1.9

684 102 169
                                    

Adora acordou num sobressalto.

Os pesadelos nunca iam embora, mas pelo menos agora conseguia distinguir da realidade.

Sentiu a mão macia cobrir a sua, e olhou, reconhecendo as unhas pintadas de preto, enquanto seus dedos se entrelaçavam.

Tentou focar no seu rosto abatido, vendo o quanto parecia inchado. Provavelmente pelo choro.

— Eu não vou perguntar como foi — garantiu, apertando a mão da namorada. — Queria poder jantar aquela vadia no soco. De preferência até a morte.

Catra conseguiu dar uma risada frouxa, soltando o livro sobre arte renascentista, e se sentando na beirada da maca pra fitar a loira. Eram dez da noite, e Adora parecia tão serena... tão em paz. Fazia tempo que não a via assim.

Apesar do rosto bem mais magro do que costumava ser, a pele bem mais pálida, as olheiras escuras e alguns poucos hematomas já amarelados, quase sumindo, Catra se viu ainda mais apaixonada por aquela mulher.

— Eu não quero que você a mate, Adora — sorriu, acariciando seu rosto. — Se você matá-la, será presa, e se você for presa, vamos ficar separadas, tipo, pra sempre. Eu não posso permitir que você fique longe. Não posso viver sem você.

— Catra... eu jamais te deixaria. Não de propósito. Sabe... o motivo de eu querer te fazer aquela surpresa... eu tinha me decidido.

— Sobre?

— Alemanha — a menção ao país fez a morena ficar tensa, mas os olhos azuis de Adora brilhavam como lagos calmos e límpidos. — Eu ia propor que você fosse comigo. Se você não aceitasse, eu também não iria. O mesmo estágio que me foi oferecido lá, eu posso fazer aqui. Eu não preciso ir. E não quero estar onde você não esteja.

— Adora... — os olhos coloridos da menor estavam marejados, e ela fungou. — Você é tão boba...

— Eu sei... eu sou completamente boba por você — o primeiro sorriso amplo e verdadeiro, em semanas, cortou o rosto da loira naquele momento.

— Você não entende, não é? — Catra sorriu por entre as lágrimas. — Eu te amo, Adora. Eu sempre amei. Então, sendo egoísta, só dessa vez, eu te peço pra ficar comigo.

— Eu também te amo, Cat — a expressão de Adora ficou concentrada, e ela respirou fundo. — Se não for pedir muito... será que você poderia me beijar, tipo, agora?

A morena limpou as lágrimas do rosto, assentindo, e então se inclinou delicadamente sobre a namorada, mantendo uma distância segura pra ambas. Tocou os lábios dela com os seus, devagarinho, quase sem fazer pressão.

Adora levou a mão livre até seu rosto, fazendo carinho com tanta suavidade que Catra suspirou.

Se separaram segundos depois, os olhos conectados e sorrisos bobos.

— Eu sou tão boiola por você — a loira murmurou, vendo Catra corar de leve.

— Eu sei, você é muito gay — riu a baixinha. — Senti sua falta, sabia?

— Desculpa. Vamos... superar isso tudo, juntas, okay? — Adora ergueu o dedo mindinho, o qual a outra envolveu com o próprio.

— Você promete?

— Eu prometo. — puxou a mão da namorada e beijou o torso, sorrindo. — Deita aqui comigo? Eu sinto falta de mexer no seu cabelo...

Catra suspirou, assentindo, e se deitou com ela, aconchegando-se contra seu corpo e sentindo os braços dela a envolverem.

Não demoraram muito a dormir, e aquela foi a melhor noite de sono que ambas tiveram desde que aquele pesadelo começara.

[...]

Dois meses depois

Adora acompanhava de perto o andamento do seu caso, indo conversar com os investigadores sempre que era chamada. Começara também a participar de um grupo de apoio à vítimas de violência sexual, onde as integrantes dividiam seus traumas e tentavam se recuperar deles com a terapia grupal. Não era nem de perto uma tarefa fácil, mas aos poucos as coisas iam ficando mais suportáveis.

