O início de um sonho...

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Eva tinha acabado de chegar na empresa para mais um dia, mas ela sabia que não era mais um dia qualquer já que a reunião marcada com todos os estagiários seria em poucas horas. Eva estava tão apreensiva com o que Marcus, o supervisor dos estagiários, tinha a dizer. Ela só conseguia pensar que uma reunião como esta só poderia significar corte do pessoal, e ela realmente não estava precisando de uma demissão nas costas, apesar de ter visto os números de crescimento da empresa em uma das papeladas que levara anteriormente para o setor financeiro.

— Acha que é sobre corte de orçamento da empresa? Quer dizer, até as grandes empresas têm corte de orçamentos, né?—  Sana pegou Eva de supresa com suas perguntas, ela estava tão distraída pensando enquanto tirava um bife da unha.

— Não acho que isso seja sobre corte de gastos, eu vi as projeções da empresa e elas são muito boas.— Eva argumentou arrumando os fios desajeitados do coque.

— Então é sobre o quê?— Sana indagou.

— E eu vou saber?— Rebateu Eva colocando as mãos nuas dentro do casaco acolchoado, é inverno em NY.

Mais tarde, depois de quase milhões de especulações, a sala de reunião estava abarrotada, saindo gente pelos ladrões quando Sana chegou acompanhando Eva, as duas ficaram ao fim da sala, onde podia ver perfeitamente o outro lado que onde provavelmente ficaria Marcus. Mas, para surpresa de todos, não foi Marcus quem chegou, foi Piker, o Editor Chefe da Vogue. Como sempre, encontrava-se na mais perfeita aparência apesar da idade avançada, muitas das pessoas ali presentes seja homens ou mulheres dariam uma chance para o Editor.

O silêncio se instalou quase que imediatamente quando Piker com seu terno azul-marinho e o resto de cabelo que ainda lhe restava, marcaram presença. Eva olhou para Sana e Sana olhou para Eva,em seguida as duas voltaram a atenção para o que realmente importava.

— Bom dia a todos.— Piker os cumprimentou e quase que em uníssono, todos responderam bom dia.

— Acredito que todos estejam curiosos pela convocação que pedi para fazer e contai-vos o que fazem aqui. Bom, na verdade ninguém além do RH sabe que irei me aposentar.— Todos começaram com o murmurinho, afinal, apesar de quase nunca estar em contato com Piker, quase toda a Vogue daquela edição sabia que Piker é apaixonado pelo que faz. Ele limpou a garganta pedindo silêncio. E silêncio ele teve.

— Eu tive um conversa com todos os editores chefes das demais Vogue e entramos em um acordo, de que independente de qual a Vogue, o Editorial Chefe não pode ser comandado por qualquer pessoa. Por isso, estou proporcionando um concurso que não está sendo financiado somente por esta Vogue, mas sim em conjunto com todas as outras.— Os olhos de Eva saltaram, era a chance que ela estava esperando há tanto empo, mal podia acreditar que teria uma oportunidade de se tornar Editora Chefe da Vogue.

— O concurso vai ser o seguinte; a Vogue abriu as vagas para qualquer estagiário da Vogue, especificamente da Vogue, do país inteiro, então sim, terá muita concorrência. Além disso, vocês terão o dobro do salário que ganham aqui durante o tempo que permanecerem na competição. A competição dura três meses, então caso você fique somente um mês, você receberá de acordo com aquele mês. Acrescento que, aquele que passar na prova que será realizada neste Sábado e quiser realmente continuar na competição, está automaticamente demitido do cargo de estagiário.— E essa última frase foi o cúmulo para alguns.

— Quê?! Então quer dizer que se eu sair na primeira semana eu só vou ter apenas meu salário redobrado e uma demissão?!— Rachel, uma estagiária ruiva, se pronunciou indignada com a proposta feita por Piker e Vogue.

