↬ʟᴜᴄᴋʏ sᴛʀɪᴋᴇ • ᶜᵃᵗʳᵃᵈᵒʳᵃ

1.1 - Especial

Doze anos antes.

Idade: 7

A garotinha observava todas as outras crianças brincando ao ar livre, enquanto se sentava bem longe delas. Ali no cantinho escondido, seria bem mais difícil que alguma delas percebesse sua presença e viesse lhe incomodar.

Bom, era o que ela achava.

— Oi — uma menina, aparentemente da sua idade, se sentou ao seu lado. Reconheceu o rosto branquinho e o cabelo dourado (preso em um rabo de cavalo alto). Era uma das suas colegas de sala. Não respondeu. — Você é a Catherine, não é?

— Sou. — o tom baixo e relutante não escondia a timidez.

— Eu sou a Adora — a loirinha disse, com um sorriso banguela. — Você se esconde aqui por que?

Catherine se encolheu, abraçando os joelhos e escondendo o rosto entre eles.

— Da Gina e a turminha dela — murmurou. — Eles ficam rindo da minha heterocromia.

— Heterofobia? — Adora inclinou a cabeça pro lado.

— Não, não — Catherine riu. — He-te-ro-cro-mi-a — silabou, pacientemente, com um sorriso frouxo. — É o que faz meus olhos serem de cores diferentes.

Adora a observava com afinco, encarando seus olhos, sua pele, seu cabelo cacheado e cheio. Ela tinha olhos azuis como água de piscina, o que fazia a morena pensar o quanto era estranho aquela menina bonita e perfeitinha estar ali, conversando com ela. Mas que isso não parasse, por favor...

— Eu não vejo a graça — falou, por fim.

— O quê? — a cacheada se virou, confusa.

— Não vejo a graça de ficarem rindo dos seus olhinhos diferentes. — Adora deu de ombros, simplista. — Eles são lindos. Você é uma menina linda. Diferente da Gina, que é feiosa e burra.

Catherine se sentiu corar até o último fio de cabelo. Ninguém nunca tinha a elogiado assim... ninguém além do seu pai, e ele havia morrido no ano anterior. E Adora, quem acabara de conhecer, estava ali, dizendo que era bonita. Sorriu tímida.

— Você também é bonita, Adora — disse, baixinho.

— Quer ser minha melhor amiga? — Adora perguntou, com um enorme sorriso.

— Quero... mas como é ser uma melhor amiga? — Catherine piscou, confusa.

— Eu não sei, mas meu irmão, Adam, sabe, ele tem muitos amigos — a loirinha riu. — Eu posso te chamar de Catra? — suas bochechas brancas coraram. — É que Catherine é loooongo. E gatinhos também tem Heterofobia!

A moreninha riu alto, negando com a cabeça.

Ficaram em silêncio uns minutos, observando as outras crianças lado a lado.

— Hey, Adora — chamou pela nova melhor amiga, escutando um resmunguinho fofo. — Você pode me chamar de Catra.

[...]

Oito anos antes.

Idade: 11

As duas meninas corriam pelos corredores da escola, em direção ao pátio. O intervalo tinha começado, e elas estavam ansiosas por saberem se Adora tinha passado para o time de vôlei. Havia feito os testes na semana anterior, e as duas simplesmente não conseguiam segurar a euforia.

Assim que chegaram no quadro de avisos, se apoiaram nos joelhos, recuperando o fôlego.

— Olha e me diz se eu passei — Adora se endireitou e tampou o rosto, fazendo Catra rir.