Eu sei o que é melhor pra mim.

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Os testes continuaram por semanas, todos eles começaram do mesmo jeito: A morte do meu pai, seguida pelo meu medo de imensidão, o medo de animais rastejantes e o último sempre era ele.

Desta vez Eric estava numa luta corpo a corpo com Quatro, os dois estavam dando tantos socos que iriam se matar, eu estava atrás de um vidro tentando gritar seu nome mas eles não me escutavam. Então Eric cai no chão, desacordado, ele ainda estava vivo mas então vejo Quatro com uma pistola na mão, ele ia agir na covardia e iria atirar na cabeça do Eric. Vejo uma barra de ferro no chão ao meu lado e uso ela pra quebrar o vidro, antes que Quatro dê o tiro eu avanço nele e estouro sua cabeça com a barra de ferro, sinto seu sangue em mim e começo a chorar.

Acordo chorando e desesperada mais uma vez e me concentro na voz do Quatro me pedindo pra ficar calma, Eric não estava ali ele não podia mais por causa das ocupações. Suspiro fundo e passo as mãos no rosto limpando as lágrimas.

— Qual é a sua ligação com Eric?– Quatro pergunta me interrogando

— Nenhuma. – digo exausta, sinto que ele quer me perguntar isso a dias.

— Ele sempre está em todas as suas simulações, e você faz de tudo pra protegê-lo, acabei de ver você me matar por ele...–

— Já disse que não é nada.– digo entredentes e com raiva das insinuações dele

— Ficar perto do Eric vai te machucar, ele não é quem você pensa.– Ele tenta me alertar e eu sorrio com ironia.

— Você acha que é o que? Meu pai?– pergunto com deboche — Eu sei o que é melhor pra mim.

— Com certeza não é ele.– ele presume

— Ninguém nasce ruim Quatro, as pessoas se tornam quem são hoje.– digo abrindo a porta pra sair

— Não tenho dúvidas de que você pertence a Audácia.– ele diz e eu saio sem querer escutar mais nada.

— Eu e ele fomos iniciados juntos...– Eric diz enquanto nós almoçamos no esconderijo dele — Eu gostava de bater nele.

— Tem horas que ele me irrita presumindo as coisas que acontecem, ele me pergunta sobre minha mãe e...–

— Sobre sua mãe?– pergunta parando de comer e me dando atenção

— É ele disse que acha que alguma coisa tá rolando entre a Audácia e a Erudição...– Eric tem uma reação estranha quando eu digo isso e volta a comer — Tem alguma coisa que eu precise saber?

— Ah não, porque ?– ele toma o copo de água rápido.

— Nada.– se eu queria respostas, tinha que buscar direto da fonte.

Antes de anoitecer eu peguei um trem para a cidade, sozinha e com cuidado para que não me vissem, não era proibido mas eu precisava que fosse escondido. Depois de andar na cidade paro finalmente na frente do prédio branco e enorme da Erudição, todos ali me conheciam então não foi um problema entrar e ir direto até o escritório da minha mãe. Mas ao tocar na porta me assusto com a Triz saindo, franzi a sobrancelha achando estranho a presença dela ali. E ela parecia assustada ao me ver.

— O que faz aqui? – pergunto e ela abre e fecha a boca tentando falar

— Triz veio visitar o irmão dela, porque diferente de outros iniciados na Audácia ela ainda sabe de onde veio.– minha mãe diz e Triz abaixa a cabeça, vejo ela sair sem dizer mais nada sendo acompanhada dos seguranças da minha mãe.

Entro na sala dela sem convite e espero até que ela feche a porta.

— Facção antes do sangue, você sempre gostou desse lema mamãe. – digo e ela me encara nervosa — O que mudou?

— Tudo.– ela responde e vai pra trás de sua mesa

— Eu não vou enrolar sei o quanto você é atarefada aqui.– digo e encaro meus dedos — Eu preciso que responda uma pergunta, e vou saber se estiver mentindo. Você sabe que eu sou boa nisso...

— Então diga.– ela analisa alguns papéis em sua mesa

— Porque não queria que eu entrasse na Audácia?– ela deixa os papéis de lado e para pra me analisar, ela repara no meu cabelo e nas minhas roupas e principalmente no cordão que Eric me deu.

— Me assusta o quanto você se parece com ele.– faço uma feição confusa e ela suspira pra continuar — Seu pai. Com os cabelos pretos você fica ainda mais parecida com ele — ela se levanta e vai até a pequena adega e se serve de uma bebida — Eu sempre admirei o jeito que você era briguenta quando era pequena, sabia que tinha herdado isso dele. Você preferia ficar socando sacos de areia do que fazer equações e eu já sabia que escolheria a Audácia, porque seus olhinhos brilhavam quando você via eles correndo nas ruas.

— Eu não preciso de seus discursos.– mas confirmo que esse mexeu comigo, não sabia que minha mãe reparava tanto assim em mim.

— Eu queria que ficasse do meu lado na Erudição, eu iria te treinar pessoalmente pra ser a próxima líder.– solto um riso nasal

— Queria que eu ficasse aqui pra me controlar.– presumo

— Queria que ficasse aqui pra não descobrir a verdade sobre seu pai! – ela quase grita e meu mundo para, meu coração palpita e ela repousa o copo já vazio na mesa.

— Que verdade?– sinto meus olhos lacrimejando esperando a bomba que estava por vir

— Seu pai foi morto pela Audácia, acusado de ser um divergente.– sinto minhas lágrimas começarem a cair — Ele foi encontrado no fundo do foço com cinco tiros no corpo.

— Isso é mentira, ele era um dos líderes. Isso não pode ser possível.– viro de costas pra ela não me ver chorar

— Além de líder, um divergente e isso eles não puderam deixar passar. Seu pai nunca me contou nada e depois da morte dele eu me empenhei em cuidar de você.– passo as mãos no rosto incrédula. — A mãe da Beatrice Prior sabia, ela o protegia quando eles eram da Audácia. Ela o ajudou pra que nunca descobrissem e por muito tempo eu tive ciúmes da relação amistosa que os dois tinham, e só quando ele morreu eu entendi.

— O que estão falando mãe, que você está liderando o governo, que está planejando derrubar a abnegação é verdade?– pergunto agora olhando pra ela. E ela não me responde o que me causa raiva.

— Promete pra mim, que não importa o que aconteça você vai ficar do meu lado.– ela pede segurando meus ombros e eu pisco atônita pra ela sem saber o que responder.

Flames - Eric ( A Saga Divergente)Onde histórias criam vida. Descubra agora