Catra passou a ir nas reuniões com ela, já que aconteciam à tarde, e isso aproximou ainda mais as duas.

Em contrapartida, Adora tentava se adaptar de novo à rotina da faculdade. Era um pouco complicado, já que a presença de homens por todos os lados a deixava desconfortável às vezes. Mesmo assim valia o esforço.

Aos poucos, ela ia tentar superar tudo o que aconteceu.

— Hey, Adora... — levantou os olhos da planta que desenhava ao ouvir a voz da namorada.

Catra acabara de entrar no quarto “delas” na mansão Grayskull. Não é como se Adora tivesse lhe dado muitas opções. Ou ela se mudava pra lá, ou ela se mudava pra lá.

Na verdade, a morena tinha o próprio quarto. Mas ele só fora usado por ela na primeira semana. O motivo: Adora teve uma crise de ansiedade em uma madrugada, e Catra foi a única que conseguiu acalmá-la. Desde então, dividiam o mesmo quarto. Quase todas as roupas dela estavam no closet da loira, mesmo.

De primeira, Catra se sentiu um peso pra família. Mas, aos poucos, foi percebendo que muita coisa ficou muito melhor depois de se mudar pra lá. Não se sentia mais sozinha, não ficava com mau-humor frequentemente, se sentia mais segura e totalmente acolhida. Se sentia, finalmente, em paz. Sentia que pertencia a alguma coisa.

— Como foi no bar, hoje? — Adora se virou e sorriu.

— Foi normal — a morena se aproximou dela, lhe dando um selinho. — São três da manhã, por quê ainda está acordada, hum?

— Não consegui dormir. Então resolvi adiantar um projeto.

— Um projeto, é?

— Uhum — a maior a puxou pro próprio colo com delicadeza, a deixando um pouco espantada. — É uma casa. A nossa casa.

— Isso soa muito interessante — Catra sorriu. — Quer dizer que podemos fazer planos à longo prazo...

— Quantos pudermos — Adora ajeitou a mulher em seu colo, de modo que ficasse com uma perna de cada lado do seu quadril. Suas mãos (ainda não tão fortes quanto antes) seguravam a cintura dela com firmeza. — Eu quero construir um futuro com você. Porque você é minha razão de viver, Catra. Você é a minha razão de continuar lutando. Seu sorriso, sua companhia, seu calor, seu amor... tudo em você faz valer a pena. Eu te amo.

— Essa foi a coisa mais linda que você já me disse, depois do seu pedido de namoro, claro — Catra abraçou o pescoço alvo, sorrindo bobamente. — Você é tudo pra mim, sua boba. Todos os meus motivos pra sorrir vem de você. Mas você está proibida de me pedir em casamento.

— Só por que eu já tinha isso em mente... você é tão injusta — a loira fez biquinho, esse que foi mordido pela outra.

— Eu vou te pedir em casamento quando você menos esperar... isso é uma promessa.

— Spoiler: a resposta vai ser sim.

As duas sorriram e se beijaram ternamente.

Ainda tinham um longo caminho a trilhar... mas continuariam fazendo isso juntas. 

°·..·°¯°·..· 🌈 ·..·°¯°·.·°
O AMOR É FEITO DE PAIXÕES
E QUANDO PERDE A RAZÃO
NÃO SABE QUEM VAI MACHUCAR
QUEM AMA NUNCA SENTE MEDO
DE CONTAR OS SEUS SEGREDOS
SINÔNIMO DE AMOR É AMAR

Alguém tira de mim minha playlist sertaneja, peloamordeus...
Ultimamente eu ando me consumindo de Girl in Red e Chitãozinho e Xororó...

Enfim, FINALMENTE ESTAMOS EM DIA COM O WATTPAD TBM.
Espero que os mimos tenham sido bons
OS DIAS DE GLÓRIA VIERAM, AMÉM PESSOAS.

Que vcs tenham uma ótima noite.

Pela honra de Gayskull,

Applesauce saindo 🍎💋

↬ʟᴜᴄᴋʏ sᴛʀɪᴋᴇ • ᶜᵃᵗʳᵃᵈᵒʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora