Três caminhos

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Termino de colocar tudo o que preciso na mochila e olho ao meu redor, o quarto todo destruído, eu não queria deixar nenhum vestígio de nós dois, nada que me lembrasse ele. Coloco a mochila nas costas e pego minha arma, saio do prédio da Audácia onde nós moravamos deixando pra trás tudo o que um dia eu sonhei, queria que esse lugar fosse minha casa, meu refúgio e não foi como eu pensei. Pego o trem pra chegar até a Erudição e rapidamente vejo o prédio branco. Sem pedir nenhum tipo de permissão eu vou até a sala onde minha mãe ocupava seu tempo com os divergentes que achamos, e quando entro nela escuto diversos gritos, uma cápsula grande e de vidro guardava a caixa e um divergente tentando abrir no que parecia uma simulação, encarei aqui enquanto caminhava até o centro da sala onde minha mãe estava.

— Querida.– ela diz quando me vê e corre pra me abraçar, não consigo retribuir seu abraço vendo o divergente estribuxando ele parecia estar com dor. — Eu sou sobre o Eric, sinto muito.– ela me aperta ainda mais e o nome dele me faz dispersar, ela me solta e segura meu rosto com as duas mãos. — Saiba que você sempre vai ter um lar aqui na Erudição, sua verdadeira casa. Eu já mandei arrumarem tudo pra você...– corto a animação dela

— Eu não vou ficar.– digo baixo e calma, ela me olha confusa — Eu vim te pedir mãe, por mim. Se me ama e amou ao meu pai, desista disso...– aponto para a pessoa que estava sofrendo para abrir a caixa.

— Filha, por muito tempo eu tentei te proteger deles. E agora com a mensagem dos fundadores tudo isso pode mudar, as pessoas verão...– a corto de novo

— Você não sabe o que tem naquela caixa! Ninguém sabe! – digo alto e suspiro tentando manter a calma — E se não for o que você espera?

— Mas será e me desculpe filha, eu deixo você ficar mas eu não vou desistir pelo que lutei a vida toda.– ela diz e essa era sua cartada final.

— Eu só vim pra dizer isso, e pra me despedir.– sinto meu rosto molhado novamente

— Vai ficar do lado deles?– ela exclama nervosa

— Porque? Vai me caçar também?– pergunto soltando um riso irônico — Eric me disse uma vez que eu tenho que escolher o lado vencedor, me desculpe mãe mas não é ao seu lado que eu devo ficar. – viro as costas para ela e sigo até a porta

— Assim que sair por essa porta, eu não serei mais a sua mãe.– paro ao ouvir isso e abaixo a cabeça, chantagem no nível que eu estou é ridículo. Nego com a cabeça e continuo andando até sair da sala, viro um corredor com lágrimas nos olhos e acabo esbarrando em alguém.

— Me desculpe.– peço e limpo o rosto, olho pro cara e vejo que é Caleb e fico confusa — O que faz aqui?

— Eu estou trabalhando.– ele responde como se fosse pra ser óbvio.

— Porque não está ao lado da sua irmã?– pergunto indignada

— Não entendo sua indignação, você esteve ao lado da Erudição todo esse tempo.– ele sorri

— Eu não estive ao lado deles, eu estava com o Eric.– respondo com raiva

— Ah claro, o namorado problemático.– assim que ele diz isso eu solto um soco com toda a minha força na cara dele e ele se desequilibra e cai no chão

— Nunca mais fale dele assim.– suspiro sentindo minha mão latejar — Eu fiquei ao lado de quem eu amo, você devia fazer isso também.

— Ela está ali, prendam-na.– escuto alguns soldados gritarem e corro deixando Caleb para trás.

Não acredito que minha mãe os colocou atrás de mim, atiro em alguns pra conseguir sair do prédio e eles me seguem até eu conseguir pegar o trem. Quando consigo me sento no chão, e solto o ar tentando recuperar o fôlego, vejo algumas pessoas saindo do vagão escuro e me levanto assustada mas pronta pra lutar até que me ligo de quem eles eram.

— Sem facção.– sussurro pra mim mesma

— Oi pra você também gatinha.– Um cara de moicano baixo diz, ele parecia alguém ruim — Essa aqui é nossa carga.

— Eu não quero sua carga, estou procurando o Quatro e a Triz.– eles se encaram e o cara sorri pra mim.

— Veio ao lugar certo.– ele sorri e abre os braços, reviro os olhos e me sento denovo me sentindo mais cansada que o normal.

Tinhamos que pular com o trem em movimento, sabendo sobre a gravidez me preocupava fazer tanto esforço mas era preciso. Assim que pulei o cara chamado Edgar me guiou até a base deles, e me impressionei ao entrar e ver tanta gente, era enorme. Assim que cheguei no que parecia um pátio, vi Christina de longe ela corre até mim e me abraça com carinho, eu não aguento e deixo minhas lágrimas caírem.

— Mary.– escuto a voz do Quatro e fecho os olhos sentindo uma dor imensa no coração.

— Agora não.– digo baixo e ele insiste — Agora não Quatro!

— Eu vou levar ela pra tomar um banho e comer algo.– Christina o avisa e me guia até um dos quartos ali, ela enche uma banheira de água quente e me ajuda a tirar minhas roupas, entro na água e molho meus cabelos abraço minhas pernas sentindo algumas poucas lágrimas irem com a água, Chris esfrega minhas costas com uma bucha e sabonete. — Quero que saiba que estou aqui tudo bem?– assinto olhando pro rosto dela — Sou sua amiga e vou te ajudar no que precisar.

— Eu preciso de roupas largas.– peço baixa e ela me olha confusa — Eu estou grávida, e não quero que os outros saibam. – ela leva uma das mãos a boca surpresa

— Tá de brincadeira?– eu nego e ela sorri — Eu te abraço depois porque você está toda molhada agora – ela me tira um sorriso rápido — Ele sabia?

— Sim.– só de pensar nele minhas lágrimas se intensificam, olho para a água no meu corpo e choro — Nós tinhamos planos.

— Você sabe que ele era uma pessoa ruim. Não consigo sentir pena dele mas sim de você, porque você deve ter conhecido um Eric super diferente do restante de nós.– ela diz e eu assinto.

— Mas muita gente não vai entender isso.– mordo meu dedo indicador e sinto a água já ficando fria

— Eu vou pegar algumas roupas limpas e uma toalha, já volto.– ela avisa e sai do banheiro. Eu me deito na água e afundo sentindo vontade de sufocar ali mesmo mas me levanto ao sentir um pequeno tremor no ventre.

Flames - Eric ( A Saga Divergente)Onde histórias criam vida. Descubra agora