O mundo está bagunçado

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A vista estava linda do lado de fora, só até chegarmos no limite da floresta. O terreno parecia avermelhado, com crateras e um líquido que parecia sangue.

— Uau.– digo ao ver o terreno

— Essa cratera parece radioativa.– Caleb diz e é a primeira vez que escuto sua voz desde que saímos.

— Era isso que esperava careta?– Peter pergunta a Triz e eu reviro os olhos

— Eu já posso dar um tiro nele?– pergunto séria e Christina ri — Já estamos do lado de fora, ninguém vai ligar.

— Como você sabe sobre a gravidez dela?– Christina pergunta, enquanto nós continuamos caminhando.

— Ela não é muito discreta.– Peter diz e é simples assim. Vejo Triz e Quatro trocando olhares de novo, como se estivessem se comunicando mas não ligo.

Começo a sentir pingos de chuva e olho para minhas mãos, parecia sangue caindo do céu.

— O céu tá sangrando.– Peter diz e Quatro leva o olhar até um lugar coberto, não sabíamos o que a chuva poderia causar ainda.

— Vamos ali.– ele diz e nos guia. A chuva fica cada vez mais intensa, e nós corremos para nos abrigar.

Se passam algumas horas e nada da chuva cessar, abraço meus braços com frio estava encharcada e isso fez com que a camiseta larga que eu estava usando colar no meu corpo mostrando o protuberância da minha barriga, vejo olhar de Caleb sobre mim e fico o encarando até ele desviar. Escuto Triz e Quatro cochichando e vou até eles sorrateiramente.

— Ela não está segura como pensávamos, temos que levar ela de volta e...– Triz o corta

— Se acharmos o lugar que estamos buscando ela pode ter recursos, pode descobrir de quanto tempo está e o sexo do bebê...– eles descutiam sobre mim

— Ela precisa saber a verdade...– franzi a sobrancelha confusa e os interrompo

— Verdade? Que verdade?– digo alto o bastante para todos darem atenção a nova conversa — Do que estão falando? – eles trocam olhares e demoram pra responder.

— A verdade é que se não acharmos o lugar, nunca vamos voltar, e podemos morrer aqui fora. Ou voltar e morrer lá dentro. – Triz explica toda embolada e gaguejando — E não sabíamos que estava grávida, agora é uma vida a mais. – acabo entendendo onde queriam chegar e suspiro cansada.

— Eu entendo, mas se aquela mensagem estava na caixa, alguma coisa tem aqui fora né?– pergunto e Quatro vem até perto de mim.

— Tem que ter algo.– ele encara Triz e sai de perto de nós. Eu cruzo meus braços e saio dali também.

Quando a chuva passa e nos sentimos seguros para seguir nós saímos andando, andamos ao menos por algumas horas até ouvirmos o barulho de um motor.

— Vocês ouviram?– Caleb pergunta e Triz sorri

— Vieram nos buscar.– ela diz esperançosa e então um carro pula por cima do buraco onde estávamos, Edgar nos avista e corre atrás de nós.

— É o Edgar corram!– nós corremos como se nossa vida dependesse disso, e realmente dependia.

E o carro aparece na nossa frente, Quatro para e começa a atirar e nos manda correr. E é o que fazemos, Quatro consegue matar um deles e Edgar vem com o carro atrás de nós e atirando. Até que por um momento parece que os tiros dele estão acertando um campo de força na nossa frente e assim que ele se abre nós passamos por ele e tem muitos soldados de uniforme vermelho.

— O que é isso?– Caleb pergunta assustado

— Inacreditável.– Triz comenta e eu percebi as máquinas voadoras deles e as armas pareciam coisa de outro mundo.

— Não tenham medo, não tem com o que se preocupar agora, estão seguros. Bem vindos Quatro, Triz Prior é uma honra conhecê-los.– um dos soldados diz, parecia o comandante deles

— Como sabe nossos nomes?– Triz pergunta e ela parecia anestesiada.

Vemos o carro do Edgar ser explodido pelas máquinas e então eles fecham a barreira.

— Bem vindos ao futuro, estávamos esperando vocês.– encaro a Chris com animação e alívio e sorrimos uma pra outra.

— Nossos globos de plasma vão proteger vocês das toxinas.– ele diz e alguns drones param sobre nossas cabeças e lançam uma barreira só nossa que nos levanta no ar e nos posiciona em uma das naves.

Nós voamos e o mundo lá de cima parecia bem assustador, não paro de pensar por um minuto de que Eric adoraria isso. De longe podemos ver uma área verde naquele mar de sangue, um prédio alto, parecia uma cidadezinha. A máquina desce e os globos de plasma nos levam até aberturas, um dos caras diz que é para sermos limpos e descontaminados. Assim que o drone me deixa na cápsula ele sai e a porta atrás de mim se fecha, sinto meu coração descompassado.

— Você será descontaminada das toxinas que infestam nosso mundo.– uma voz estranha fala nós transmissores — Por favor retire as roupas e as insira na escotilha do insenerador. – dou de ombros e começo a me despir, jogo as roupas no fogo azul e só fico com o meu cordão no pescoço. — Por favor um passo a frente.– a voz pede e eu caminho pelo corredor escuro, outra porta se fecha atrás de mim — Coloque os pés na marca – vejo no chão uma marcação branca e me coloco dentro dela. O que parecia plasma começa a cair do teto, e vai até os meus pés em segundos se gruda no meu corpo e eu fecho a boca e os olhos, água limpa começa a cair levando todo o plasma e me lavando por completo. — Está limpa, por favor coloque o braço na abertura na parede. – coloco minha mão rapidamente no buraco e solto um gemido de dor ao ver a pequena tatuagem que queimou minha pele, era estranha, a toco e não sinto mais nada. Vejo uma toalha e roupas limpas mais a frente e me seco, me visto com as roupas brancas e largas e finalmente a cápsula se abre, saio e encontro os outros, Triz parecia estranhar tudo, Chris estava animada.

— Eu nunca me senti tão limpa na vida.– Chris diz com sua animação —Deixa eu ver a sua.– ela diz e toca meu braço vendo minha tatuagem e eu também vejo a dela que era diferente da minha, toco o braço de Triz e era como se a dela fosse completa

— Porque são diferentes?– pergunto e Triz da de ombros, acho que ela também não sabia.

— Foi a melhor ducha que eu já tomei.– Peter diz caminhando até nós.

— Você já tomou banho na vida?– pergunto fingindo surpresa e ele fecha a cara.

— Não comecem vocês dois.– Quatro pede e as luzes acima de nós se apagaram, um holograma surge de onde nós estávamos em pé e nós nos afastamos pra ver.

Era uma introdução de um homem explicando porque o mundo acabou, e o que eles eram e como surgiram. Tomei um susto ao ver um cara parado quando a explicação do holograma acabou.

— Agora sigam-me por favor.– ele diz e nós vamos atrás dele, são entregues a nós cobertores e algumas roupas e coisas de higiene. Nós entramos um um grande alojamento com muita gente que ficava encarando a Triz e o Quatro como se eles fossem ídolos. — A vida no departamento pode ser desgastante mas a obra vale o sacrifício, não temos todos os recursos que gostaríamos é claro mas vão achar suas acomodações satisfatórias.– ele explica e nós ficamos muito espantados com as crianças que vem até a grade e ficam nos admirando — Nós os resgatamos da margem e os criamos.

— Como sabem quem somos?– Quatro pergunta interessado e Triz só sabia sorrir

— O experimento que vocês chamam de divergente, é o foco do departamento. Nossa tecnologia de vigilância está séculos a frente de qualquer coisa que tenham visto em Chicago. Eles cresceram vendo vocês.– ele explica

— Não é nada estranho.– Peter dá um sorriso amarelo

— Não liguem se olharem demais, a chegada de vocês é um marco para nós.– o cara diz e vejo uma mulher me encarando, faço minha pior cara pra ela parar.

Flames - Eric ( A Saga Divergente)Onde histórias criam vida. Descubra agora