Capítulo 13 - Dominique Renard, a francesa

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A partir deste capítulo começarão a aparecer as outras clones.

✓ Lembrando que essa história se passa em 2012.

(Paris, França)

Uma loira alta cruzava a passos rápidos a avenida, andando pela faixa de pedestres, parecendo bastante compenetrada. Em uma das mãos, ela segurava um pacote de compras, enquanto a outra estava enfiada no bolso do casaco que vestia. Naquele final de tarde de domingo, chovia um pouco na cidade da luz, por isso a moça levantara o capuz do abrigo. Mesmo assim, seu rosto estava levemente respingado pelas gotas d' água que caíam do céu cinzento.

Ela apressou ainda mais o passo e logo dobrou uma esquina, entrando na Rue Bouquet, uma viela estreita, ainda calçada com paralelepípedo, onde os prédios tinham um aspecto antigo, pois haviam sido construídos logo após a Revolução Francesa para abrigar a classe operária parisiense.

A jovem subiu uma leve ladeira até chegar no quarto prédio à esquerda. Empurrou o portão de ferro, fechando-o em seguida. Tirou o capuz e passou a mão nos cabelos, amarrados em um coque com franja, antes de alcançar um lenço no bolso do casaco para enxugar as gotículas de chuva em seu rosto. Então, começou a subir o primeiro lance de escadas, encontrando outra moradora descendo os degraus.

Bonjour, Dominique! — a mulher mais velha cumprimentou-a.

Bonjour, Madame Bouvier! É melhor levar um guarda-chuva... Está chovendo um pouco lá fora — alertou, ao vê-la saindo sem abrigo.

Merci! — a mais velha agradeceu, mostrando um sorriso enrugado.

Apesar de Mademoiselle Renard ser muito calada e discreta, a idosa achava a moça uma ótima vizinha, sempre educada e solícita... Diferente do jovem casal Delacroix que se mudara há poucos meses para o prédio e que, devido às brigas constantes, incomodava toda vizinhança, levando os moradores dos outros nove apartamentos existentes ali a cogitarem a possibilidade de fazer um abaixo-assinado para despejá-los do edifício.

Dominique também sorriu para a mais velha, pensando em como Madame Bouvier lembrava a madre superiora do orfanato onde crescera e vivera até completar 18 anos.

Distraída por essa lembrança, chegou em frente à porta do seu pequeno apartamento e retirou do bolso do casaco um chaveiro de biscuit em formato de uma pequena ovelha. Havia comprado aquele souvenir há exatos sete dias, quando um fato inusitado abalou sua pacata vida.

Abriu a porta e, logo, viu seu único amor deitado no pequeno sofá de camurça colocado perto da janela.

— Petit, mon amour... mamãe trouxe coisas boas para você! — disse, mostrando a sacola de compras.

De um pulo, a gata desceu do sofá e se aproximou de sua tutora, esfregando a pelagem preta nas pernas dela, ronronando de prazer.

— O que você tem a dizer sobre isso? — Dominique perguntou, olhando para baixo.

"Miau!", emitiu a gata, ladeando o pescoço com os olhos amarelos presos na sacola, como se entendesse a linguagem de "sua" humana.

Dominique deixou as compras sobre o balcão da cozinha e pegou uma vasilha no armário, despejando o molho com pedaços de atum dentro dela. Em seguida, inclinou-se, colocando o recipiente no chão, oferecendo a iguaria a felina que passou a devorá-la com avidez.

— Esfomeada! — brincou, fazendo um leve cafuné na cabeça da bichana — Mas não foi só isso que mamãe trouxe para você — lembrou, levantando-se e tirando um ratinho de brinquedo de dentro da sacola, deixando-o no chão perto da gata, que, por hora, não deu qualquer atenção ao mimo — Vamos chamá-lo de Cat! — exclamou, num tom debochado — Afinal, estamos fazendo um joguinho de gato e rato com a Dra. Grant, não é? — continuou conversando com a felina, como já era acostumada a fazer desde que a encontrara, ainda um filhote, abandonada perto de uma lata de lixo, faminta e assustada.

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