É ficamos triste pela partida de alguns, o primeiro estágio termina e com ele as pessoas que as abaixo da linha vermelha foram dispensadas, assim como Eric disse. Eles viraram sem facção, pessoas que perderam sua posição ou só se recusavam a obedecer o sistema de facção, eles ficavam nas ruas ou em becos da cidade escondidos e a procura de comida, a Abnegação e a Amizade eram acusadas as vezes de protege-los mas nada nunca confirmado. Senti a frustração de Eric ao perceber que a careta havia ficado, o nome dela subiu na posição e ela conseguiu mais uma chance.
Pela manhã nós tinhamos o trabalho de ajudar nos carregamentos, eu não falei com Eric desde nossa noite maravilhosa e dessa vez era por culpa dele, andava tão ocupado que nem acompanhou o fim do nosso treinamento. Eu o via nos corredores mas era rápido, ele não podia parar pra falar, então segui com o que tinha que fazer pra pegar a posição de primeiro lugar na classificação, pois é depois do desastre que nosso time foi eu subi pra segunda posição e pra mim ainda não era o suficiente. Pela tarde fomos convocados para o início do novo treinamento, eu não sabia do que se tratava então fiquei com medo, mas pelo que o Quatro disse era um teste psicológico, não tinha com o que me preocupar então fiquei sentada na sala branca junto dos outros, o primeiro foi chamado e eu seria a segunda a entrar. Mas o primeiro que entrou não saiu de lá, então as portas se abriram e um dos soldados da Audácia saiu de lá com sangue no uniforme, engoli seco com medo e desvio o olhar para Eric que tinha acabado de chegar.
- Número dois, sua vez.- ele diz sem me olhar e passa direto pra sala onde eu deveria entrar, Triz me olha receosa e eu caminho até lá. Vejo uma maca e alguns aparelhos, Quatro estava sentado em um banco na frente do monitor - Senta lá.- Eric pede e fecha a porta atrás de mim, eu caminho até a maçã e me sento, encosto minha cabeça e analiso Eric que parecia preocupado, ele se encosta na parede e fica observando.
- Eu vou injetar em você um soro que vai estimular a parte do seu cérebro que processa o medo. - Quatro diz preparando o injetor, eu assinto e passo os olhos pelo monitor, sinto a agulha adentrar meu pescoço e uma dor fininha. - Transmissores no soro vão permitir que eu veja as imagens na sua mente. Você vai encarar seus piores medos, a maioria das pessoas demoram pra se recuperar depois disso. - a última coisa que vejo antes de cair no sono do soro são os olhos verdes de Eric preocupado.
Eu acordo em um quarto rosado, a cama era macia mas a primeira coisa que noto é meu ursinho de infância no chão cheio de sangue. Me levanto ao ouvir um estrondo forte, como uma pancada, saio do quarto e sigo o barulho e na sala vejo meu pai lutando com um outro cara tento gritar mas minha voz não sai, ele não poderia me ouvir mas é como se ele sentisse minha presença, ele vira pra trás e o outro cara o qual eu não conseguia ver o rosto aponta uma arma pra ele, eu tento correr mas não chego a tempo, meu pai cai no chão depois de levar cinco tiros e eu vou até ele, analiso seu rosto e o vejo morrendo, não dou tempo as lágrimas, pego a arma do coldre dele e vou correndo atrás do outro homem mas quando pulo a janela caio em água, sinto cada vez mais meu corpo molhado e quando me dou conta estou debaixo da água, um oceano vasto eu olho pra baixo segurando minha respiração e me desespero ao ver uma imensa escuridão, não consigo nadar pra buscar ar, é como se a imensidão me puxasse pra baixo cada vez mais então paro de me mover e fico reta sentindo meu corpo subir sem esforço algum e quando chego na margem começo a tossir e sinto algo rastejar na minha perna, algo viscoso rasteja na minha mão e começa a se enrolar, cobras. Muitas delas espalhadas, tento me levantar mas elas me prendem ao chão, me rastejo até duas pedras que vejo e penso na possibilidade de conseguir fazer fogo, cobras fogem do fogo. Então em cima de um mato seco e com medo de uma delas me picar eu raspo as duas pedras e vejo faíscas saírem logo iniciando um pequeno incêndio, o calor faz elas se afastarem e eu me refugiar perto da fogueira mas a fumaça me faz tossir e fechar os olhos e quando eu os abro estou em um incêndio maior, medo de fogo? Eu não tinha medo de fogo, pelo menos não que eu saiba. Me levanto e percebo que estou em um prédio, coloco a mão contra o nariz pois a fumaça me fazia tossir muito, então vejo a silhueta de alguém, um homem ele fazia o mesmo que eu em relação a fumaça e então ele corre para as escadas, e eu o sigo. Ele corre até o topo e quando saímos lá em cima reconheço o lugar no qual estava, era o esconderijo de Eric, o homem se vira e vejo o rosto de Eric, ele estava muito perto do parapeito pronto para pular, um medo se instala de repente, o medo de perde-lo então eu corro pra alcança-lo e ele se joga, sem pensar duas vezes eu me jogo junto dele e consigo alcançar seu corpo antes do impacto no chão e quando ele acontece eu não vejo mais nada.
Acordo buscando por ar e sinto as mãos de Eric perto de mim, tentando acalmar meu choro, eu estava desesperada foi o pior momento da minha vida. Foi como se arrancasse uma parte de mim, não consigo me concentrar em nada que Eric e Quatro estavam dizendo eu só sabia gritar e chorar, então vejo o olhar interrogativo que Quatro lança a mim e ao Eric. Sinto os braços de Eric me levantando e me tirando da maca, ele me paga no colo e eu passo meus braços por seu pescoço, e ele nos tira dali, eu não vejo mais nada depois disso.
Acordo deitada em uma cama, sinto um braço por cima de minha cintura, e outro em baixo da minha cabeça, sinto o calor de um corpo atrás do meu e já sabia bem onde estava, analiso o quarto bagunçado de Eric e suspiro nervosa antes de virar meu corpo de encontro ao dele, estava com vergonha pelo que ele possa ter visto e pelo meu escândalo mais cedo.
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Flames - Eric ( A Saga Divergente)
FanficÉ o dia da escolha e a filha de Jeanine Matthews tem uma decisão importante a tomar.