PoV. Seokjin
Todo o choro.
Toda a agonia.
Todo o medo.
Era demais para mim.
Passar por aquilo, ver aquilo, era sufocante.
Peguei Turmalina, meu gato branco, e me esgueirei pelas passagens secretas do castelo.
Não queria uma multidão em cima de mim, fingindo que se importavam com a minha dor, que entendiam a minha dor.
Eu só precisava sair dali.
Com uma capa preta sobre meu corpo e meu Elo bem preso entre meus braços, costurei um caminho entre as árvores da floresta e segui, me vendo cada vez mais distante do castelo.
Parei, olhando para trás.
O castelo era uma construção enorme e magnífica. Com seu ar de poder e força.
Mas era só fachada.
Quando você chegava perto, via as rachaduras. Porque até mesmo a pedra, tem seu prazo.
Minha família fingia ser um pilar, sem cambalear, sempre firme. Eu via a verdade, via a dor, o sofrimento, o fingimento e as mentiras.
E ali, parado na floresta, o sol começando a se erguer no céu, fiquei me perguntando, o que aconteceria se eu não ficasse. Se eu fosse embora, pelo menos por um tempo.
Desviei o olhar, voltando a andar. Porque se eu fosse, não sabia ao certo quão longe eu iria.
E nem mesmo se voltaria.
Turmalina pulou para o chão, seus pelos brancos sendo um contraste no chão de terra, com folhas secas e pequenos insetos.
— Os sinos vão ser tocados.
Com um sobressalto, olhei para o lado.
Relaxei quando distingui Taehyung encostado numa árvore.
Era um garoto de no máximo doze anos, com roupas simples e descalço. Sempre descalço. Os pés já acostumados com os obstáculos do chão da floresta.
— Você não deveria estar com os outros? - perguntou, inclinando a cabeça para o lado.
Neguei, baixando o capuz e deixando meu rosto livre.
— Não acho que alguém tenha condições de tocar os sinos, no momento.
Era uma tradição. Quando um membro da família real falecia, o rei, ou agora seu herdeiro, tocava os sinos, três vezes. Para avisar o povoado, de quem sofremos uma perda.
Para que isso acontecesse, todos os príncipes precisavam estar presente.
Mas eu tinha visto Sehun em choque, num corredor. Tinha visto Jongin se esgueirando para fora, como eu fiz, mas ele iria para o povoado, atrás de uma certa moça.
Taemin manteria seu silêncio, como sempre fazia quando algo ruim acontecia. E Jeonghan surtou, como sempre também.
— Você deveria chorar. - Taehyung comentou baixinho, tirando os fios escuros do cabelo, de perto dos olhos castanho claro - Ouvi que chorar faz bem para a alma.
Me joguei no chão, sentando de qualquer jeito e tendo Turmalina imediatamente em meu colo, se enroscando para dormir.
— Acha que ele merece minhas lágrimas?
Taehyung me imitou, sentando no chão com pernas dobradas.
— Todo mundo deveria receber lágrimas em sua morte. - o garoto comentou, cutucando um buraco em suas vestes.
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Game On | pjm + jjk | Jikook version
FantasyO antes de Never Enough O Reino do Sul está passando por tempos sombrios. O Rei está doente e com sua possível morte, toda a atenção se volta para o trono. Ele possui sete filhos. Sete herdeiros. Mas será que algum deles será digno de governar? ...