Fazia dois anos que Alex morava em um duplex charmoso e aconchegante no Brooklyn com a sua esposa, a professora universitária Dra. Kelly Olsen, docente de Psicologia na NYU.
As duas se conheceram há três anos, quando Kelly, recém-chegada de Los Angeles, onde morava até então, ainda tentava uma vaga de professora efetiva na Universidade de Nova York. Elas se viram em um bar e, depois de alguns drinques, já estavam aos beijos no banheiro feminino. Apesar da forma pouco romântica com que entraram uma na vida da outra, o amor acabou nascendo de uma maneira muito bonita entre as duas e o namoro durou apenas um ano antes que se casassem.
Apesar de amar o trabalho no Vita e adorar passar horas dentro do laboratório desenvolvendo suas pesquisas, Alex apreciava ainda mais voltar para casa e encontrar a esposa, geralmente envolvida com o preparo do jantar, esperando-a.
Naquela noite, o cenário que viu não foi diferente, porém, a cientista estava menos feliz do que nos dias anteriores. A conversa que tivera com Kara no instituto, quando percebeu o evidente interesse da amiga na moça que Clark acidentalmente atropelou, fez com que Alex ficasse preocupada. Queria estar enganada, mas previa problemas.
Kara era a pessoa mais dedicada ao trabalho que a cientista conhecia. Quando Alex começou a estagiar no Vita, Kara era apenas a assistente da mãe, Dra. Cat Grant, à época presidente do instituto. Mesmo assim, Alex jamais havia visto a amiga perder um compromisso, o menor que fosse, ainda mais uma reunião importante com o conselho.
A cientista ficaria mais tranquila se soubesse que Kara nunca mais veria essa moça novamente, mas ouviu muito bem quando a amiga falou de um quadro danificado que pretendia ressarcir. Então sabia que isso seria muito improvável. Esperava que tudo não passasse de exagero da sua parte, mas era uma sequência de fatos estranhos demais para que pudesse ignorar.
Antes mesmo de Alex fechar a porta, já sentiu os braços da esposa ao redor de sua cintura e se virou devagar para encará-la. Kelly lhe sorriu docemente e, em seguida, beijou-a com delicadeza.
— Você parece preocupada, amor... Aconteceu algum problema no Vita? — Kelly comentou, notando a expressão abatida da esposa.
Alex soltou um longo suspiro, antes de responder: — Não, amor... — mostrou um sorriso fraco — Apenas precisei ficar um tempo a mais, preenchendo relatórios que Kara não parava de me cobrar desde a semana passada — aquilo não era de todo uma mentira, realmente ficara as últimas três horas envolvida com a parte burocrática do seu trabalho, embora Kara tenha passado o resto do dia evitando-a e sem lhe pedir nada, muito menos que preenchesse relatórios.
— Bom, então já que está tudo bem, que tal jantarmos? Fiz risoto de cogumelos e rúcula — mencionou Kelly, deixando de lado o tópico "trabalho".
— Adoro seus pratos vegetarianos... Vou apenas ao banheiro lavar as mãos e já volto! — Alex beijou a ponta do nariz da esposa.
Minutos depois, elas já estavam sentadas à mesa e o único barulho que se ouvia era dos talheres riscando a louça dos pratos. Kelly, estranhando o comportamento distante de Alexandra, que geralmente lhe fazia um resumo do seu dia nesses momentos, decidiu retomar à conversa que haviam tido há pouco:
— Tem certeza que não há nada te incomodando? — olhou atentamente para a esposa, já preocupada com a ausência de palavras dela.
Alex, percebendo a inquietação da outra, decidiu falar: — Na verdade, há algo me incomodando sim. Mas não é nada comigo... Diz respeito a Kara.
— O que houve com ela?
— Nada! Ela só conheceu uma moça... — Alex disse muito baixo como se estivesse falando mais consigo do que para outra pessoa.
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Amonet [KarLena]
Science FictionPor possuir uma particularidade que a diferencia dos outros humanos, Kara Grant tenta se manter o mais reservada possível, evitando de todas as maneiras estabelecer vínculos duradouros com outras pessoas. Porém, numa manhã de segunda-feira, o destin...