões de manter a beleza ao chegar na empresa e também resolveu mudar no estilo, não quis usar mochila e sim uma pequena bolsa que fazia anos que não a usava. Colocou na pequena bolsa de coro preta suas anotações, seu IPad, onde passa todas as suas anotações, sua carteira, chaves de casa, o indispensável absorvente e por fim um guarda-chuva.

Eva estava dez minutos atrasada para o trabalho e isso se deve ao fato de estar chovendo tanto que nem o metrô e linhas de trem estão funcionando normalmente. A ruiva saca do bolso do casaco o celular impaciente com o horário, tinha conseguido sair de casa sem que nenhuma gota de chuva estivesse caindo, mas foi só pisar na linha do metrô que isso mudou, o céu estava desabando, única resposta plausível àquele acontecimento. Felizmente para sorte de Eva o transporte chegou, lotado, mas chegou.

...

Espremida feito sardinha em lata, Eva conseguiu sair viva do transporte mas ao chegar na porta do metrô, a chuva estava tão intensa que o outro lado estava embaçado, não conseguia ver nada direito, mas como Eva tem um instinto de direção certeiro, estava crendo que chegaria intacta até a agência. E foi, abriu o guarda-chuva enorme de estampa de jornal e respirou fundo indo em direção à agência, estava indo bem, no começo estava perfeito... Porém, foi só um vento mais forte bater contra ela e o companheiro que ele não aguentou, foi todo para trás partindo-se ao meio.

— Merda!— Eva disse no meio da rua, apesar de poucas pessoas terem a escutado, foi o suficiente para as que escutaram ficassem intigrados com a cena ou achasse levemente engraçada, tanto foi que um cara começou a rir na cara de Eva, que se esforçou muito para não dar o dedo do meio para o senhor, mas no fundo torceu para que o mesmo acontecesse com o seu chapéu.

Mas para a felicidade dela, estava muito perto da agência, o que fez a menina começar a correr, entre paralelepípedos e o chão liso de concreto, quando começou a ver a enorme porta de entrada, abriu um sorriso largo. 1x0 para Eva? Quando a ruiva se aproximou, com a visão distorcida do chão, não viu um buraco entre uma pedra e outra e seu pé virou naquele momento mas o que não impediu de ela continuar a correr.

Quando segurou na porta e entrou na agência, suspirou aliviada apesar de estar ensopada. Passou pela menina da recepção com um sorriso enorme no rosto, mas a moça a recebeu com um olhar de como se fosse uma pessoa de outro planeta. Eva apertou o botão do elevador e quando finalmente deu um passo a frente, sentiu o tornozelo esquerdo gritar, quase gritou também. Apoiou uma mão na parede de mármore e pôs a mão no tornozelo, ele estava latejando.

The Contest - Chris e EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora