0.7

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Ela não estava pronta pra encarar Adora.

Essa foi a primeira coisa que Catra constatou ao descer da moto e ver o carro dela no estacionamento.

Uma coisa era provocar pelo telefone.

Outra era encarar o rosto dela e perceber que era a mesma mulher que praticamente impôs que as duas almoçassem juntas. A mesma mulher que desejava enfiar a língua na sua boca, ou em qualquer outro lugar que ela quisesse.

Droga, a mesma mulher que amava desde que percebeu o que era o amor.

Puta que pariu.

Foi direto pro seu prédio, afinal sua primeira aula era de História da Arte, e sinceramente não estava com psicológico pra assistir. Mais um motivo pra prestar mais atenção e não ter que reforçar depois.

— Eu não acredito, você ia mesmo fugir como uma gatinha assustada! — a voz feminina e carregada de humor a fez se virar bruscamente.

Adora estava parada ali, encostada na parede em frente a porta da sua sala. Catra queria sumir, porque mesmo entrando na sala 15 minutos antes da aula começar, ainda assim não se livrou da loira.

Era tão difícil assim conseguir mais um tempo, pelo menos até o almoço?

A morena não sabia o que fazer... passou tanto tempo renegando e escondendo o que sentia. Demonstrar o quanto a amava, o quanto a queria, parecia tão certo e tão errado ao mesmo tempo.

— Hey, Adora... — sorriu frouxamente, se aproximando minimamente da loira. — Como sabia onde me encontrar?

— Você visualizou minhas mensagens e não respondeu — Adora ergueu uma sobrancelha loira, ignorando propositalmente a tentativa dela de desviar o assunto que viria.

Catra suspirou, tentando pensar em alguma coisa, então observou a postura da mais alta. Usava uma camisa branca, com os primeiros botões abertos formando um decote discreto, mas atraente, e as mangas estavam dobradas até os cotovelos, marcando a silhueta dos músculos, já que os braços estavam cruzados. O jeans era básico como o All Star preto. Os cabelos dourados estavam presos em um rabo de cavalo desleixado e só um gloss enfeitava seus lábios.

Como ela conseguia ser tão linda em plena manhã de sexta-feira?

— Catra? — a voz de veludo a tirou de deus devaneios, o que a fez olhar nos olhos azuis cintilantes da mais alta. — Tudo bem?

— Tudo sim. Desculpa por não responder... isso é novo pra mim.

— Mensagens de bom dia?

— Não, Adora — ela fez careta, desviando os olhos bicolores. — Ser correspondida. Saber que a outra pessoa me quer como eu a quero.

Olhou de volta para Adora, que sorria, o que a fez sorrir também.

Se permitiu relaxar a postura, e logo sentiu as mãos grandes e quentes da loira nas suas.

— Vou te deixar entrar pra aula, mas você tem que me prometer uma coisa.

— O quê?

— Não vai fugir de mim no almoço — Adora ajeitou um cacho do cabelo dela atrás da sua orelha, e sorriu de lado. — Nós temos um assunto pra tratar.

— Eu prometo — uma Catra muito corada sorriu de maneira quase fofa. — Te vejo no almoço.

A loira pensou em se afastar, mas em vez disso segurou a cintura da mais baixa, aproximando seus corpos. Se inclinou ligeiramente, e, de surpresa, pressionou os lábios contra os da morena, antes de finalmente a soltar e sair pelo corredor sem falar mais nada.

↬ʟᴜᴄᴋʏ sᴛʀɪᴋᴇ • ᶜᵃᵗʳᵃᵈᵒʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora