Não preciso de você.

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Estava me arrumando pra almoçar e ouvia os rumores, a família de Triz estava sendo acusada de algo e eu sabia que tinha o dedo da minha mãe nisso, o pessoal só falava nisso. Peguei o caminho do refeitório e ao cruzar um corredor vejo minha mãe conversando com Triz, ela desvia o olhar pra mim e vem até mim rapidamente.

— Aí meu Deus, você se machucou? Fez uma tatuagem igual a eles?– seu olhar era de preocupação.

— O que faz aqui?– pergunto firme e ela para de me analisar.

— Eu vim resolver alguns assuntos e conversar com Max sobre sua saída.– dou uma risada fraca e cruzo os braços

— Eu não vou sair, e foi isso que eu mandei ele te dizer.– a enfrento

— Esse não é o lugar que eu quero que esteja quando tudo piorar, seu lugar é ao meu lado. – ela reclama

— Para de me tratar como criança, foi a minha escolha, pelo meu pai!– praticamente grito.— Eu não vou sair da Audácia, viva com isso. – digo e me afasto antes que ela diga algo a mais.

Depois de comer no refeitório, vou até a classificação e vejo meu nome no terceiro lugar, eu precisava de mais.

— Parece que você tem babá agora.– Escuto a voz do Quatro e ele se posiciona ao meu lado. — Sua mãe ordenou ao Max que te protejemos a todo custo.

— E porque ele a obedece? Ela não é presidente.– digo com raiva

— Ele não vai a obedecer, só disse que vamos te proteger pra ela ir embora logo, mas parece que Eric está determinado em cuidar de você.– ele diz rindo e eu entorto os lábios — Tem alguma coisa acontecendo nas facções Mary, se souber de alguma coisa, qualquer coisa...

— Você está se aproximando de mim pra conseguir informações sobre minha mãe? – solto um riso irônico — Desiste, não conheço os planos dela. – me afasto dele com mais raiva do que já estava.

Naquela tarde nós ainda tivemos que ver uma luta da Triz contra o Peter, ela perdeu feio e ficou quase um dia inteiro desacordada enquanto nós nos preparavamos para um treino de simulação, coloquei minha jaqueta e entrei no trem, estava de noite, Eric me olha como se precisasse muito falar comigo e eu desvio de seu olhar. Olho pra fora e vejo Triz tentando alcançar o trem, Eric havia cortado ela como ela ainda insistia? Não consegui pensar muito e dei a mão para que ela conseguisse subir e foi o que ela fez, Eric me olhou com reprovação mas mesmo assim continuei encostada no vagão com cara de tédio.

— Quem te liberou?– ele pergunta a ela e ela da de ombros

— Eu.– responde o enfrentando e ele a encara incrédulo.

— Você?– ela suspira e ele me olha de novo mas agora com o olhar se acalmando — Tabem.– ele sai de perto de nós relutante. Quatro joga algumas bolsas no chão e começa a explicar sobre a simulação.

— O jogo é simples, é como caça-bandeira.– ele diz e nos mostra as armas.

— A arma da vez.– Eric levanta uma nos mostrando e sinto minha boca formigar pra falar algo, aquilo nem parecia uma arma.

— Chama isso de arma?– falo baixo mas sinto que ele ouviu, não me dá tempo nem de pensar ele dispara contra minha perna e uma dor insuportável me atinge, dou um grito e caio no chão sentindo os braços de Will me segurando ou tentando. Eric vem até mim enquanto eu me contorço de dor, ele retida o pequeno dardo da minha perna o levantando para verem.

— Dardo Neuro-estimulante. Estimula a dor de um tiro de verdade, só dura uns minutos.– a última parte ele diz me olhando no chão o que me dá muita raiva — Dois times, Quatro e eu somos os capitães.

— Você escolhe primeiro.– Quatro diz

— Certo. Mary! – ele diz meu nome, isso significa que eu estou em seu time mas eu preferia ficar longe dele.

— Eu fico com a careta.– Quatro diz e eu paro de prestar atenção e me concentro na dor indo embora, chegamos no lugar que era um parque de diversões abandonado, a dor já havia sumido então eu saio do vagão, e tiro a jaqueta pelo calor que senti lá dentro.

— Ei espera aí.– Eric pede e eu paro de tentar correr, ele para na minha frente — Você está bem?

— Depois do seu tiro? É tô legal sim.– respondo com ironia.

— Foi sem querer, não pensei na hora.– estreito o olhar

— Porque tá se desculpando comigo?– me deu muita vontade de rir mas eu me controlei.

— Não acostuma não.– ele diz bravo e sai de perto de mim pra ir se organizar e falar com o time.

Eu encarei bem a situação, ele deve ter visto minha cara de dor e ficou com dó. Foi isso e pronto.

Mas foi só isso mesmo?

Flames - Eric ( A Saga Divergente)Onde histórias criam vida. Descubra agora