— É simples, não participe. Na realidade, esse concurso é para mostrar as pessoas que têm brilho nos olhos em ser um Editor ou Editora Chefe. Não é para gente que só quer o cargo para se gabar de ser um. Então, meu conselho é que somente aqueles que têm certeza do que querem sigam em frente. Aqueles que ainda têm dúvidas, sugiro manter seu emprego aqui. É um ótimo emprego.— Piker ia saindo quando parou na porta, ao lado de Eva que se escorava na parede para dar espaço a Piker. — As inscrições começam hoje, na sala do Marcus. Ele dará o resto das informações. — Ele acrescentou e se foi. Eva ainda estava feliz e horrorizada pela proposta.

...

— Eva, esse momento é perfeito para você!— Sana a encarava enquanto comia seu macarrão instantâneo com pedaços de cenoura. Eva olhou meio desnorteada para Sana, ela estava em êxtase.

— Quê? Mas eu não vou me inscrever.— Admitiu Eva largando o morango que antes comera na vasilha de plástico rosa.

— Como não? Você não tem nada a perder.— Sana disse.

— Não? Meu emprego que tanto lutei para ter vai estar em jogo. Além do mais, não quero nem pensar em voltar para a casa da minha mãe.— Disse Eva ao se recordar do que passara enquanto viveu com sua mãe.

— Tá, pode ser, mas Eva, você é a melhor no setor de redação e avaliação de matérias, eu aposto todas as minhas fichas em você.— Sana falou de boca cheia e a menina ruiva (não tão ruiva) parou para pensar. Sana falou algo certo, Eva foi considerada a melhor no seu setor e ganhou até um mini prêmio de reconhecimento, mas isso não era o suficiente para ganhar uma competição com pessoas do mundo todo.

— Mas isso não é garantia, Sana, e se eu nem passar na prova?— Indagou Eva cheia de incertezas.

— Presta atenção...— Sana deu uma pausa para limpar a boca que estava suja do almoço. —... Você vai lá, faz a prova, se você não passar, menos mal, você ainda vai ter seu emprego. Agora, se você passar, você vai fazer de tudo para continuar por pelo menos um mês. Qualquer coisa você mora comigo, tudo bem que você vai ter que dormir em um colchão com buracos, mas dá pro gasto.— E foi entre uma gargalhada e outra das duas que Sana conseguiu convencer Eva de se inscrever no concurso.

Quando a fila para a inscrição que stava na porta de Marcus diminuiu, Eva respirou fundo e bateu na porta escutando em seguida um entre.

— Oi, Marcus.— Eva disse sem graça ao fechar a porta.

— Nossa, que demora, achei que não viria!— Marcus brincou e fez sinal para que Eva se sentasse na cadeira à sua frente.

— Você estava me esperando? Queria falar comigo?— Eva perguntou ao se sentar e pegou a ficha presa em uma prancheta de madeira que a foi entregue por Marcus.

— Mas é claro. Eva, sei que é proibido ter um preferido nesse concurso mas para mim você é a mais promissora de todos. Você e a Catherine, mas como ela não vai participar, estou na torcida por você.— Eva não sabia o que falar diante da torcida de Marcus para ela. Marcus foi como um irmão mais velho desde que ela entrou na empresa, não suportava a idéia de não o ter por perto, era como seu porto seguro. E sua torcida significava muito para Eva. Ela esboçou um sorriso largo e preencheu a ficha.

— Bom, o concurso não tem estrutura para ser neste prédio da Vogue, então vai ocorrer nesse daqui que o prédio é maior e cabe mais gente. E a prova vai ser sobre conhecimentos gerais, específicos e sobre a história da Vogue.— Marcus entregou um papel com o dia da prova, local e hora.

— Espero que ganhe. E ah, um spoiler, vocês terão uma equipe trabalhando para vocês, designers, fotógrafos, modelos e até uma personal style.— Eva arregalou os olhos, era muita novidade para sua pequena cabeça. Ela se levantou.

— Não conta a ninguém que eu te falei isso.— Eva apenas concordou com uma risada saiu da sala. Sana também ia se inscrever, utilizou um argumento do tipo "Sei que não vou nem passar da prova mas quero sentir que fiz parte desse momento histórico da Vogue.". E então Sana foi fazer sua inscrição.

Eva passou assim como o dia, a semana interia com um sentimento de esperança mas ao mesmo tempo com receio de ser um passo em falso na sua vida.

The Contest - Chris e EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora