Capítulo 12 - Sou uma, mas posso ser cem!

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Lena abriu os olhos devagar e encontrou a escuridão tomando o quarto. Tremeu, sentindo que o ar da noite ficara mais gelado. O aquecedor do loft, para variar, estava com problemas e, apesar de já ser verão no hemisfério norte, as madrugadas em Nova York, este ano, prometiam ser mais frias do que o esperado. Devia ser culpa do aquecimento global, do El niño, ou de outro fator meteorológico qualquer, que seguia enlouquecendo a temperatura no planeta.

A pintora sentiu uma respiração cadenciada em sua nuca e percebeu os pelos de seu braço se eriçarem mais ainda. Sorriu de prazer, recordando dos momentos intensos de paixão que desfrutara há poucas horas com Kara. Girou um pouco a cabeça e a viu relaxada, dormindo tranquilamente ao seu lado. Teve vontade de lhe acariciar o rosto, mas não queria acordá-la. Então se contentou em apenas observá-la, notando a beleza daqueles traços que poderiam despertar a inveja da própria deusa Afrodite.

Mas teve que parar a contemplação, no momento em que seu estômago reclamou, vazio. Lembrou que não jantara na noite anterior. Afinal, depois que Kara apareceu na porta do loft, Lena não teve mais nenhum pensamento que não fosse a própria CEO. Quis apenas se perder nos braços dela, enroscar-se no corpo quente, suave e se saciar nas carícias apaixonadas e nos beijos enlouquecedores de Kara... Ela tinha sido o seu alimento. Porém, agora que seus desejos estavam satisfeitos, sabia que precisava repor as energias, até porque aquela dor no abdômen só passaria depois que comesse algo.

Levantou-se devagar e sentiu o frio subir por todo seu corpo nu, quando pisou no chão gelado. Abraçou a si mesma, esfregando as mãos nos braços enquanto andava nas pontas dos pés, procurando algo para vestir. Achou um blusão folgado jogado em cima da banqueta da penteadeira e o pegou. Abriu a porta devagar, olhando para a cama onde Kara permanecia ressonando e saiu para a sala.

A luminária na mesinha, perto do sofá, ficou acesa, fazendo com que Lena logo vislumbrasse as roupas espalhadas pelo chão. Passou a recolher peça por peça, agradecendo silenciosamente por Ben ter saído no dia anterior para se encontrar com um dos seus namorados e ainda não ter voltado, pois não estava deitado no sofá-cama próximo da janela de vidro.

Ao recolher o casaco, Lena não resistiu a maciez e a calidez que emanava da peça, retirou o blusão e se envolveu com o cheiro de Kara, esquecendo-se momentaneamente do motivo que a levara a se levantar de madrugada da cama onde a dona daquele perfume permanecia dormindo.

Mas, ao se dirigir para a pequena cozinha quase no automático, lembrou, ao avistar a geladeira, o que fora fazer ali e logo a abriu, encontrando alguma coisa enrolada em papel alumínio com um bilhete preso em cima.

"Lena Luthor, me coma!"

— Te amo, Ben! — sorriu com a brincadeira do irmão.

O rapaz conhecia muito bem a fome noturna da irmã e quase sempre deixava uma refeição pronta para ela dentro da geladeira. Desta vez, era um sanduíche natural que a pintora tratou logo de devorar, tomando também um resto de suco deixado por ali.

Já alimentada, voltou para o quarto e ajeitou as roupas dobradas de Kara sobre a banqueta, menos o casaco que ainda a envolvia e que Lena parecia não ter intenção de tirar tão cedo.

Sentou devagar no leito, observando a fisionomia plácida da loira que, aparentemente, não despertara em nenhum instante que ela ficou longe. Aconchegou-se mais ao corpo da outra mulher e quase morreu de susto quando ouviu aquela voz enrouquecida perto do seu ouvido:

— Aonde você foi?— Kara questionou num tom ainda sonolento.

— Ah, notou que eu saí? — brincou, menos sobressaltada.

— De repente, senti frio. Acordei e vi que você não estava aqui. Pensei que tivesse sonhado com a noite de ontem — sorriu — Então, olhei um pouco ao redor e encontrei muita bagunça. Imaginei que só podia ser o quarto de Lena Luthor... Aí entendi que tudo tinha sido real.

Amonet [KarLena]Onde histórias criam vida. Descubra agora