Sinto outro jato de vômito chegando e o jogo dentro da privada, estava botando pra fora todo o jantar, sinto que finalmente terminei e dou descarga, me levanto do chão antes que Eric me visse assim, escovo meus dentes na pia e jogo a água gelada no meu rosto. A dias tenho me sentido assim, fraca. Vômitos, pressão baixa, sono excessivo. Suspiro ao passar a toalha macia no meu rosto e abro os olhos vendo Eric encostado na porta pelo reflexo do espelho, ele caminha e se posiciona atrás de mim apoiando as mãos na pia, me encarando pelo espelho.
— O que aconteceu hoje?– ele pergunta finalmente — O que você tem?
— Eu não consigo mais fazer isso Eric.– confesso e abaixo a cabeça, observo nossas mãos lado a lado e me concentro nelas pra ser forte e não chorar, mas parece que os hormônios não ajudam.
— Não consegue mais fazer o que?– ele pergunta controlando a irritação na voz.
— Eu não quero mais ser culpada pela morte de ninguém.– olho pro espelho com lágrimas saindo dos olhos e ele me vira rapidamente e segura meus braços olhando prós meus olhos.
— Você jurou lealdade...–
— A você, e ao que nós dois sentimos um pelo outro.– digo por cima de sua fala e ele me levanta sem nenhum esforço e me coloca sentada na pia, encarando meus olhos um de cada vez e com seus braços ao meu redor apoiados no mármore. — Eu não sou como vocês, não posso viver com isso. – ele abaixa a cabeça evitando me olhar.
— Quer desistir de tudo e ir embora agora? Nós vamos.– ele pergunta ainda com irritação na voz
— E você vai viver bem sabendo que o Quatro vai ganhar essa de novo e pode ir atrás da gente?– jogo sem querer na cara dele, e ele sai de perto de mim irritado
— Ele não vai ganhar!– ele fala alto
— Já deu dessa sua birra de criança com ele Eric, ele sempre ganha.– ele da um murro na porta perto da pia e eu me assusto com o ato, sinto minhas lágrimas com mais intensidade.
— Então você vai embora sozinha.– ele diz decidido e tenho certeza que essa ideia não era a que ele queria — Vai e me espera até eu matar ele.
— Eu não vou deixar você.– digo com convicção e ele solta uma risada nasal
— É isso que você quer, eu vou vencer essa e depois decido se vamos ficar juntos ou não.– ele fala quase em desespero e eu perco a paciência.
— NÃO É ISSO QUE EU QUERO!– grito com raiva das insinuações dele
— ENTÃO O QUE É?– grita por cima
— EU TÔ GRÁVIDA DROGA!– grito mais alto e ele paralisa por um tempo, eu solto o ar que nem percebi que estava prendendo e sinto o vômito subir pela minha garganta, desço rápido da pia e volto até a privada jogando tudo lá, meu choro fica mais aguçado e começo a soluçar no processo. Eric fica parado vendo tudo, estático eu diria. Termino e me sento no chão perto da privada apoiando meu corpo na parede gelada — Diz alguma coisa por favor – ele sai de um transe depois que escuta minha voz e abaixa perto de mim.
— Arruma suas coisas, ainda tenho mais uma missão amanhã com Max e depois disso vamos embora.– ele simplesmente ordena
— E pra onde vamos?– pergunto e ele levanta e sai do banheiro — ERIC!
Levanto assim que Eric sai do nosso pequeno apartamento pra resolver seus assuntos e encerra-los, e demoro pra assimilar pra mim mesma tudo o que aconteceu desde ontem. Eu ainda tinha algumas dúvidas mas a certeza era quase completa, eu estava grávida, sabia sobre alguns sintomas e o resto descobriria depois. Observo todas as nossas coisas e decido que vou levar pouco delas, e só as arrumarei de noite. Coloco uma roupa qualquer e arrumo meu cabelo, coloco minhas botas e a arma no meu coldre, eu precisava ir até a Franqueza e avisar a todos que eu não poderia mais ajudar e dizer Adeus. Depois que sair desse lugar eu não pretendo mais voltar, e pra ser sincera nem ligo pra quem vai ganhar ou quem vai perder, queria que Eric também não ligasse pra isso mas eu o conheço e sei o sacrifício que ele está fazendo pra nos manter seguros.
Pego o trem e desço minutos depois na Franqueza, encaro o grande prédio a minha frente e entro encontrando de cara com Christina.
— Mary!– ela diz animada e me abraça — Você engordou.
— Obrigada por notar.– solto um riso e ajeito minhas roupas pra ninguém mais notar — Estão todos aqui?
— Todos conseguiram chegar graças a sua ajuda, mas ainda somos poucos.– Uriah diz chegando perto de nós e o cumprimento com um aperto de mão. — Obrigado por tudo e por convencer Max de nos deixar ir livremente.
— Vocês tinham o direto de escolher, depois do que eles os submeteram a passar.– digo me sentindo culpada pela confusão que minha mãe causou, depois que eles acordaram da simulação eu convenci o conselho de os deixar livre eles aceitaram mas com a condição de que eles não atacassem a Erudição. — Eu vim avisar vocês que não vou mais conseguir ajudar. Estou indo embora e não tenho previsão de volta.
— Pra onde vai?– Christina pergunta curiosa mas ela mira em algo atrás de mim e sorri abertamente, ela sai correndo e eu sigo o olhar até ver Triz e Quatro chegando perto do prédio, todos da Audácia vão cumprimentá-los.
Demoro um pouco até criar coragem e ir até eles, desço as escadas e caminho até parar.
— É bom ver vocês vivos.– digo e Triz me dá um abraço que eu retribuo
— Obrigado, eu acho.– Quatro diz rindo — Está aqui em missão? – ele pergunta preocupado e troca um olhar com a Triz
— Não, e Eric não veio comigo se é o que te preocupa – digo de imediato
— Nós soubemos o que fez por essas pessoas. Obrigada.– Triz diz e eu sorrio
— Era o mínimo que eu podia fazer depois de tudo.– digo e ela assente
— Mesmo assim já foi muito.– ela segura minha mão e aperta. Nós entramos no prédio comigo sendo cuidadosa pra não ser pega por nenhum soldado da Audácia ou da Erudição ali.
— Tem quantos da Audácia que você resgatou?– Quatro pergunta
— 175 no total.– digo e ele me olha incrédulo — Eu sei que é pouco, o resto seguiu o Max, demos a decisão na mão deles. Se quiser retaliação precisa de mais.
— Não...– somos interrompidos por seguranças da Franqueza, eles apontam as armas para Triz e Quatro
— Estão com a gente.– digo tentando amenizar as coisas mas eles não ligam
— Sabemos quem eles são.– o segurança diz e eu mando um olhar de conforto ao Quatro fazendo ele abaixar a arma e Triz também. Eles são levados para falar com o líder da Franqueza.
E eu decido esperar para saber no que vai dar, Chris chega perto de mim com medo.
— O que será que vai acontecer com eles?– ela pergunta receosa
— Eles não vão poder ficar aqui, o líder provavelmente vai manda-los para a erudição.– presumo
— Você está muito exposta, vamos pra um lugar onde não te vejam.– ela pega minha mão e me leva até uma sala onde só estavam soldados da Audácia.
Demora um pouco até que o líder da Franqueza determina que Triz e Quatro serão julgados ali mesmo com o auxílio do soro da verdade, é aplicado neles e Quatro conta toda a verdade por trás do ataque que minha mãe fez a Abnegação, e Triz acaba revelando que atirou e matou Will enquanto ele estava na simulação do soro da Erudição. Eu passo o dia todo ali tentando consolar Chris, pois ela era namorada do Will os dois se apaixonaram na audácia e eu consolo ela.
— Não foi culpa dela, você sabe disso.– digo passando a mão nas costas da Chris enquanto ela chora — Foi culpa da minha mãe.
— Eu não culpo a Triz.– ela diz secando o rosto com as mãos — Ela nos salvou de fazer algo pior, mas eu gostava dele.
— Mas o amava?– pergunto e ela não consegue responder
— Não tive tempo pra notar isso.– levanto da mesa assustada ao ouvir barulhos de tiro — É a Audácia? O Eric iria vir pra cá hoje?
— Pelo que eu sei não.– digo com medo, alguns soldados entram e eram sim da Audácia eles atiram sem perguntar nada, é a última coisa que lembro e eu caio no chão desacordada.
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Flames - Eric ( A Saga Divergente)
FanfictionÉ o dia da escolha e a filha de Jeanine Matthews tem uma decisão importante a tomar.