chapter twenty-five

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      Os olhos ainda estavam fechados mas sentia lentamente a porta se abrindo, não restava luz alguma além da que vinha do corredor, meio sonolenta por ser de madrugada e ter acabado de chegar de uma festa, eu abri apenas um olho tentando entender o que estava acontecendo ali e quem havia entrado no quarto. A visão ainda estava turva por conta de umas doses de tequila ou algo assim. Entretanto, a sombra alta feita pela luz não deixava enganar, era um homem, o único homem possível naquela casa. Abri os olhos surpresa e arregalados quando vi que se aproximava sem hesitação e com cautela, parecendo que não queria fazer barulho ou assustar, mas assustou.

— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto sentindo o ar sair dos pulmões mais rápido do que posso respirar. A presença dele me pegou desprevenida apesar de que não era nem pra eu estar prevenida em uma situação dessas, ele é da família.

— Oi, minha querida ruiva. Tudo bem? — diz ele ao se sentar na beira da cama. Eu me encolhi no outro canto correndo, não queria que ele encostasse em mim.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntei de novo mas dessa vez em um tom mais firme embora por dentro estivesse tudo tremendo.

— Eu só vim ver como você está essa noite.— Ele vai de encontro com a minha perna mas eu felizmente consigo retirar antes do seu toque.

— Eu vou chamar a minha mãe se você não for embora e me deixar aqui sozinha. — Eu ameaço, no fundo estava sendo mais sincera e honesta possível.

— Você não vai fazer isso porque eu já estou indo embora. — Ele coloca as mãos para o alto. Eu ainda estava na defensiva esperando qualquer ataque ou coisa parecida, mas ele se levantou, encarou meus olhos mais uma vez e foi embora.

Depois dessa noite, quando Eva foi contar a sua mãe o que aconteceu, sua mãe se certificou de que seu padrastro só verificara se estava tudo bem. Embora muito consistente a resposta da mãe, a ruiva passou durante um ano e meio dormindo com a porta do quarto trancada. Ela conseguia ouvir uma vez ou outra alguém tentando abrir a porta, e não conseguia dormir mais.

E basta só ela sonhar com isso que acorda suada e nervosa. Ela não conseguiria dormir mais depois disso.

   O suor no travesseiro mostra o quão afetada fica quando sua memória resolve lembrar a ela daquele tempo. Ela encarou o travesseiro molhado e suspirou, o cabelo também se encontrava úmido na parte do couro-cabeludo. Levantou jogando a coberta de lado e caminhou em direção à cozinha, um copo de água a faria melhorar.

Sentir a água gelada descendo pela garganta ajudou, mas ainda assim não foi o suficiente para tirar aquela agonia de seu peito. Resolveu tomar banho, esfregou o máximo de vezes possível toda a extensão do corpo. Também ajudou e se sentiu confortável e quente ao colocar seu roupão branco e felpudo. Agora ela só precisava distrair-se. Sacou o notebook da mochila que estava no sofá e o ligou, ligou até a televisão para não se sentir só e nesse momento passava um de seus programas favoritos, desenho animado. Ela adora passar um tempo comendo besteiras enquanto assiste um desenho animado ou alguma série-teen como ICarly ou algo assim. Através do reflexo da televisão podia ver pela janela aberta o sol nascer. Provavelmente eram umas cinco horas da manhã e seu sono apenas se foi como o fim da noite. É um sábado então isso quer dizer que a ruiva não tinha muitas tarefas a se preocupar, só alguns documentos que teria que reeditar e outros para fazer uma revisão, fora isso e a aula de Francês, seu dia era inteiramente livre. Menos à noite, é claro, tinha um encontro com Vilde, sairão para um outro barzinho, dessa vez Vilde que indicou o lugar, era um bar mais chique, segundo ela. E por isso, não encontrariam ninguém que fosse indesejável. Eva adorou a ideia, realmente estava precisando de um lugar novo para ir, talvez até para se tornar um ponto seguro sem pessoas-que-não-quer-encontrar.

The Contest - Chris e EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora