(Flashback On)
Anos atrás...
Quando seu tumultuado e dependente relacionamento com Rhea chegou ao fim, Lena ficou arrasada. Por mais que fosse uma órfã, ela jamais soube lidar muito bem com o abandono. Talvez, justamente por isso, essa experiência lhe fosse tão traumática. E, em sua dor, buscou conforto no que não deveria: passou a beber regularmente e a arranjar brigas nos bares que frequentava.
O apogeu do seu comportamento autodestrutivo aconteceu quando, numa noite fria de inverno, alguém lhe ofereceu algo mais forte e mais viciante que o álcool. Mergulhada em sua experiência tóxica, Lena não hesitou. Ela sorriu e consumiu o que lhe era oferecido. O efeito da droga chegou muito rapidamente ao seu cérebro e foi tão intenso, tão fulminante, que durante quinze minutos, ela esqueceu-se completamente de Rhea, do abandono, da dor... E não demorou para sua dependência por Rhea ser substituída por outra, ainda mais destrutiva.
À medida que seu vício crescia, aumentava também o preço de sua "kriptonita". Pequenos objetos começaram a desaparecer da casa de Olivia, que já percebia o comportamento estranho da filha adotiva. Até Ben, naturalmente distraído, notou que sua irmã estava diferente. A dependência foi se descontrolando até que, numa certa manhã, um homem desconhecido bateu à porta da Sra. O.
Ele tinha uma cicatriz profunda perto do olho direito e a ponta de um crucifixo tatuado no peito surgia por baixo dos primeiros botões desabotoados de sua camisa.
— Lena está? — o sujeito perguntou, as mãos enfiadas nos bolsos da calça, os olhos inquietos, quando a mulher mais velha abriu a porta.
— Não. — Olivia respondeu, percorrendo de cima a baixo a figura estranha ali parada. — O que o senhor quer com ela? — quis saber, a testa franzida. Aquele homem não lhe inspirou uma boa sensação e, como qualquer outra mãe cuidadosa, Olivia não gostou de ver um tipo como ele perguntando sobre sua filha.
— Diga-lhe apenas que o Sr. Montana a procurou! — respondeu, forçando o sorriso e, sem maiores explicações, desapareceu rápido do campo de visão da mulher, aumentando a suspeita dela.
Mas, naquela manhã, Lena estava em casa, dormindo no sótão. Olivia apenas seguiu sua intuição quando mentiu para o homem. O Sr. Montana cheirava a encrenca e ela não diria nem sob tortura o paradeiro da filha. Então, sentou-se à mesa da sala e esperou Lena acordar.
Quando a moça desceu do sótão, já na tarde daquele dia, estava com os cabelos bagunçados, os olhos mortos, contornados por escuras olheiras. Tão magra e abatida, que podia se notar os sulcos proeminentes em seu rosto.
Olivia decidiu que era o momento de pressioná-la. Encheu-a de perguntas, falou da visita do sujeito mal-encarado. Lena, encurralada, ficou agressiva, disse que já era uma adulta e não devia explicações sobre sua vida à mãe adotiva. Até ter um lampejo de bom-senso e lembrar de tudo que Olivia tinha feito por ela e por Ben, desde que tirara os dois do orfanato na Irlanda.
Em prantos, falou sobre seu relacionamento doentio com uma mulher casada, chamada Rhea, e de como tudo acabara mal, com Lena sendo abandonada pela amante. Admitiu que o Sr. Montana era um traficante para quem já devia algum dinheiro e, por isso mesmo, estava escondendo-se do homem.
Olivia se prontificou a resolver a dívida, desde que a filha aceitasse fazer o tratamento de desintoxicação. A princípio, Lena disse que aquilo não seria necessário, pois seu vício estava sob controle. Então, a mãe fitou-a profundamente e esboçou um sorriso amargo. Depois, mencionou o sumiço do relógio de bolso feito de ouro que seu pai lhe deixara de herança e que, mesmo não funcionando mais, tinha valor sentimental para ela.
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Amonet [KarLena]
Ciencia FicciónPor possuir uma particularidade que a diferencia dos outros humanos, Kara Grant tenta se manter o mais reservada possível, evitando de todas as maneiras estabelecer vínculos duradouros com outras pessoas. Porém, numa manhã de segunda-feira, o destin...